Edwards pretendido, Edwards pode chegar, Edwards pede para sair. Por estes dias este vai sendo o apelido que agita o mercado interno, com Sporting e Vitória envolvidos. Ele é Marcus Edwards, o extremo que Carlos Freitas foi buscar aos sub-23 do Tottenham, no Verão de 2019. O que faz deste inglês, calado (fora de campo) e explosivo (dentro das quatro linhas), tão especial para motivar o interesse do campeão nacional e em especial de um Rúben Amorim que nos tem habituado a ideias fixas, na hora de pedir jogadores?
A resposta estará certamente no desempenho do jogador e, tendo Edwards um currículo apreciável no futebol português (5015 minutos jogados e isto apenas na Liga Bwin), não nos falta conteúdo e pistas sobre as razões pelas quais o Sporting estará disposto a abrir os cordões à bolsa pelo internacional Sub-20 inglês. Sendo assim avançamos com cinco razões bons motivos para o Sporting pretender o concurso do inglês.
Edwards chegou, viu e… revelou-se
[ Chegou e foi revelação GoalPoint da Liga, em 19/20. E se o vídeo não chegar, os números mostram porquê ]

Os sorrisos são raros e as palavras ainda mais escassas, mas apesar da personalidade e da tenra idade, Edwards não só se adaptou muito bem a Guimarães, como fechou a sua primeira época como o melhor GoalPoint Rating entre os jogadores que se revelaram ao futebol português em 2019/20 (vide números acima). A viver a sua terceira época de Dom Afonso Henriques ao peito, Edwards é tudo menos um jogador que carece de adaptação à Liga lusa e isso contará, certamente (e muito), para Rúben Amorim no que toca a reforços pedidos para complementar as apostas de médio/longo prazo oriundas da Academia de Alcochete.
Em cerca de um terço dos golos do Vitória desde 2019
Antes mesmo de falarmos de dribles, conduções e outras artimanhas estatísticas, vamos ao que mais interessa num avançado: a relação com o golo. Nesse capítulo a folha de serviço de Edwards não deixa margem para dúvidas. Após duas temporadas e meia, Marcus participou (golo ou assistência) em 31,2% dos golos obtidos pelos “conquistadores” na Liga, durante os jogos e minutos em que esteve em campo. Ao todo o inglês somou 24 acções para golo (17 golos e sete assistências) e nestes números reside outra característica certamente do agrado de Amorim: Edwards é um extremo com golo, até mais do que assistência, rematando em média duas vezes por partida e concretizando cerca de 15% dos disparos que totaliza, a uma distância média de 17 metros da baliza. Nas duas épocas e meia em análise, e colocando de parte jogadores que alinharam pelos “grandes”, nenhum extremo puro somou mais acções para golo do que Marcus Edwards.
[ Condução, drible e golo: três predicados de Edwards num belo exemplo ]
Não sendo naturalmente um jogador de finalização no coração da área, Edwards apresenta ainda assim números que “encostam” muitos pontas-de-lança na hora de avaliar o acerto com que lida com a concretização de ocasiões flagrantes de golo. O pequeno inglês enquadrou 71% das ocasiões flagrantes que lhe passaram pelos pés, concretizando 57% dessas oportunidades.
Edwards é condutor, driblador e até bom marcador de cantos
A forma como desequilibra os adversários com a bola nos pés é, certamente, a característica que mais salta a vista a olho nu no jogo do inglês. Edwards recorre ao drible cerca de seis vezes por jogo com sucesso em 57% desses duelos individuais, números que fundamentam o porquê de ser uma dor de cabeça para qualquer marcador que lhe faça frente. O extremo opta ainda pela condução cerca de três vezes a cada 90 minutos, 92% delas verticais e 84% aproximativas. Ou seja: Edwards é uma preocupante seta apontada à área contrária.
[ Os números de Edwards comparados com o homem que muito provavelmente irá render no futuro ]

Os números de passes para finalização (1,4 p90) e cruzamentos de bola corrida (1,8) de Edwards não são “gordos”, mas há uma particularidade em que revela interessante frequência e acerto – a marcação de cantos – e certamente não serão apenas os seus 1,67 metros de altura a empurrá-lo para a cobrança. Não tendo sido sempre opção, a verdade é que em Portugal o inglês cobra em média 1,2 cantos a cada 90 minutos com quase 30% de eficácia, na hora de fazer chegar a bola a um colega. Ora se a isto somarmos a importância que os pontapés de canto têm tido na “receita” de Rúben Amorim, está encontrado mais um motivo para o treinador torcer pela chegada de Edwards a Alvalade. Ponto a melhorar? Sabendo-se que, com Amorim, o Sporting defende quase sempre logo à saída da área adversária, Marcus Edwards terá de mostrar serviço adicional, face ao ritmo que apresenta desde que chegou à Liga (1,9 acções defensivas p90).
O quinto melhor, desde que chegou…
Se filtrarmos os dados da Liga desde 2019 aos jogadores com uma minutagem representativa (mais de 3 mil) e retirarmos da equação os jogadores que alinham pelos “grandes”, apenas quatro jogadores apresentam melhor GoalPoint Rating do que Marcus Edwards (6.23). São eles Willyan Rocha (craque de outras funções), Samuel Lino, Ricardo Rocha e Wenderson Galeno, e dificilmente arranjará, de cabeça, cinco nomes que melhor respondam aos critérios referidos. O acerto do algoritmo apenas confirma a qualidade que Edwards tem demonstrado como figura maior do Vitória desde que chegou a Portugal.
[ As “fichas de serviço” de Edwards nas três edições da Liga que já leva ]
… e presença habitual nos “prémios” GoalPoint
De melhor em campo em diversas partidas da Liga a destaque maior nos habituais “33 magníficos” GoalPoint de cada temporada, Marcos Edwards tem passado tudo menos despercebido no nosso “radar”. E tendo em conta não só os nomes que o acompanham como também o facto de as nossas eleições não terem qualquer ponderação de escolha “humana”, a conclusão é simples: Edwards é um dos grandes destaques da Liga desde que chegou a Portugal.
O interesse do Sporting não espanta, o que surpreende será talvez a aparente falta de concorrência na “caça” a um dos talentos que por cá se afirmou de forma mais consolidada desde 2019. A antecipação do Sporting aos seus próprios desafios também já não surpreende, dado o trabalho de casa feito nas últimas janelas. Amorim sabe que deverá ficar sem o influente Sarabia e há muito que tem de estar preparado para um dia perder também o “Pote dos golos”. Caçar Edwards antes da tempestade parece ser o caminho.
Marcus Edwards 🏴: para quando uma petição para o nome que agita o mercado luso reeditar este estilo icónico?
Tudo o que já escrevemos sobre ele:
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