A primeira primeira volta da Liga NOS 2017/18 terminou, pelo que é hora de anunciarmos os melhores da prova até ao momento. Porém, antes ainda de revelarmos os 33 melhores GoalPoint Ratings, publicamos um conjunto de nada menos do que 20 “tops” individuais (sim, o nosso Antunes perdeu a cabeça), cobrindo um leque tão variado quão exclusivo de variáveis, relacionadas com todas as dimensões do jogo.
Antes de abrirmos as “comportas”, uma nota metodológica importante: todos os “tops” apresentados incluem apenas jogadores que tenham disputado pelo menos metade dos minutos de Liga NOS até agora jogados (765 ou mais), o mesmo critério que utilizamos na prometida eleição dos 33 melhores. Em alguns casos, de modo a garantir a relevância analítica, acrescentamos um segundo filtro, devidamente identificado nas notas que constam de cada “top” aqui publicado.
Mas chega de conversa nerd, está na hora de descobrir quem domina a produção da Liga até agora. Vamos ao Futebol! Percorra os próximos 15 temas e descubra os 20 “tops” que escolhemos para si.
A bola é deles
Estes são os homens que mais bola têm na Liga. Seja na hora de defender e destruir (desarmes, intercepções, recuperações, etc), seja na de construir e atacar (passes, remates, criação de ocasiões flagrantes, etc.), a bola passa por eles (ou eles procuram-na) mais do que quaisquer outros jogadores na Liga. Surpresas? Poucas. Para quem nos segue, talvez apenas uma, a do central vilacondense Nélson Monte, cujo papel extravasa muito, no Rio Ave (a equipa com mais posse da Liga, no final da primeira volta), a de um mero defesa de eixo com preocupações defensivas, como iremos confirmar noutro “top”, mais adiante.
Entre e em redor dos postes
Os guarda-redes são uma das posições em que a diferença entre “mundos” (o dos “grandes” e o das restantes equipas) mais se sente no plano estatístico. Dos guarda-redes das equipas que não lutam sistematicamente pelo título esperam-se muitas defesas (primeiro “top” da página) e, nesse domínio, a aquisição belenense Muriel viu chegou e venceu, ainda que com pouca margem dos restantes homens destacados (com menção especial para Quim, que rivaliza com os restantes do alto dos seus “tenros” 42 anos).
Já no que toca aos guardiões dos “grandes”, o importante é travar as poucas bolas que encontram o caminho das suas balizas, sendo a sua presença mais expectável no segundo “top” que apresentamos. Rui Patrício regressou ao seu melhor (no ano passado, por esta altura, não atingia os 70% de remates travados) e Bruno Varela acaba por apresentar um registo superior aos créditos que lhe atribuem (ainda assim abaixo do expectável num “grande”, que seria acima dos 80%).
A grande surpresa é, talvez, a ausência de José Sá deste “top” e nós explicamos: a aposta de Sérgio Conceição travou apenas 68,4% dos poucos remates que encontraram o caminho da sua baliza, um registo que o coloca num humilde nono lugar, mas que também enaltece o desempenho defensivo colectivo do FC Porto, a única equipa que atinge a primeira metade da Liga com menos de dez golos sofridos (9), mesmo tendo um guardião longe do registo expectável.
Uma das características que diferencia os guarda-redes é a propensão (e eficácia) como que saem dos postes, prontos a disputar a bola no solo, o que para muitos lhes vale a adjectivação de “loucos” do Futebol. Nesse capítulo brilham, sobretudo, Moreira (Estoril Praia) e Cássio (Rio Ave) que, apesar dos contextos diferentes das suas equipas, mostram especial apetência, coragem e qualidade na hora de resolver problemas fora da sua baliza.
Tens a bola, não tinhas?
No “top” da arte de desarmar o adversário esperamos encontrar sobretudo defesas, e até médios, mas poucos esperariam encontrar o extremo Fábio Martins neste lote, muito menos no segundo lugar do ranking. Imagine que é treinador… útil ter um extremo assim e que depois ainda marca e assiste a um ritmo acima dos demais, não é? Menor é a surpresa despertada pelos restantes nomes, sobretudo de Bebeto e Ricardo Pereira. O primeiro milita naquela que era uma das melhores defesas da prova até ao “desastre” de Alvalade. Já o segundo destaca-se tanto nas tarefas ofensivas como defensivas desde o início da prova, algo que, quem nos segue, sabe que não é para nós uma surpresa.
Despacha que é perigoso!
Sendo que toda a gente gosta de ver um jogador recuperar ou controlar uma bola, pronto a relançar a sua equipa, isso nem sempre é possível e, muitas vezes, tirar a bola da zona de perigo, seja com um pontapé ou de cabeça, é uma solução que evita maiores dissabores. Este é mais um “top” onde sobressaem homens do Marítimo (Zainadine e Dráusio), bem acompanhados por colegas de sector habituados a ter de sacudir a pressão do seu último terço, uma “arte” dominada sem surpresa por defesas-centrais (nos 26 primeiros classificados deste ranking apenas um não é central… é defesa-esquerdo).
Esse passe era para quem, amigo?
Outra “arte” defensiva muito importante é a de interceptar passes antes que estes cheguem ao seu destino. Sendo justo referir que nem sempre o sucesso advém do mérito do interceptor, mas sim do demérito da execução do interceptado, a verdade é que por trás das médias elevadas dos destacados, esconde-se uma natural apetência para saber “ler” o que o adversário irá fazer, antes que este o faça.
Sendo natural encontrar também aqui uma maioria de jogadores de equipas submetidas a maior pressão ofensiva, é de salientar o segundo lugar de Felipe, um central que há muito provou o acerto da sua contratação por parte do FC Porto, sendo uma das peças fundamentais no facto de os “dragões” apresentarem, há duas épocas consecutivas, os melhores índices da Liga na hora de fechar os caminhos para a sua baliza.
A bola é nossa outra vez!
Três “trincos”, três recuperadores por excelência. Os três médios-defensivos dos “grandes” integram o “top” dos recuperadores de bola (com posse posterior) da Liga, deixando assim o mais do que merecido destaque para o lateral-direito Víctor Garcia, que já foi “dragão”, e que vai confirmando ser uma bela “pechincha” vitoriana (1 milhão de euros), tendo em conta que aparece ciclicamente no nosso “radar” nas últimas duas épocas, pelos seus bons desempenhos.
A fechar a moldura de “trincos”, outro lateral vitoriano (Ghislain), este esquerdo, o que parece indicar que não será na capacidade de recuperar a bola que encontraremos as razões para a época menos brilhante dos “conquistadores” até agora.
“Tiki-taka” onde interessa
Em teoria, quanto mais uma equipa avança no terreno, mais difícil é realizar passes com eficácia. É por isso que “saltamos” de imediato para dois “tops” que dão conta da quantidade e qualidade com que os artistas destacados o fazem. Em comum entre os dois (“tops”) apenas o portista Herrera e o “leão” William, o primeiro um “mal-amado” que vai oferecendo razões de sobra para justificar outro apreço dos adeptos, e o segundo um habitue nestes “tops”, até pelo seu estilo de jogo e opção primordial de passe.
Lembra-se de termos referido Nélson Monte anteriormente? Curioso encontrar aqui um central não é? Há muita coisa curiosa a descobrir acerca da atípica proposta de futebol do Rio Ave nesta época.
Toma lá e remata, vá
Os remates nem sempre são perigosos, mas, excepção feita a iniciativas individuais, alguém tem de fornecer a bola que os antecede. Estes são os homens que mais o fazem, sem grandes surpresas para quem nos acompanha a não ser a presença do pacense Mabil, que até seria líder de um “top” semelhante caso este cobrisse apenas passes para finalização de bola corrida. Um nome a ter em conta, caso melhore outros índices que tornam o seu desempenho menos vistoso.
Entre os restantes, sabedores que somos dos créditos firmados de Alex Telles e Pizzi neste capítulo, saúda-se o regresso de Jefferson à sua melhor produção e confirma-se o papel preponderante que Paulinho (um dos líderes em assistências para golo) vai tendo na época do Portimonense.
Bola na área e redondinha, se faz favor
Cruzar muitos cruzam, mas cruzar uma bola “redonda”, à qual um colega consegue dar sequência (cruzamento eficaz), isso nem sempre todos conseguem. Este “top” volta a destacar Alex Telles, Jefferson e Mabil, juntando-lhe Diogo Viana (Belenenses) e António Xavier (Paços), todos eles homens que colocam no mínimo uma “redondinha” em condições na área, a cada 90 minutos.
Em vez de passar a bola… passo por eles
Os nossos leitores mais atentos já brincam: aquando da publicação dos nossos “tops” semanais da Liga NOS, o estranho é não ver o portista Brahimi na liderança dos dribles eficazes. O argelino dribla mesmo noutro “campeonato” que não a Liga NOS, destacando-se e muito pelas ultrapassagens a adversários que consegue realizar, criando desequilíbrios que muito beneficiam a manobra ofensiva dos “dragões”. E como se não bastasse, segue-se lhe outro “dragão”, este menos reconhecido, mas igualmente identificado pelo nosso “radar”, há muito tempo, como outro artífice do drible da Liga, Jesús Corona, nem sempre titular, mas quase sempre desequilibrador.
No patamar seguinte encontramos dois “fantasistas” também já destacados, Allano e Rúben Ribeiro, este último entretanto “capturado” pelo Sporting, cujos adeptos esperariam encontrar aqui Gelson Martins, ausência previsível e cujos indicadores já se faziam sentir cedo na época.
Deixei-te na cara do golo
Passe para finalização mais “açucarado” não existe. Os líderes desta variável são aqueles que mais vezes colocam a bola no pé de um colega deixando-o em situação de remate, cara a cara com o guarda-redes (ou nem esse), sem qualquer outro adversário entre ele e o golo. E mesmo assim, como veremos mais adiante, muitos falham, mas isso não retira o mérito aos criadores, todos eles nomes já referidos noutros “tops”, e entre os quais se destaca o portista Ricardo Pereira. Agora revisite os “tops” onde o Ricardo e Alex Telles aparecem e diga-nos o leitor que equipa conta com as “asas” defensivas mais perigosas nesta Liga.
Já me pagavas um almoço, ó “goleador”…
Reza a lenda à qual tivemos acesso que, aquando da sua passagem por Alvalade, Islam Slimani oferecia um par de ténis de marca a Jefferson de cada vez que o lateral lhe entregava uma “redondinha” posteriormente convertida em golo. Iniciativa previdente de goleador, posição que depende e muito de homens como os que integram este “top”, todos eles, neste momento, notáveis pela cadência com que co-assinam a responsabilidade dos golos da sua equipa. Menção especial para o Sporting de Braga, que coloca dois homens nos três primeiros lugares, com cada um deles a fazer “miséria” generosa pelo seu flanco. O negócio de ténis de marca deve estar em alta no Minho, pois o segundo classificado Hurtado joga a poucos quilómetros de distância.
Epá, chuta homem, e já agora à baliza!
Rematar muito é importante. Rematar bem também. Os dois “tops” que apresentamos agora dão conta destas duas dimensões, sem as quais não existe a seguinte: a concretização. E se procura a resposta ao porquê de Jonas marcar tantos golos, estes rankings dão-lhe parte da resposta: o brasileiro remata sempre que pode e fá-lo com superior acerto. E isso é meio caminho andado para, volta e (menos que) meia, marcar golo. Mais surpreendente será o destaque de Moussa Marega, um jogador que vive uma segunda oportunidade no Dragão e a vai aproveitando da melhor maneira, talvez hoje mais confiante e sabedor das suas forças e fraquezas, após uma época muito positiva em Guimarães. O franco-maliano impõe-se inclusive ao homem-golo “azul-e-branco” (Aboubakar), deixando a dúvida natural: afinal quem é O ponta-de-lança do Porto? Um bom problema para os portistas, certamente.
Golos é comigo…
Pode-se rematar muito e até com pontaria, mas isso não significa necessariamente golos. Estes são os homens que se destacam pelo “faro de golo” que vão demonstrando, quase todos homens de área, com duas excepções. A primeira é João Novais, que conseguiu já usurpar o papel de “bombardeiro de meia distância” da Liga inicialmente detido pelo “leão” Bruno Fernandes (leva cinco tiros à distância), como ultrapassar, em relativamente poucos minutos, o máximo de golos de fora da área da Liga 2016/17 (quatro). A segunda é Raphinha, o extremo vitoriano que vai despertando a natural cobiça de emblemas maiores e que se destaca esta época como um extremo goleador.
Por fim, e se por um lado a média de golos a cada 90 minutos de Jonas impressiona, o que dizer por outro lado dos poucos remates que Dost precisa para fazer balançar as redes? Os 16 golos do holandês representam quase 50% dos remates que fez (a época passada competiu pela Bota de Ouro com uma taxa de conversão a rondar os 40%), o que significa que, na prática, o económico mas letal Dost marca um golo a cada dois tiros que consegue fazer à baliza contrária. E os seus números poderiam ser ainda melhores, como veremos na página seguinte.
…a não ser quando falho
Lembra-se de falarmos anteriormente de ocasiões flagrantes e quem mais as oferece? Eis o outro extremo: os homens que, usufruindo mais do que os restantes deste tipo de situações, melhor as aproveitam. Já reparou que Jonas e Marega são os únicos homens que surgem em todos os “tops” relacionados com golo que lhe apresentamos? Sinónimo das grandes épocas que vão protagonizando. Já Bas Dost, como referimos, podia juntar-se a eles, não fora o facto atípico de o holandês aproveitar neste momento apenas 43,7% dos “cara-a-cara” com o golo de que usufrui.
Aplauso também para a intromissão de Brahimi neste lote e para a presença do “veterano” Mateus, que já faz parte da “mobília” da Liga NOS, mas nem por isso deixa de marcar sempre que a bola “pinga”, como aliás fez no Restelo, nos últimos minutos disputados nesta primeira volta da Liga NOS.
