No futebol é importante desenvolver as capacidades motoras e a força muscular, mas é ainda mais importante saber como, quando e onde realizar cada ação, e a uma velocidade muito alta, devido às contínuas situações de jogo.
Nesse sentido, de modo a fazer a escolha certa, é importante tomar boas decisões e vamos agora explicar como estas decisões são tomadas e como é todo esse processo para os atletas.
Como os jogadores tomam decisões
As capacidades cognitivas são essenciais para o jogador e permitem-lhe processar informação externa e interna, perceber estímulos externos, imaginar como ele pode evoluir, distinguir vários elementos que o influenciam, assim como vir a agrupar vários estímulos num todo e outras questões essenciais.
Este processamento inerente ao jogo dinâmico do futebol está ligado à tomada de decisão, que está tão carregada de variáveis que a influenciam. Para estruturá-lo de forma mais simples, pode-se dizer que estas capacidades cognitivas estão agrupadas em:
- Perceção e análise da situação.
- Processamento e tomada de decisões.
- Auto-avaliação.
Portanto, de modo a alcançar o máximo desempenho no terreno, a chave do processo é a) perceber a situação, b) processar os estímulos mais apropriados, c) tomar a decisão certa o mais rapidamente possível e d) executar a ação no momento certo.
Para melhor compreender a tomada de decisões no futebol, devemos prestar muita atenção ao processo percetivo-motor a que o jogador se submete. Podem ser distinguidas três fases principais:
- Fase percetual. Obtenção de informação.
- Fase de tomada de decisão. Fazendo uma escolha entre várias alternativas.
- Fase de efeito. Concretizar o movimento escolhido através do sistema neuromuscular.
A tomada de decisão em campo
O futebol é um desporto coletivo, com múltiplas influências e onde as capacidades físicas e o talento desempenham um papel importante no desenvolvimento de um jogador de futebol e no desenvolvimento do jogo, mas não um fator determinante.
O treino molda este talento anterior, sendo que existem métodos de treino muito característicos, como é o caso do Wolves de Bruno Lage, que levam o jogador para outro patamar.
No entanto, tudo pode ser melhorado se forem adquiridos os conhecimentos certos para alcançar a evolução desejada do atleta. Assim, a tomada de decisões, bem como a qualidade para a sua execução, podem ser trabalhadas para maximizar o desempenho no campo de jogo.
De facto, a tomada de decisões é treinada através do jogo, com uma análise exaustiva de certas variáveis fisiológicas que influenciam o processo do jogo, embora exista também uma vasta gama de fatores condicionantes psicológicos que influenciam a tomada de decisões de um jogador.
E nos outros desportos, a tomada de decisão também é importante?
Já entendemos que, pelo facto de o jogador futebol ser confrontado com um ambiente tão complexo, é preciso um poder mental enorme para conseguir errar o menos possível. Logo, as suas capacidades cognitivas e preceptivas são determinantes na capacidade de jogo e em cada jogada.
Nesse sentido, será que o futebol pode aprender, neste campo de decisão e mental, com outro tipo de desporto? A resposta é sim. Os desportos mentais como o xadrez, onde aprender as entradas é essencial, ou o poker, onde as boas decisões são chave para contrariar os adversários e ter bons resultados, são dois desportos onde a toma de decisão é crucial.
Ambas são modalidades onde a habilidade e a decisão em microssegundos faz a diferença, e para o jogador futebol as frações de segundo são essenciais para um bom ou mau passe. Logo, existindo um treino mental focado em jogadas de antecipação, como no xadrez ou no poker, o jogador de futebol e o desporto em si, só terão a ganhar.
E como dissemos no início deste artigo e ao longo dele, de modo a melhorar este processo de tomada de decisão, deve ser feito um trabalho específico tanto no treino como em campo, de modo a aumentar a eficácia do jogo individual. E, portanto, coletivo.