Análise: O Athletic de Bielsa

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Táctica

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Os sistemas tácticos usados variam entre o 1-4-2-3-1 e o 1-3-3-1-3 e ambos exigem uma versatilidade e conhecimento do jogo muito grandes por parte dos jogadores. Um dos aspectos mais importantes é o de, quer num sistema quer noutro, usar uma espécie de líbero inserido numa defesa que usa profundidade variável (o central varia constantemente a sua posição consoante as exigência tácticas do jogo e movimentação dos avançados da outra equipa), de modo a que haja sempre um defesa para fazer dobras e a cobertura dos espaços “nas costas” dos colegas.

Uma das peças importantes desta equipa era o jogador Javi Martínez, que podia jogar como central ou como “trinco”. Na primeira posição dava a possibilidade de, na construção baixa, o Bilbau ter alguém com uma óptima qualidade de passe e que conferia altura e uma recuperação de bola excelente no momento defensivo. A jogar como médio-defensivo Martínez recuava inúmeras vezes para o meio dos defesas-centrais, para que, na fase de construção, a equipa tivesse maior largura no seu meio-campo e também para haver um equilíbrio durante o momento ofensivo.

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A bola como personagem principal

Bielsa apelidado por muitos como o “fundador do tiki-taka”, é bastante inflexível com a sua táctica e dinâmica de jogo, sendo que quando vai para uma equipa nova ao invés de se adaptar aos jogadores que tem procura impor o seu modelo de jogo.

A dinâmica que o Bilbau tinha nesta temporada consistia na constante mobilidade que havia entre todos os jogadores, sendo que os médios De Marcos e Herrera jogavam soltos de forma a explorar os espaços vazios e para criarem casos de superioridade numérica nos corredores. Sendo que o primeiro era um médio-ofensivo muito criativo e móvel que aproveitava as saídas de posição de Llorente para entrar nesse espaço, Herrera era o grande motor da equipa na fase de construção alta, devido à excelente qualidade de passe e visão de jogo.

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A posse de bola era privilegiada, optando a equipa por sair quase sempre a jogar curto no pontapé de baliza, caso contrário procurava o jogo directo para o jogador-alvo, Fernando Llorente, que é um avançado muito alto e cuja grande qualidade é a capacidade de segurar a bola e esperar o ataque de segunda vaga.

Os laterais jogavam sempre muito subidos, para dar grande profundidade ao jogo, permitindo que os extremos Muniain e Susaeta efectuassem diagonais para o centro do terreno. O “trinco”, quer fosse Iturraspe ou Javi Martínez, jogava bem perto dos centrais, para que a equipa pudesse estar sempre equilibrada enquanto atacava, garantindo, igualmente, uma linha de passe mais recuada caso necessário. A bola era sempre trocada com os jogadores muito próximos entre si e de forma a efectuarem um triângulo que permitia sempre uma solução mesmo quando pressionados.

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Miguel Pontes
Miguel Pontes
Engenheiro civil de formação, actualmente na Deloitte, tem dado sequência à sua paixão pela vertente técnica e táctica do futebol, com passagens pelo CF Benfica (Scouting), SG Sacavenense (como técnico adjunto nos sub19 e posteriormente na área de scouting) e colaborações com a Belenenses SAD e diversos agentes.