Quem não tinha Palhinha caçou… com Matheus Nunes. Quis o destino que o Sporting – Benfica fosse decidido com um oportuno e tardio golo do médio leonino que Frederico Varandas prevê vir a pagar a transferência de Rúben Amorim, e que em tempos foi recusado pelo mesmíssimo rival que agora provou o seu veneno, aos 92 minutos.
[ O passing map leonino, com Matheus Nunes (8) com posição central no posicionamento médio com bola ]

Para lá do golo, Matheus foi ainda o MVP GoalPoint Ratings do encontro, uma coincidência que nem sempre ocorre no plano estatístico. O médio, que não liderou qualquer variável (com excepção da mais importante, o remate convertido), terminou ainda assim o dérbi como o melhor “score” e bem destacado: 7.8, com o colega Neto a ficar-se pelos 6.9. Que jogo fez Matheus Nunes para justificar essa “nota”? É esse o exercício que nos propomos cumprir, recorrendo às novidades de mapeamento que o nosso Antunes tem vindo a preparar.
[ Os destaques estatísticos do MVP do dérbi ]

Passe: seguro num jogo… incerto
Num jogo com mais luta do que acerto, o Benfica apostou na pressão sobre o homem com bola na tentativa de contrariar a fórmula Amorim. Mas isso não evitou que Matheus fechasse o duelo com uma eficácia de 83% nas suas entregas. Podia ter feito melhor? Podia, mas se tivermos em conta que os “leões” fecharam a partida com uma eficácia colectiva de passe de 76%, percebemos então que Matheus esteve bem “certinho”, ao falhar apenas seis dos 35 passes que tentou, nenhum deles considerado como um passe de risco.
[ O mapa dos 35 passes de Matheus Nunes ]

O brasileiro conseguiu, inclusive, entregar seis dos sete passes longos que fez, um deles classificado como passe ofensivo valioso, ou seja, entregue com eficácia a um colega a menos de 25 metros da baliza adversária (sim, é aquela seta bem longa que atravessa “meio” mapa até à área defendida pelo Benfica, coisa de “craque”).
Posse: perder onde pode, recuperar onde é fundamental
Matheus recuperou sete vezes a posse para o Sporting e perdeu-a em dez ocasiões. Se à primeira vista o saldo parece negativo, a análise dos locais onde o médio ganhou e perdeu bola permite contextualizar e valorizar de outra forma o seu jogo de posse.
[ Os locais onde Matheus cedeu (vermelho) e conquistou (azul) a posse de bola ]
Matheus perdeu posse essencialmente em zonas onde o risco é mais aceitável e recuperou-a maioritariamente já à entrada do seu meio-campo defensivo, ajudando a anular a iniciativa ofensiva “encarnada”.
O mapa de acções defensivas (6) do brasileiro reforça, aliás, o apoio que ofereceu à equipa nesse domínio, com três desarmes, dois passes interceptados e, inclusive, um remate bloqueado, já dentro da sua área.
[ A localização das seis acções defensivas do médio ]

Só precisou de um remate para fazer História
No plano ofensivo, Matheus Nunes não somou qualquer passe para finalização e efectuou apenas um passe ofensivo valioso (já referido), mas ensaiou o drible com eficácia e localização positivas (dois dribles eficazes em quatro tentativas, três delas já no meio-campo adversário) e rematou uma única vez, de cabeça… e para a História dos dérbies. Curiosamente, esse foi o único remate enquadrado dos “leões”, isto tendo em conta que o cruzamento/remate de Nuno Mendes não foi considerado um disparo pela Opta.
[ Os quatro dribles de Matheus frente ao Benfica, dois deles eficazes (a azul) ]

[ o remate do contentamento leonino, para a História ]

O momento do jogo visto de outra perspectiva 🔥🎥#LinhaDeFundoSCP #OndeVaiUmVãoTodos pic.twitter.com/DRMHwUOhuu
— Sporting Clube de Portugal (@Sporting_CP) February 2, 2021