Antevisão | Marrocos, os perigosos Leões do Atlas

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É já este sábado, às 15h00. Portugal defronta Marrocos nos quartos-de-final de um Mundial 2022 que tem sido pródigo em excelentes jogos, emoção, golos e muitas surpresas. A simples presença da formação magrebina nesta fase da prova contraria a grande maioria das previsões, mas a verdade é que os marroquinos apuraram-se com todo o mérito, afastando mesmo a super favorita Espanha nos oitavos-de-final, no desempate por grandes penalidades.

Marrocos foi já alvo de inúmeros elogios por parte do seleccionador nacional, Fernando Santos, que realçou características únicas, técnicas, tácticas e mentais, e alguns nomes que vingam nos melhores clubes mundiais. E é essa equipa de Marrocos que vamos tentar descodificar com alguns analytics e “bonecos” que só aqui pode encontrar.

[ Os ratings e desenho táctico de Marrocos frente a Espanha ]

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Esta foi uma uma das grandes surpresas deste Mundial 2022. Marrocos afastou a “la roja”, num jogo que terminou 0-0, decidido nas grandes penalidades e foi praticamente de sentido único. Aliás, este foi um espelho da participação da equipa marroquina neste certame até ao momento, avessa à posse de bola e sem nenhum problema em recuar, aproveitar a qualidade do seu sector defensivo, o espírito de luta dos seus jogadores a fazer “a vida negra” aos jogadores mais ofensivos dos seus adversários.

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[ Estatísticas acumuladas e comparadas de Portugal e Marrocos nos quatro jogos que disputaram ]

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No comparativo entre a formação lusa e a a marroquina, as diferenças saltam à vista. Não só as duas formações têm números ofensivos e defensivos muito distintos – Portugal tem 12 golos marcados e cinco sofridos, Marrocos quatro facturados e um consentido -, que descrevem filosofias díspares, como os analytics globais apontam para um jogo que tenderá a ter sentido quase único, caso se confirmem as tendências. Com a conclusão dos oitavos-de-final, as estatísticas dizem-nos que:

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  • Marrocos é a selecção com menos acções com bola por 90 minutos (494,01), de todas as que participaram no Mundial. Primeiro sinal de que se trada de uma formação sem problemas em dar a iniciativa aos seus adversários. Mas há mais, muito mais;
  • Os magrebinos são a segunda equipa com mais baixa média posse de bola (33%) no Qatar 2022, atrás da Costa Rica (30%), e, claro está, a formação das fases a eliminar com registo mais baixo;
  • Marrocos é o conjunto do “mata-mata” com menos acções com bola nas áreas contrárias por 90 minutos (9,7), terceiro número mais baixo de toda a prova, atrás de Qatar (8,7) e Costa Rica (6,7);
  • É também a selecção desta fase com pior média de remates por 90 minutos (7,5) e com mais baixa média de remates nas áreas adversárias por 90 minutos (3,7);

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  • Os marroquinos são o conjunto do Mundial com menor média de passes (290,1) e a segunda desde o arranque do Mundial com menos passes para o último terço (58,6).

Todos estes dados dão-nos uma pista sobre o que esperar da formação marroquina na partida deste sábado. Salvo alguma surpresa táctica, será uma formação conservadora, à espera de ver o que Portugal fará, com pouca posse de bola e com recurso a poucos passes até chegar às zonas de ataque. Os contragolpes rápidos serão, certamente, a estratégia da equipa, que tentará chegar poucas vezes à área portuguesa, mas com ideia de fazer valer esses momentos.

À espera dos seus adversários

A constatação anterior ganha outra força ao analisarmos dois mapas fundamentais da forma de actuar dos marroquinos, concretamente as zonas em que aplicam as acções defensivas – desarmes, intercepções, alívios, bloqueios de passe, remate e cruzamentos – e os canais que usam para atacar os seus oponentes.

[ As acções defensivas de Marrocos (à esquerda) e as condições progressivas/dribles/faltas sofridas neste Mundial 2022 ]

Marrocos é a sétima equipa que menos remates permitiu aos seus adversários em média (7,6) e a nona com menos remates permitidos na sua área (4,8). Portugal terá de ter isso em conta na estruturação da sua estratégia, por terá, certamente, muitas dificuldades para entrar na área e criar aí acções com bola perigosas – os magrebinos são a segunda equipa da prova que menos destas acções permitiram na sua área (37,8). O uso das faixas laterais e a colocação de homens de ataque no último reduto marroquino serão, certamente, uma necessidade. E neste contexto, Gonçalo Ramos, que fez três golos à Suíça, poderá ter um papel fundamental na área e no guardar da bola à espera dos colegas de equipa.

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Estes factos acontecem em grande medida porque a equipa do norte de África recua linhas, como já referimos, e privilegia as acções defensivas perto do terço defensivo, como se constata no mapa de cima à esquerda – é a sétima com mais acções defensivas nesta zona. Depois aposta nas transições rápidas – ou contra-ataques, no futebolês “tradicional” – pelos flancos, com os seus laterais de grande qualidade, como são Mazraoui e Hakimi, e os extremos, no caso Ziyech e Boufal, a causarem muitos problemas aos oponentes. Cuidado, Portugal, com a cobertura das faixas laterais e com as transições defensivas.

Estrelas de nível Mundial

Mazraoui, que tem surgido como lateral-esquerdo, apesar de no Ajax e, agora, no Bayern, ser um lateral-direito, tem estado em grande forma e é uma das estrelas da equipa, um nome sonante nas principais competições mundiais. Contudo, é o flanco direito marroquino que merece uma atenção redobrada.

[ Os desempenhos acumulados de Hakimi e Ziyech no Mundial 2022 ]

Não dá para ignorar o trabalho incrível de Sofyan Amrabat no meio-campo, ou de Youssef En-Nesyri no ataque, mas Achraf Hakimi, formado no Real Madrid, com passagem pelo Inter e agora a brilhar na constelação de estrelas do Paris Saint-Germain, tem sido o melhor elemento marroquino em prova, construindo uma ala destra de respeito com outro nome famoso, Hakim Ziyech, que também vingou no Ajax e agora joga no Chelsea.

Além destas características tácticas, das suas nuances, da filosofia de jogo e dos craques que compõem esta selecção, Portugal terá de suplantar, igualmente, o espírito de luta e entrega de uma formação africana que tem tido um forte apoio nas bancadas no Qatar. A turma das “quinas” é melhor em termos individuais, mas terá de ter todos estes detalhes em atenção se quiser chegar às meias-finais do Mundial 2022.

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