Benfica 1 – Braga 2: Minhotos esvaziam “balão” benfiquista

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O Benfica caiu na Taça vítima do mesmo "veneno" que acabara de oferer no Dragão: a eficácia (foto: J. Trindade)
O Benfica caiu na Taça vítima do mesmo “veneno” que acabara de oferer no Dragão: a eficácia (foto: J. Trindade)

Após a vitória no Estádio do Dragão sobre o FC Porto por 2-0, o Benfica viu o seu balão motivacional esvaziar-se com estrondo, caindo em casa frente ao Sp. Braga por 2-1. Fica assim pelo caminho o detentor da Taça de Portugal, nos oitavos-de-final. Sérgio Conceição consegue derrotar o Benfica nas duas ocasiões em que as equipas se encontraram esta temporada, pelo mesmo resultado e depois de ter estado a perder.

O Benfica, com César ao lado de Jardel na defesa, Cristante com Enzo Pérez no meio e Ola John a trocar com Gaitán, surgiu personalizado e com a lição bem estudada em relação à movimentação dos bracarenses. A equipa da casa aproveitou da melhor forma, no primeiro tempo, as lacunas da estratégia bracarense na Luz. A formação minhota entrou em campo com uma ideia definida, um 4x2x3x1 encolhido, com os corredores muito bem guardados por Djavan e Baiano, apoiados pelos médios-ala, Rafa, na esquerda, e Pardo, na direita. O objectivo era recuperar a bola em terrenos mais recuados e lançar rapidamente Rafa e Pardo, para aproveitar as subidas de Maxi Pereira e André Almeida.

Porém, a estratégia não correu da melhor forma, muito por culpa da dupla do “miolo” benfiquista. Enzo Pérez travou uma luta interessante com Rúben Micael, o homem que deveria lançar os contra-ataques do Sp. Braga, impedindo assim a saída dos visitantes com a frequência desejada.

Este duelo teve dois resultados visíveis. Em primeiro lugar, os comandados de Sérgio Conceição sentiram muitas dificuldades em sacudir a pressão contrária, vendo-se em muitos períodos da partida completamente encostados à sua grande área, num sofoco que permitia até a Cristante inteirar-se das zonas mais subidas do terreno. O auxílio de Rafa e Pardo nas alas também não ajudou na recuperação de bola, pois Rúben Micael via-se muitas vezes sozinho perante dois adversários na zona central.

Ainda assim, o Braga conseguiu algumas subidas perigosas pelos flancos, com Rafa e Pardo em destaque, mas as principais ocasiões pertenciam aos “encarnados”, que acabaram os primeiros 45 minutos em cima do adversário, com quatro remates, três deles enquadrados, e 55% de posse de bola, contra 45%. Para além de Enzo, também Jonas se destacou, com dois remates, ambos enquadrados, e um golo, de cabeça, após centro de Maxi Pereira da direita.

Saída de Enzo decide

O segundo resultado visível do duelo que falámos acima foi mesmo o grande número de faltas de Enzo sobre Micael, que originou um cartão amarelo ao argentino. Causa imediata ou não, a verdade é que Enzo Pérez já não subiu ao relvado na segunda parte, entrando para o seu lugar Pizzi, e esta alteração mudou por completo o figurino da partida.

Não que o Braga passasse a dominar, longe disso. O Benfica continuou a empurrar os minhotos para a sua área, mas em campo já não estava Enzo para travar os lançamentos rápidos do contra-ataque visitante. Assim, o Braga começou a acercar-se com perigo da baliza de Júlio César e empatou logo após o descanso, por Aderlan Santos, a finalizar um canto após erro de André Almeida. E num outro lance em que o meio-campo do Benfica não funcionou, pouco depois, Pardo galgou terreno, fugiu aos defesas e fez o 2-1.

Nada mudou com os golos, o Benfica até aumentou a pressão, mas foi então que começou a brilhar o guarda-redes do Braga, Kritsyuk, que com um punhado de defesas espantosas foi negando o golo às “águias”, num duelo particular com Jonas. O russo acabou a partida com oito defesas, contra uma apenas de Júlio César. Talisca entrou no segundo tempo, para aumentar o poder de fogo, recuando Pizzi para “trinco”. E o Benfica acabou mesmo com três pontas-de-lança em campo: Lima, Jonas e Derley. Mas sem resultados práticos.

A superioridade do Benfica em números foi evidente, mas no fim ganhou a eficácia bracarense. Os “encarnados” terminaram com 68% de posse de bola contra 32%, dez cantos contra dois, 15 remates, nove deles bem direccionados, para três dos minhotos. Esteve aqui um dos segredos do resultado, pois o Braga acertou os três disparos, e dois deles deram em golo.

Este resultado acaba por ser histórico. Esta é a primeira vez que o Sp. Braga ganha no Estádio da Luz, sendo que em 1954 venceu o Benfica na condição de visitado, mas a partida disputou-se no Estádio do Jamor. E Pela primeira vez na sua história, os “encarnados” ficam de fora da Taça de Portugal e das provas europeias antes do fim do ano – em 2002/03 também não disputou as duas frentes após o Ano Novo, mas porque não se tinha apurado para as competições da UEFA.

 

 

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.