Benfica 🆚 Boavista | Só nos penáltis a águia domou a pantera

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O Benfica é o primeiro finalista da Allianz Cup 2021/22. Na meia-final com o Boavista, em Leiria, as “águias” ameaçaram oferecer um desgosto aos seus adeptos com uma exibição desgarrada, sem alma ou ideias, salvando-se algumas combinações ofensivas na primeira parte, a merecerem outro desfecho. Os “axadrezados” estiveram quase sempre no controlo das operações, tirando no lance do tento de Everton – um erro de Nathan -, empataram de penálti por Gustavo Sauer e terminaram o jogo com muito mais remates que os lisboetas, incluindo enquadrados. Só que na decisão das grandes penalidades os “encarnados” erraram menos vezes e acabaram por vencer por 3-2.

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“Pantera” de garras afiadas

O Benfica chegou à vantagem mercê de um erro do lateral boavisteiro Nathan, aproveitado com competência por Everton “Cebolinha” (16′). Os “encarnados” tiveram mais bola, mas nunca tiveram propriamente o jogo controlado, sendo incapazes de travar as inúmeras transições contrárias, em especial pelo lado esquerdo do ataque do Boavista, com Gustavo Sauer em evidência. Por isso, os “axadrezados” registaram muitos mais remates, nada menos que dez, três enquadrados. As “águias” não passaram dos três, mas criaram os lances mais vistosos e perigosos, pelo que os Expected Goals (xG) dão razão ao marcador. João Mário, com um rating de 6.0, fruto de cinco recuperações de posse e três desarmes, era o melhor em campo nesta fase.

Excelente recomeço por parte do Boavista, a pressionar e a conseguir trocar a bola perante médios benfiquistas um pouco “à nora”, sem se apoiarem na pressão. Não espantou o empate, aos 53 minutos, por parte de Gustavo Sauer, de grande penalidade, a castigar erro e falta de Morato sobre Petar Musa. O Benfica reagiu a esse tento, mas continuou a expor-se, em especial pelo lado de Valentino Lázaro, e em cima da hora de jogo, Musa obrigou Vlachodimos a enorme defesa. O mesmo aconteceu aos 69 minutos, com os mesmos protagonistas.

O jogo arrastou-se até final, algo mastigado, até que Mëité e Pizzi, recém-entrados, abanaram com o jogo perto do fim, com o francês numa bela arrancada e Pizzi a rematar para grande defesa de Bracalli, a segurar o empate e o desempate por grandes penalidades. Aí, o Benfica acabou por ser mais feliz, com três convertidas contra duas dos boavisteiros – Julian Weigl bateu o pontapé decisivo.

[ Grimaldo muito em jogo em Leiria pelo flanco esquerdo ]

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O MVP GoalPoint👑

O melhor em campo é prova do desnorte benfiquista. Tacticamente o Boavista esteve melhor, manteve sempre o jogo mais ou menos controlado, rematou muito mais que os “encarnados” e criou muito perigo, obrigando Odysseas Vlachodimos a realizar seis defesas, algumas de elevado grau de dificuldade, três a remates na sua grande área. Terminou com um GoalPoint Rating de 7.0, sendo que para fim de nota final conta apenas o desempenho no tempo regulamentar, sem o desempate por penáltis.

Outros  Ratings 🔺🔻

Destaques do Benfica

Julian Weigl 6.5 – O alemão até foi o homem que bateu o penálti decisivo, e com sucesso, mas aqui só cabem as estatísticas antes do desempate. E Weigl foi um dos melhores em Leiria. O médio completou 95% dos 88 passes que realizou, terminando com 84 certos, o máximo do encontro, e somou o segundo valor mais alto de acções com bola, 107, bem como o máximo de recuperações de posse (12) e de desarmes (5, a par de João Mário e Morato).

João Mário 6.3 – O português foi o melhor do primeiro tempo e manteve a bitola até sair, perto dos dez minutos finais. João Mário fez os tais cinco desarmes, criou uma ocasião flagrante e completou as duas tentativas de drible.

Morato 5.7 – Aquele penálti cometido, perfeitamente escusado, afecta-lhe grandemente a nota. Tirando isso, o brasileiro até esteve bem, com destaque para cinco passes longos certos em oito, quatro duelos aéreos defensivos ganhos em cinco, mais cinco desarmes e três bloqueios de remate.

Gil Dias 5.6 – O extremo jogou os últimos 29 minutos e pode-se apontar o facto de nem sempre ter decidido bem ou largado a bola no momento certo. De resto, deu ao jogo uma maior energia, acertou 17 dos 18 passes que realizou e completou as duas tentativas de drible.

Paulo Bernardo 5.6 – O jovem nem sempre ligou bem com os colegas do trio de meio-campo, em especial na definição das zonas de pressão e dos momentos para o fazer, facto que o Boavista aproveitou para dominar o “miolo”. Destaque, ainda assim, para dois passes super aproximativos, dois dribles completos e três desarmes.

Lázaro 5.5 – Jogo difícil para os austríaco, que levou com grande parte dos lances de ataque do Boavista e raramente lhes soube fazer frente, mostrando uma fraca reacção aos movimentos mudança de direcção e velocidade nos duelos de um-para-um. Ainda assim somou dez recuperações de posse e três desarmes, ganhou os três duelos aéreos defensivos em que participou, somou dez passes aproximativos e 101 acções com bola. De negativo os 16 passes falhados e os oito de risco não completados, ambos máximos do jogo.

Everton 5.4 – O extremo brasileiro começou por aproveitar da melhor maneira um erro de Nathan para inaugurar o marcados, mas a sua nota acaba penalizada por ter desperdiçado uma ocasião flagrante. Destaque para seis passes ofensivos valiosos (máximo) e quatro bloqueios de passe/cruzamento.

Yaremchuk 5.3 – O ucraniano esteve um pouco perdido entre os centrais do Boavista e, na primeira parte, desperdiçou uma ocasião flagrante. Ganhou, no entanto, três de quatro duelos aéreos ofensivos e recebeu 12 passes aproximativos.

Grimaldo 5.2 – Canalizou muito jogo pelo flanco esquerdo, mas tal como com o Arouca, esteve uns furos abaixo do habitual, em grande medida pela nova missão de integrar-se no ataque por zonas mais interiores – o que o torna tacticamente importante, todavia. O espanhol fez cinco passes ofensivos valiosos, somou o máximo de acções com bola (110), completou três de seis tentativas de drible e somou o máximo de conduções aproximativas (6). De negativo os cinco dribles consentidos (também máximo).

Vertonghen 5.1 – O central belga peca pela lentidão e pelo tempo de reacção longo. No passe esteve bem, com 90% de eficácia, mas pouco mais.

Diogo Gonçalves 4.8 – Jogador habitualmente objectivo e pragmático nas idas à linha, desta feita esteve um pouco trapalhão a decidir. Em cinco cruzamentos não teve sucesso em nenhum.

Destaques do Boavista

Hamache 6.5 – O ala boavisteiro fez todo o corredor com grande qualidade e disponibilidade física. Foi o segundo mais rematador do jogo, com quatro disparos, três de fora da área, fez dois passes para finalização, teve sucesso em dois de cinco cruzamentos de bola corrida, recuperou a posse nove vezes, fez quatro desarmes e três intercepções.

Sauer 6.4 – Autor do golo boavisteiro, o brasileiro enquadrou os seus dois remates e completou três de cinco tentativas de drible, sendo o principal catalisador do futebol das “panteras”.

Petar Musa 6.2 – O ponta-de-lança croata obrigou Odysseas às duas defesas da noite, foi o mais rematador do jogo, com cinco disparos, três enquadrados, fez dois passes para finalização, ganhou cinco de sete duelos aéreos ofensivos e foi sobre ele que Morato fez falta para o penálti do 1-1.

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.