Benfica 🆚 Paços | “Águia” compõe hino ao desperdício

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Vitória tranquila do Benfica que só não o foi mais por incompetência na concretização. As “águias” dominaram por completo o Paços de Ferreira quando tinham de o fazer, mas só marcaram nos descontos da primeira parte, pouco depois de se verem em superioridade numérica. No segundo tempo deram alguma iniciativa aos “castores”, exploraram muito bem os espaços concedidos, mas falharam golos atrás de golos (quatro golos esperados e apenas dois marcados). Gonçalo Ramos e Darwin Núñez foram os mais perdulários, João Mário e Álex Grimaldo facturaram, este último com golaço (o golo 6 mil do Benfica na Liga), a coroar a exibição da noite.

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Pouca produção para tanto domínio

O Benfica voltou a apresentar-se em 4-4-2, novamente com Gonçalo Ramos na frente, desta feita acompanhado por Haris Seferovic. E o figurino proporcionou um amplo domínio “encarnado “o longo de toda a etapa inicial, com boas combinações de ataque, lances de perigo, apesar do recuo dos “castores”, quase todos no seu meio-campo e muito junto à sua grande área, impedindo maior intensidade por parte das “águias”. Os visitantes quase não passaram do meio-campo nos primeiros 45 minutos e sentiram muitas dificuldades para travar as investidas benfiquistas, em especial de Everton “Cebolinha”, muito activo do lado esquerdo.

Já nos descontos do primeiro tempo, os momentos do jogo. Primeiro, Denílson Jr., avançado que tem estado em grande forma, foi expulso com vermelho directo em lance com Grimaldo. E, logo a seguir, Seferovic serviu Gonçalo Ramos na grande área, este (que já avia atirado à barra) permitiu a defesa a André Ferreira, mas na recarga, João Mário atirou a contar. O médio foi o melhor da primeira parte, com rating de 6.6, com um tento e seis recuperações de posse. 

Curiosamente foi com dez que o Paços mais perigo criou e mais vezes se aproximou da baliza “encarnada”, com Diaby a estar muito perto de marcar, valendo a grande intervenção de Helton Leite, aos 56 minutos. Contudo, o Benfica continuava a ter maior ascendente, a criar os melhores lances de ataque e, aos 75 minutos, o momento alto do jogo. A bola chegou a Grimaldo na esquerda e este, com um estupendo pontapé de fora da área, ampliou para 2-0.

O Benfica passou a apostar mais nas transições, num declarado 4-3-3 a aproveitar o balanceamento do Paços, mas o melhor que conseguiu foi um golo anulado a Darwin Núñez por fora de jogo, um falhanço inacreditável do uruguaio, que acertou na barra quando só tinha de encostar, a um metro da linha de golo, e outro, nos descontos, quando se encontrava sozinho frente a André Ferreira. Noite para esquecer para Darwin.

[ Só dois benfiquistas (excepto Helton) atrás da linha de meio-campo ]

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O MVP GoalPoint👑

Que exibição de Grimaldo! O golo, por si só, quase valeu o preço do bilhete, mas a verdade é que o espanhol esteve nos melhores momentos do jogo. O Benfica canalizou muito jogo pela esquerda e o lateral esteve muito activo, terminando com duas ocasiões flagrantes criadas (1,1 Expected Assists) em três passes para finalização, um passe de ruptura, nove passes ofensivos valiosos, 90% de eficácia nas entregas, dois passes super aproximativos e o máximo de acções com bola (104). Esteve ainda no lance que ditou a expulsão de Denílson. Tudo isto valeu-lhe um GoalPoint Rating de 8.5.

Outros  Ratings 🔺🔻

Destaques do Benfica

João Mário 7.3 – Exibição “de patrão” do médio benfiquista, a orquestrar todo o futebol de ataque e a apanhar as pontas soltas defensivas, contribuindo para travar as transições contrárias. João Mário fez um golo, foi um dos mais rematadores, com quatro disparos, dois enquadrados, completou 93% dos passes que realizou e somou 11 recuperações de posse, segundo valor mais alto, atrás de…

Otamendi 7.2 – …exactamente, de Otamendi. O central argentino regressou à equipa e realizou 12 recuperações de posse, fez quatro acções defensivas no meio-campo contrário, seis intercepções e três bloqueios de passe (cruzamento), e ganhou quatro de cinco duelos aéreos.

Paulo Bernardo 6.9 – Apenas 19 minutos, mas verdadeiramente deliciosos. O médio foi lançado no segundo tempo, mas foi a tempo de somar o máximo (a par de Everton) de passes para finalização (4) do jogo, um deles para ocasião flagrante, falhou somente uma de 22 entregas e fez seis recuperações de posse. Números de craque.

Rafa Silva 6.9 – O turbo que acelerou o jogo do Benfica sempre que foi preciso. Desta vez sem grande profundidade para explorar, recuou bastante no terreno, deambulando da direita para o meio em diversas ocasiões, assumindo quase o papel de “10”. Desperdiçou uma ocasião flagrante, fez dois passes para finalização, 14 ofensivos valiosos, somou dez acções com bola na área contrária, quatro conduções aproximativas e ainda ajudou com cinco acções defensivas no meio-campo pacense.

Morato 6.8 – Jogo sólido do jovem brasileiro, que completou 90% dos passes, somou cinco conduções aproximativas (algo raro num central, mas compreensível dado o recuo contrário) e fez três desarmes.

Seferovic 6.6 – O mais rematador da partida, com cinco disparos, dois enquadrados, tendo acumulado 0,7 Expected Goals. O suíço fez uma assistência, ganhou quatro de cinco duelos aéreos ofensivos e registou o máximo de acções com bola na área contrária (11).

Everton 6.5 – Bom jogo do brasileiro, mais solto, mas nem assim menos comprometido com os momentos defensivos. “Cebolinha” chegou ao máximo de passes para finalização (4), fez um passe de ruptura, 12 ofensivos valiosos, dez aproximativos e registou o máximo de dribles tentados (10) e completos (5).

Gilberto 6.4 – Nem sempre definiu bem no último terço, mas ainda assim registou seis passes ofensivos valiosos. Esteve bem a defender, com três desarmes e dois bloqueios de cruzamento.

Weigl 5.9 – Desta feita o alemão nem esteve particularmente bem no passe, não passando dos 85% de eficácia, pelo que o destaque vai mesmo para as nove recuperações de posse, fruto do bom posicionamento.

Gonçalo Ramos 5.4 – Jogo energético do ponta-de-lança, mas infeliz na finalização. Gonçalo falhou duas ocasiões flagrantes, uma acertando na barra quando tinha tudo para marcar e outra que André Ferreira defendeu, antes da recarga de João Mário com êxito. O jovem somou oito acções com bola na área contrária e completou as quatro tentativas de drible.

Darwin Núñez 5.1 – Pouco mais de meia-hora em campo com muita vontade e entrega, mas pouca inspiração. O uruguaio falhou uma ocasião flagrante daquelas que se vêem pouco, fez quatro remates, seis acções com bola na área contrária e completou três de quatro tentativas de drible.

Destaques do Paços

André Ferreira 6.8 – Quem mais poderia ter sido o melhor do Paços? O guardião está a realizar uma época memorável e na Luz fez quatro defesas, todas a remates na sua grande área, três a disparos a menos de oito metros.

Diaby 5.9 – O médio é um poço de força, mas não foi isso que o impediu de passar três defesas do Benfica em drible, antes de falhar perante Helton. Destaque para três duelos aéreos defensivos ganhos em quatro.

Marco Baixinho 5.3 – Perante o recuo pacense, o central teve muito trabalho, somando cinco alívios e um bloqueio de remate.

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.