Nota introdutória: se acredita em teorias da cabala, “polvos”, teorias da conspiração e “eminências pardas”, este artigo não é para si. O problema do FC Porto esta época está bem identificado, é muito fácil de detectar nos números, e provavelmente tem soluções bem mais fáceis e menos ruidosas do que as que têm sido tentadas ultimamente. Chama-se falta de eficácia.
Apesar de terem menos seis golos do que o Benfica, e apenas mais um que do que Sporting, SC Braga e Vitória de Guimarães, os azuis-e-brancos são a equipa que na Liga NOS:
- Disparou mais remates (280, mais 13 que o Benfica)
- Fez mais remates dentro da área (190, mais 26 que o Benfica)
- Criou mais ocasiões flagrantes (35, mais 12 que o Sporting e 19 que o Benfica!)
Apesar de já ter sido ultrapassado na lista de melhores marcadores por Bas Dost, André Silva é o jogador que:
- Dispara mais remates (64, mais 28 que o Bas Dost)
- Faz mais remates dentro da área (53, mais 18 que Bas Dost)
- Dispõe de mais ocasiões flagrantes (17, mais 5 que Bas Dost)
Com estes dados, não é difícil para ninguém perceber que o problema está bem lá na frente. Não que André Silva não seja um avançado de grande potencial (tal como Diogo Jota), mas carregar sobre jogadores tão jovens a responsabilidade de uma tarefa tão fundamental como marcar golos acarreta riscos, e eles têm-se sentido.
O problema torna-se mais enigmático se nos lembrarmos de Lisandro López, Radamel Falcao e Jackson Martínez, três pontas-de-lança que trouxeram rendimento desportivo e financeiro ao “Dragão”, mas que acabaram por ser sucedidos por Aboubakar e Depoitre nos investimentos feitos pelo FC Porto em homens de área.
Para além da enorme diferença de qualidade entre o primeiro grupo e o segundo, há que destacar os diferentes continentes de onde vieram (Aboubakar chegou oriundo dos franceses do Lorient). Depois de vários casos de sucesso vindos das Américas, o FC Porto “virou a agulha” para o mercado Europeu, e o sucesso é o que se tem visto.
Com base nestas premissas e com recurso a dados estatísticos do passado ano de 2016, fomos à procura de nomes que possam fazer parte da “linha de sucessão” dos grandes pontas-de-lança sul-americanos do passado, e ajudar a resolver a seca de golos que os “dragões” têm atravessado. Estes foram os cinco eleitos.
Jorge Benítez (Cruz Azul)
Paraguaio, 24 anos
Internacional paraguaio já em onze ocasiões, Jorge Benítez teve a sua primeira experiência europeia na época 2014/15, quando foi contratado pelo Olympiacos, depois de ter marcado 17 golos em 21 jogos pelo Guaraní do seu país.
Na Grécia, chegou a ser treinado por Vítor Pereira, mas os seus números e até a sua utilização ficaram um pouco aquém do esperado, muito por culpa de um nome bem conhecido: Kostas Mitroglou. O grego era titular indiscutível, o que fez com que Benítez fosse muitas vezes adaptado ao flanco esquerdo, e o jogador terminaria a época com seis golos em 971 minutos jogados no campeonato.
Os mexicanos do Cruz Azul receberam-no por empréstimo na época seguinte, e o seu rendimento convenceu-os a pagar €4M pelo seu passe no passado Verão. 13 golos em 29 jogos no ano cívil já são uma amostra bem melhor do verdadeiro Jorge Benítez, mas o paraguaio é bem mais do que apenas golos.
De entre todos os que recomendamos, Jorge Benítez é o jogador com maior capacidade técnica, não se coibindo de apostar no drible (5,1 vezes por jogo) em zonas mais avançadas, e apresenta ainda com uma eficácia bastante razoável (44%) tendo em conta a posição em que joga. Além de ter boa técnica, é um jogador com razoável porte físico (1,82m / 80kg) e também sabe utilizar o jogo aéreo, ganhando 37% dos seus duelos e efectuando 0,6 remates de cabeça a cada jogo, metade dos quais enquadrados com a baliza.
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