Coreia do Sul 🆚 Portugal | Jogo pobre dita derrota lusa

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Mau demais. Portugal perdeu na terceira jornada do Mundial de 2022, com a Coreia do Sul, por 2-1, num jogo em que começou muito bem, com um golo madrugador de Ricardo Horta, mas depois adormeceu e nunca mais conseguiu pegar no jogo. Ainda antes do intervalo consentiu o empate e, nos descontos, sofreu um segundo tento que apurou a Coreia para a próxima fase. De positivo o facto de a equipa lusa ter mantido o primeiro posto do grupo.

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Começar bem, acabar (muito) mal

Para este terceiro encontro no Qatar 2022, Portugal entrou com muitas alterações no “onze” inicial relativamente aos confrontos anteriores. Destaque para Diogo Dalot, com João Cancelo a viajar para a esquerda da defesa, mas também António Silva, que se tornou no mais jovem jogador a actuar por Portugal num Mundial. E não esquecer Vitinha, Matheus Nunes, João Mário e Ricardo Horta. E foi este que abriu o activo logo aos cinco minutos, a rematar de primeira após excelente assistência de Dalot.

Portugal adormeceu à sombra do golo, os coreanos chegaram a marcar, logo a seguir, um golo, que foi anulado por fora-de-jogo, mas alcançaram mesmo o empate aos 27 minutos, por Young-Gwon Kim, a aproveitar uma bola perdida na área lusa.

Até ao descanso, a formação lusa bem tentou criar perigo, mas fê-lo sempre de forma algo desorganizada e sem inspiração, tendo Cristiano Ronaldo desperdiçado mesmo uma ocasião flagrante. Assim, o melhor ao intervalo era Diogo Dalot. O lateral-direito contava com um GoalPoint Rating de 6.6, com uma assistência, dois passes para finalização, dois cruzamentos eficazes em dois tentados e outros tantos desarmes.

A segunda parte foi má. Portugal nunca conseguiu assumir o controlo efectivo do jogo, apesar de ter tido mais bola desde o reatamento. Porém, ofensivamente nunca conseguiu importunar verdadeiramente a defensiva coreana, enquanto os asiáticos, a espaços, aproximavam-se da área portuguesa e criavam perigo, registando mais remates. No fundo, a turma lusa como que estava satisfeita com o empate, algo perigoso, como o histórico recente (jogo com Espanha) aconselhava.

Dito e feito. Nos descontos, Hee-Chan Hwang surgiu isolado perante Diogo Costa e atirou a marcar para o 2-1. Portugal não foi ambicioso e acabou derrotado, garantindo, ainda assim, o primeiro lugar, devido à derrota do Gana com o Uruguai – sul-americanos que assim ficaram fora do Mundial 2022.

[ Portugal entreteve-se a trocar passes ]

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MVP GoalPoint: Heung-Min Son 👑

Grande jogo do craque da Coreia do Sul. O atacante do Tottenham deu recital e foi o melhor em campo, com um GoalPoint Rating de 7.5. Não só foi o mais rematador do jogo, com cinco disparos, dois enquadrados, como fez a assistência para o tento decisivo, acumulou três passes para finalização, nove acções com bola na área contrária (máximo), fez três conduções super progressivas e oito recuperações de posse.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques da Coreia do Sul

Woo-Young Jung 6.8

O médio-defensivo foi fundamental a defender, com oito recuperações de posse e dois desarmes, e no passe, lançando 13 passes longos, oito eficazes.

Hee-Chan Hwang 6.3

Entrou a meio da segunda parte para marcar o golo que apurou a equipa de Paulo Bento, 

Young-Gwon Kim 6.1

O central aproveitou um erro defensivo de Portugal na primeira parte, na sequência de um canto, para fazer o 1-1. Destaque ainda para sete passes progressivos e dois super progressivos.

Destaques de Portugal

Ricardo Horta 6.5

Uma das surpresas no “onze” inicial, o jogador do Braga cumpriu. Logo aos cinco minutos marcou um golo e terminou como o português mais rematador, com três disparos, dois enquadrados. Somou cinco acções com bola na área contrária.

Diogo Dalot 6.4

Excelente jogo do lateral do United, que apresentou, assim, a sua candidatura à titularidade, perante a forma irregular de Cancelo. Dalot começou por fazer uma excelente jogada na direita e assistir Horta para o golo luso, e terminou com dois passes para finalização, quatro cruzamentos de bola corrida, dois eficazes. Realizou ainda três passes super progressivos e outros tantos desarmes.

Pepe 6.2

Eterno. Dizem que Pepe está velho. Pode estar, para jogador de futebol, mas longe de acabado. O central voltou a fazer um grande jogo, sendo dos menos culpados pela derrota. Acertou 90% dos passes, fez 11 progressivos e dois super progressivos, quatro variações de flanco, sete recuperações de posse e somou 11 acções defensivos.

João Cancelo 6.1

Não está, claramente, no seu melhor momento, e viu-se no ataque, quando teve espaços para desequilibrar e não o fez. Ainda assim, talvez pelo hábito de jogar a lateral-esquerdo no City, esteve uns furos acima dos dois jogos anteriores, com destaque para 109 acções com bola (máximo), três dribles completos em cinco e 11 recuperações de posse, máximo do jogo. Falhou 15 passes, o valor mais alto do jogo.

Vitinha 6.1

Outra das surpresas. Vitinha mostrou estar preparado para dar o seu contributo à equipa, registando dois remates, ambos de fora da área, e enquadrados, acertou 58 de 61 passes (95%) e somou dois passes super progressivos.

Rúben Neves 5.8

O médio mais recuado de Portugal teve pouca efectividade nos momentos defensivos, registando somente quatro dessas acções. Destacou-se com dois passes para finalização e sete longos certos em nove – os dois longos falhados foram os únicos que não completou no global de entregas.

João Mário 4.9

O médio do Benfica passou ao lado do jogo. Muitas vezes demasiado encostado à esquerda, acabou por não contribuir muito para a superioridade numérica no “miolo” e para as acções defensivas, nem para a construção. Falhou apenas um de 34 passes e fez três acções defensivas no meio-campo contrário, mas pouco mais.  

António Silva 4.9

Muita expectativa pela estreia do mais jovem jogador a actuar por Portugal num Campeonato do Mundo. E podia ter corrido melhor. O central esteve bem no passe, com sete longos certos em nove – curiosamente os dois longos falhados foram também os únicos que não completou no global de entregas -, mas perdeu quatro de seis duelos aéreos defensivos e somou só cinco acções defensivas.

Matheus Nunes 4.6

Um pouco como João Mário, surgiu muitas fezes demasiado colado à faixa e, aos poucos, foi desaparecendo do jogo, aparentando pouca frescura física. Destaque apenas para 22 passes certos em 24.

Cristiano Ronaldo 3.3

Se o capitão dava mostras de melhorias de forma nos jogos anteriores, desta feita o seu desempenho foi para esquecer. Precipitado – jogou com muita vontade e empenho, é certo -, raramente decidiu ou executou bem, terminando com apenas dois remates, uma ocasião flagrante falhada, um erro que ditou um golo (o do empate) e três foras-de-jogo.

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.