O melhor do Mundo está a atravessar um período de menor fulgor? Será que está a perder o instinto “matador” que o caracteriza? Estas são questões às quais não vamos responder directamente, pois no futebol tudo muda de um momento para o outro e ainda é muito cedo para “sentenças”. No entanto, é possível afirmar, sem margem de erro, que Cristiano Ronaldo está, neste arranque de temporada, menos eficaz do que é seu hábito.
O facto de CR7 ter tido um longo período de férias e, logo após regressar, cumprido cinco jogos de castigo na Liga espanhola poderá explicar a incontornável realidade de Ronaldo estar a marcar poucos golos – e a mostrar taxas de concretização que causam apreensão aos adeptos do Real Madrid.
É sabido que a estrela “merengue” é um jogador de futebol intenso e que precisa de continuidade para atingir o topo do seu desempenho. Mas nada melhor do que olhar para este arranque de época e comparar com as duas anteriores para constatar que, nesta altura, Ronaldo está algo “divorciado” da eficácia e, consequentemente, do golo. E até as ocasiões flagrantes não o têm ajudado.
Fonte: GoalPoint / Opta
Neste momento, Ronaldo soma seis jogos na La Liga e apenas um golo marcado. Mas nem é o tento solitário de CR7 que salta mais à vista, mas sim a taxa de concretização dos seus remates, bem como das ocasiões flagrantes. O golo único de Ronaldo seria mais compreensível caso o “The Best” estivesse a rematar menos do que em outras épocas, mas nem é esse o caso. Se em 2015/16 registou uma média de 6,4 remates a cada 90 minutos e 5,8 na temporada seguinte, nesta (2017/18) faz 6,7 disparos por cada 90 minutos, mas com uma taxa de aproveitamento muito pobre, de apenas 3%.
Se compararmos com as duas épocas anteriores, reparamos que Cristiano mantinha uma média de 15% de concretização, algo que desabou nestes últimos meses. O aproveitamento das ocasiões flagrantes também mostra a forma dúbia de Ronaldo nesta altura – falta de confiança? O número de ocasiões claras de que dispõe em 2017/18 (uma a cada 90 minutos) está em linha com o das duas temporadas anteriores, mas se nessa altura teve um aproveitamento sempre superior a 40%, desta feita não ultrapassa os 17%.
Outra conversa na Champions
Diferente é a história na Liga dos Campeões. O português soma cinco golos nos três realizados, e os números são bem distintos. Ronaldo regista ainda mais remates (7,3) e usufrui de mais ocasiões flagrantes (2,3) a cada 90 minutos. A sua taxa de conversão de remates em golo chega mesmo aos 23%, e aos 71% no aproveitamento de ocasiões flagrantes.
Aliás, esta temporada as estatísticas na “Liga milionária” estão acima do que aconteceu na transacta, onde realizou 5,5 disparos a cada 90 minutos e dispôs de 1,1 ocasiões flagrantes (taxas de aproveitamento de 16% e 57%, respectivamente). Será que Cristiano tem o seu foco total na Champions?
Curiosamente, na selecção portuguesa parece que as coisas têm corrido melhor do que noutros tempos:
⏰ 67’ | 🇦🇩 Andorra 0 – 1 Portugal 🇵🇹
62% dos 29 golos de Portugal na campanha foram marcados ou oferecidos por #CR7 ⭐#TeamPortugal pic.twitter.com/N9wuwknvV2
— GoalPoint.pt ⚽ (@_Goalpoint) October 7, 2017
É certo que os números da qualificação para o Mundial de 2018 abrangem mais do que uma temporada e que se tratam se competições distintas e com graus de dificuldade diferentes – e os colegas de equipa de Ronaldo em Portugal são outros -, mas não deixa de ser interessante constatar que esta quebra de rendimento de CR7 em Espanha coincide com a cada vez maior influência do avançado nos números da selecção das “quinas”.