A Qualificação da Hungria
AHungria foi a única equipa a qualificar-se para o Europeu vencendo menos de metade dos jogos que disputou. Quatro vitórias, quatro empates e duas derrotas, bastaram para garantir o terceiro lugar e o consequente acesso ao play-off.
Aí encontrou a Noruega, batendo os nórdicos em casa e fora, garantido uma inesperada vaga no Euro 2016.
No entanto, a fraca imagem deixada na fase de grupos, onde não conseguiu vencer um único jogo aos dois primeiros do grupo (Irlanda do Norte e Roménia), não augura um futuro auspicioso.
O Historial no Euro
Os húngaros apresentam um historial curioso em Europeus. Qualificaram-se apenas por duas vezes, em 1964 e 1972, tendo em ambas as ocasiões disputado as meias-finais da prova. Este seria um currículo fantástico caso não tivéssemos em conta que nessa altura as fases finais eram disputadas apenas por… quatro equipas.
Desde então a Hungria foi somando fracassos e mesmo se tomarmos em conta as qualificações para os Mundiais, são 30 anos de ausência das fases finais de grandes provas.
Neste regresso os húngaros tentarão estar à altura de uma História tão longa quão respeitável (uma “lenda” do tempo de Puskas e Kocsis) mas a tarefa não será fácil, como já se percebeu.
A Equipa
O treinador alemão Bernd Stock assumiu o cargo de seleccionador no Verão de 2015, tendo perdido apenas um dos seis jogos oficiais que disputou até agora. Stock era anteriormente seleccionador da equipa de sub-20, que conduziu com sucesso ao mundial da categoria.
Na caminhada húngara foram utilizados 37 jogadores, o número mais elevado entre todas as selecções apuradas, deixando uma ideia de fartura que está longe de corresponder à verdade. Entre os que acabaram por ficar de fora está Daniel Tözsér, experiente médio do QPR (Championship) que fez grande parte da sua carreira em Itália.
Destaque para a presença do guarda-redes Gábor Király, que aos 40 anos é o jogador mais velho entre todos os presentes em França.
A Figura: Balázs Dzsudzsák
Está quase tudo dito quando a figura da equipa joga no Bursaspor, 11º classificado do campeonato turco. Mas pela importância que teve na qualificação, Dzsudzsák merece umas palavras.
O capitão da selecção turca é um médio-ala esquerdino de 29 anos que foi por várias vezes associado a clubes portugueses. O auge da sua carreira ocorreu no futebol russo, onde chegou para o Anzhi proveniente do PSV a troco de 14 milhões de Euros, valorizando-se ainda ao ponto de ser comprado seis meses depois pelo Dínamo de Moscovo por 19 milhões.
Esta época chegou à Turquia já em “ocaso” aparente marcando apenas três golos no campeonato, mas o seu ponto forte sempre foi a “oferta” de golos aos colegas, nomeadamente através de cruzamentos teleguiados.
Na liga turca registou uma eficácia de cruzamento de 34%, algo que fez dele o melhor do campeonato neste parâmetro, mas Dzsudzsák destaca-se ainda pela facilidade com que cria perigo através de lances de bola parada. Se quiser sonhar com uns pontinhos, a Hungria vai precisar dele no seu melhor.
Aposta GoalPoint: Tamás Kádár
Kadar deu nas vistas ainda em adolescente, o que lhe valeu uma transferência para o Newcastle no longínquo ano de 2008. Lá passou quatro anos e meio, quase sempre na equipa de reservas, acabando por sair do clube com apenas 18 jogos feitos na equipa principal.
Kadar é um lateral-esquerdo alto e que, por isso, também pode actuar como defesa-central. O húngaro-se destaca particularmente pela sua eficácia nos duelos, tanto aéreos como pelo solo. Na fase de qualificação saiu vencedor em 65% dos duelos que disputou e registou uma média de 9.5 acções defensivas por jogo, sobretudo através de alívios.
Tendo em conta que a Hungria vai passar a maioria dos seus jogos em posição defensiva, Kádár pode ser uma ajuda preciosa no centro da defesa e é aí que tenderá a dar nas vistas, já que ofensivamente é quase nulo o que pode oferecer.
Confessamos: Kádár é, entre todas as apostas GoalPoint, a que menos nos entusiasma mas, inscrito num elenco no qual a qualidade não abunda, o húngaro pode sobressaír, na medida do possível.
Em condições normais, a única esperança da Hungria estará no embate com a Islândia, o qual, conseguindo vencer, poderá chegar para garantir uma vaga entre os melhores terceiros.
No entanto, realisticamente falando, é provavelmente a mais fraca selecção deste Europeu, e Portugal num dia inspirado poderá ter condições para aplicar uma das maiores goleadas da competição.