Evanilson: que rating é esse, GoalPoint?

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Volta e meia temos um caso destes. Numa era em que nos habituámos a esperar um “10” automático no FIFA 22 caso somemos um “hat-trick” ou a esperar notas generosas em aplicações de rating fácil, os GoalPoint Ratings atribuídos pelo nosso Antunes nem sempre são consensuais. O caso de Evanilson frente ao Belenenses SAD volta a ser um caso desses, logo… um bom exemplo para não só explicar o porquê da coisa como também permitir a quem nos segue compreender melhor o nosso trabalho e perceber porque, por vezes, parecemos aquele professor universitário que quer guardar os “vintes” todos na gaveta, só para ele.

Mal publicámos o statcard de Evanilson percebemos que este seria um caso polémico. Porque razão um jogador que soma três golos, fundamentais numa vitória que até foi obtida de reviravolta, não somou um 10.0 ou perto disso? Ora cá vai uma explicação rápida.

Ponto prévio: o rating diverte-te mas foi criado para outro fim

Nada nos entusiasma mais do que a popularidade que o nosso trabalho ganhou ao longo destes sete anos. O GoalPoint Rating é hoje acompanhado pelos jogadores, discutido nas redes, motivo da piada que já nos devia ter levado a lançar uma nova t-shirt (“Se fosse o Messi tinha 10!”) e motor de jogos dirigidos aos GoalPointers.

Mas, para lá de tudo isto, importa sempre relembrarmos que o rating foi criado e é usado pela GoalPointPro, a nossa área que trabalha directamente com o futebol profissional (treinadores, clubes, agentes, jogadores). Ora nesse contexto o objectivo do algoritmo não passa pelo consenso, mas sim pela relevância analítica no apoio ao nosso trabalho, gerando alertas que confirmam o que a mera observação nos sugere ou desmentem-na, despertando a nossa curiosidade para com o desvio.

[ Neste jogo, Evanilson obteve um rating ainda melhor marcando “apenas” um bis. Como é possível GoalPoint? ]

O que jogou Evanilson, para lá dos golos?

Posto, há que olhar ao que interessa: o que jogou Evanilson e o que o impediu de somar um rating ainda mais elevado? Vamos a isso, explicando ao mesmo tempo alguns princípios fundamentais do rating.

Os golos não valem todos o mesmo

Ao contrário do já referido “FIFA 22”, os golos não valem todos o mesmo na hora de contabilizar o GoalPoint Rating. O contexto da execução, desde o local do remate e a forma como é executado o disparo, são tidos em conta pelo algoritmo, o que faz com que, por exemplo, uma grande penalidade contribua menos para o rating do que um remate para golo, de primeira, de fora da área. Nenhum dos golos obtidos por Evanilson é de alguma forma desvalorizado na hora de contabilizar o seu rating, nem o podiam ser, tendo em conta a forma como executou, mas no próximo ponto virá a surpresa, introduzida no quadro a seguir, por uma discreta, mas fatal “setinha azul”…

[ Os cinco remates de Evanilson no jogo, quatro deles enquadrados, três para golo ]

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O que se falha também conta…

O statcard de Evanilson não o refere, mas o brasileiro desperdiçou uma ocasião flagrante e isso também influencia (negativamente) o seu rating. Curiosamente, o falhanço ocorreu no lance em que mais se esperava (estatisticamente) que Evanilson marcasse: aos 45’+2 o brasileiro permitiu a defesa de Felipe num lance à queima-roupa que, no momento do remate, tinha 64% de probabilidade de golo (xG).

[ Os Expected Goals dos remates de Evanilson (a amarelo os golos, a azul e vermelho os enquadrados e desenquadrados sem final feliz. Quanto maior o círculo mais expectável era o golo ]

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… e o resto do que se faz em campo também

Para lá dos golos importa ter em conta que todas as acções, com bola ou em função dela, contam para o rating. Se o jogo de Evanilson foi brilhante no capítulo da finalização (com excepção do lance já referido), a verdade é que a sua restante folha de serviço ajuda a perceber porque não acumulou as bonificações suficientes a um rating mais raro.

  • Somou 39 acções nos 90 minutos, com 10 delas a terminarem em perda de posse (cerca de 26%. Não é mau para a posição, mas também não é bom).
  • Não fez qualquer passe de finalização para colegas (ou sequer tentativa) e, dos 25 passes que tentou, apenas um foi aproximativo. Falhou ainda um passe em zona de risco.
  • Disputou três duelos aéreos, mas não ganhou nenhum.
  • Não finalizou (ou sequer tentou) qualquer drible.
  • Acumulou quatro controlos de bola deficientes (o máximo de jogo, a par de outro colega com um rating polémico, Fábio Vieira)
  • Conquistou duas faltas, mas também caiu duas vezes em fora-de-jogo, o máximo do jogo.

[ Evanilson tentou 25 passes mas nenhum deles para finalização ou sequer para o interior da área contrária ]

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O GoalPointer dirá que tudo isto são pormenores. E nós concordamos, mas também é para os medir e analisar que cá andamos. E a verdade é que somando o contexto dos golos (inclusive o desperdiçado) aos “pormenores”, fica mais fácil perceber o porquê de Evanilson não ter um rating “maradoniano” que alguns esperavam.

Casos como os de Evanilson frente ao Belenenses SAD são aqueles que nos despertam curiosidade, pois é precisamente para isto que serve o GoalPoint Rating: para nos alertar para o desempenho para lá do óbvio. Nenhum apaixonado (ou profissional) de Futebol necessita de um algoritmo que lhe diga que um jogador que fez um “hat-trick” realizou um jogo memorável. Mas muitos precisam (e valorizam) a existência de um rating que lhe revele o que merece atenção e complementa o que observou, para lá das evidências.

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