Expected Goals: quem são os eficazes e os perdulários da Liga 21/22?

-

O conceito de Expected Goals veio para ficar, ao ponto de ser motivo de perguntas e pedidos frequentes por parte dos GoalPointers. O que é isto dos Expected Goals? “Literatura” não falta (link), explicando que indicador é este e o porquê do crescendo de popularidade que vem tendo, mas aqui fica, já a seguir, uma explicação rápida para quem ainda não se tenha cruzado com o “palavrão” e queira usufruir do que vamos revelar, sem perder muito tempo.

O que são os Expected Goals (se já sabes salta à frente)

O indicador de Expected Goals (xG) – “Golos Esperados” em português – traduz a probabilidade de uma situação de pré-remate ser convertida em golo, à luz do histórico de milhares de situações de golo cujo contexto seja comparável com o lance analisado. A distancia, a posição/pressão dos adversários e até o posicionamento do guarda-redes são indicadores que influenciam o cálculo, pois mesmo quando dois jogadores preparam um remate exactamente do mesmo lugar, o que os rodeia raramente é idêntico.

[ A explicação oficial da Bundesliga para o conceito de Expected Goals (xG). O indicador não diz tudo, mas é cada vez mais popular ]

Mas atenção: na ponderação do xG de um remate conta tudo, até… ao remate. A partir daí, e caso o remate seja enquadrado, entra em campo um “derivado” igualmente interessante, o Expected Goals on Target (xGOT, Golos Enquadrados Esperados) e esse sim pondera a execução e colocação de um remate enquadrado, no cálculo de a sua probabilidade terminar no fundo das redes.

O conceito de xGOT será importante neste artigo, pois permitiu também o aparecimento do indicador Expected Saves (xS, defesas esperadas), aplicado aos guarda-redes, e que nos dá conta da probabilidade de o guardião travar um remate. Exemplo? Se um avançado dispara um remate com 0,42 de xGOT isso significa que executou um tiro com 43% de probabilidades de resultar em golo. O guardião, por sua vez, fica com a desafio de defender um remate com 58% (0.58) de probabilidades de defesa.

Ora finda a “aula”, vamos ao que interessa. Ainda só se passaram oito jornadas na Liga Bwin 21/22, mas já foi o suficiente para surgirem vários pontos de discussão e interesse que se tornam ainda mais relevantes, se puxarmos pelos Expected Goals (e derivados) da Liga.

Estará Paulinho (Sporting), de facto, a protagonizar o desperdício ofensivo atribuído ao Sporting, inclusive pelo próprio treinador? O que dizem os Expected Goals do melhor marcador da Liga, Luis Díaz (Porto)? E no que toca aos guardiões? Será o impressionante Samuel Portugal (Portimonense) o maior “shot stopper” da prova, após a incrível exibição na Luz? Vamos a isto, com factos.

Os craques em sobreprodução 

Comecemos pelas boas notícias: são vários os jogadores que estão a marcar mais golos do que lhes seria exigível à luz das probabilidades. E são logo três os nomes em destaque, todos com os mesmos golos marcados e partilhando o mesmo “superavit” probabilístico. Falamos do avançado André Luís (Moreirense), do extremo Gustavo Sauer (Boavista) e ainda de Ricardo Horta (Braga). Todos levam mais dois golos marcados do que seria expectável, partilhando todos o mesmo registo goleador: quatro tentos.

[ Este golo de André Luís parece fácil… mas só para quem não anda lá dentro; no sítio e contexto em que recebe a bola, o lance tinha apenas 6% (0,06 xG) de probabilidade terminar no fundo das redes. Mas terminou… ]

No entanto, o caso de André Luís é o mais impressionante, pela positiva, pois atingiu o seu pecúlio em apenas 269 minutos jogados. O uruguaio Juan Boselli junta-se ao brasileiro neste particular, por não só ter transformado migalhas (0,2 xG) em dois golos, mas também por ter acontecido em apenas 114 minutos de utilização.

Destacamos ainda o outro português do top, Nuno Santos, cedido esta época pelo Benfica ao Paços de Ferreira e que leva já três golos, quando seria de esperar apenas um a sair dos seus pés, os mesmos que surpreenderam Diogo Costa, de longa distância, no Dragão.

Clica para ampliar

E os melhores marcadores?

O já referido André Luís faz nova “perninha” num top, desta vez nos melhores marcadores da Liga. E mais uma vez o brasileiro que salta do banco para marcar volta a brilhar face os demais, com a maior sobreprodução do top.

Ainda assim existem outros nomes em foco, começando pelo colombiano Luis Díaz, que lidera sem ser um homem de área com mais um golo marcado do que lhe seria exigível, o mesmo rácio que o surpreendente Fran Navarro, o espanhol que já leva dois bis e vai dando golos ao bom futebol praticado pelo Gil Vicente neste arranque.

[ Fran Navarro abriu a sua conta na Liga com um remate de fora da área com 4% de probabilidade de golo (0,04 xG) ]

Iuri Medeiros é outro extremo com desempenho notável neste particular (cerca de +2 golos do que seria expectável), com o ucraniano Roman Yaremchuk a fechar o top, detentor de um rácio mais perto da equivalência entre o que aproveitou e o que lhe seria atribuível.

Clica para ampliar

Os perdulários

Paulinho, Paulinho… . O avançado tem sido tema de debate entre adeptos pois os golos tardam, após ter aberto a época fazendo o gosto ao pé. E a verdade é que, não sendo os seus instintos goleadores favorecidos nem pela ideia de jogo de Amorim nem pelo que o treinador lhe pede, a verdade é que, de facto, o avançado está em “dívida”, aliás a maior da Liga até agora.

Paulinho marcou um golo, mas os Expected Goals exigiam-lhe cerca de quatro por esta altura, o que o coloca com três golos em falta, o saldo mais negativo da prova, à oitava jornada.

Ainda assim existem outros casos curiosos, num ranking que todos querem evitar. Entre os quatro homens que devem entre dois a três golos às suas equipas sem terem marcado qualquer tento destacam-se dois, pelos poucos minutos que precisaram até atingir tal prejuízo. E se o caso de Gonçalo Ramos já é curioso (os três golos “perdidos” do avançado do Benfica surgiram em 294 minutos jogados) o que dizer de Bouldini (Santa Clara), que desperdiçou situações para 2,4 golos em apenas… 94 minutos! Melhores dias virão certamente, para todos os protagonistas deste top, tendo em conta a sua qualidade.

Os homens que travam as probabilidades

A fantástica exibição de Samuel Portugal na Luz serve de chamariz perfeito ao último tema desta análise. Que guardiões trazem no bolso o maior crédito de golos evitados, ao serviço das suas equipas? A resposta é liderada por Antonio Adán, o campeão nacional que, entre os postes, vai compensando o desperdício de Paulinho e Cia, lá na frente. O espanhol sofreu quatro golos mas já evitou outros tantos, feitas as contas à diferença entre as defesas que realizou e os xGOT dos remates que enfrentou.

Clica para ampliar

Logo a seguir a Adán surge o “viral” Samuel Portugal, cuja posição no top foi assegurada com a brutal exibição que realizou na Luz, onde salvou a sua equipa de sofrer 2,8 golos num só jogo e reforçou as razões para o interesse do rival Sporting no seu concurso, conforme noticiado no último Verão.

[ Os impressionantes números de Samuel Portugal na última jornada, na Luz ]

GoalPoint-Benfica-Portimonense-Liga-Bwin-202122-MVP
Clique para ampliar

Os outros dois guardiões dos “grandes” também surgem em bom plano, com o mesmo número de golos sofridos (5), mas com Odysseas a reclamar cerca de três golos salvos, contra cerca de dois do portista Diogo Costa. Entre eles surge o massacrado Luiz Felipe, da Belenenses SAD. Os 12 golos que já encaixou fazem dele o quarto guarda-redes mais batido na Liga, mas o jovem brasileiro podia mesmo ser o “redes” com mais golos sofridos, caso não tivesse já cerca de dois golos em crédito, no somatório das suas defesas.

GoalPoint
GoalPoint
O GoalPoint.pt é um site produzido pela GoalPoint Partners, uma start-up especializada em análise estatística de futebol, que oferece serviços dirigidos a profissionais, media, patrocinadores/anunciantes e adeptos.