Na época de estreia no escalão máximo do futebol nacional, Fábio Abreu vive, na plenitude dos seus 27 anos, o momento mais fulgurante da carreira. Até ao momento, o avançado já apontou 12 golos – dez na Liga NOS – nos 26 jogos em que foi utilizado, sendo que 24 partidas aconteceram foram na principal prova nacional. E as últimas semanas do “artilheiro” têm sido diabólicas: há seis jornadas consecutivas que marca no campeonato, algo que nenhum outro jogador fez até agora nesta época – apenas Carlos Vinícius e Tiquinho Soares chegaram perto, quando fizeram golos em quatro rondas de rajada.
🇵🇹 35' | Moreirense 1 – 0 Marítimo
Fábio Abreu eleva para 6⃣ o número de jogos consecutivos a marcar, isolando-se ainda mais como autor da melhor série goleadora na #LigaNOS 19/20 💪🔥🔥🔥#MFCCSM pic.twitter.com/0DOxGcGmqo
— GoalPoint.pt ⚽ (@_Goalpoint) March 8, 2020
Mas nem tudo foram rosas no percurso do internacional angolano, até brilhar agora no Minho. Fábio passou por vários emblemas, incluíndo o Bacup Borough e o Mossley, das divisões inferiores do futebol inglês, começando a ganhar protagonismo no Ribeira Brava, onde fez 12 partidas e apontou quatro golos, isto na época 2012/2013.
Depois, juntou-se ao Marítimo onde teve passagens pela equipa B e principal. No conjunto secundário começou a demonstrar a veia goleadora e, em 85 encontros, marcou em 24 ocasiões, números que lhe valeram uma passagem fugaz pela formação principal: oito duelos e zero golos. Finalizada a ligação aos “verde-rubros”, ingressou no Penafiel, disputando 69 partidas em duas temporadas, ao longo das quais agitou as redes contrárias com 20 golos, números que despertaram a cobiça do Moreirense. O melhor estava para vir.
Eficácia que os números comprovam
Fábio é a referência ofensiva do emblema minhoto, rápido, (suficientemente) alto – 1,82m, e com uma técnica assinalável, é entre os jogadores com pelo menos cinco golos marcados na prova, o segundo com melhor percentagem de remates convertidos em golo, correspondente a 28,6% de eficácia, apenas ficando atrás do melhor marcador da Liga, Carlos Vinícius – 22 encontros e 15 golos (31,9%) -, e ficando à frente de nomes como o Luiz Phellype – 16 partidas e seis golos (27,3%) -, Alex Telles – 23 partidas e oito tentos (25%) – e de Pizzi – 24 jogos e 14 golos (24,1%).
Dos dez golos do ponta-de-lança dos cónegos, nenhum nasceu da marca dos 11 metros, sendo produto de um total de 35 remates, ou seja, um golo a cada 3,5 disparos. Abreu é ainda protagonista de uma excelente taxa de conversão de ocasiões flagrantes: apontou 62% das 13 flagrantes que dispôs até ao momento nas 24 jornadas da Liga que disputou.
Relativamente à diferença entre os golos apontados e os expected goals (xG) de que dispôs, o camisola 29 do Moreirense tem um saldo positivo de 2,1 – dez golos para 7,9 xG -, sendo o quinto saldo positivo mais elevado na prova, numa variável composta liderada por Carlos Vinícius com 4,0 positivos – 15 golos e 11,0 xG. Não é para qualquer um.
Uma época em crescendo
Titular em 19 dos 24 duelos em que entrou em cena, o atleta tem vindo a ter uma época em crescendo. Após ter feito um golo na segunda jornada, no triunfo por 3-0 diante do Gil Vicente, apenas voltou a deixar a sua marca no campeonato na ronda 12, quando bisou na recepção ao Desportivo das Aves (3-2). Depois, foram mais três jornadas de “jejum” até voltar a marcar no desaire ante o FC Porto (2-4), e até entrar neste período demolidor esteve sem marcar nas jornadas 17 e 18. A partir daí, Gil Vicente, Vitória, Portimonense, Santa Clara, Benfica e Marítimo não tiveram antídoto para travar o goleador.
Ainda com margem para melhorar, Fábio Abreu faz quase dois remates a cada 90 minutos até ao momento na Liga NOS, sendo que 45% dos seus “tiros” realizados nas grandes áreas foram enquadrados à baliza adversária. Letal, 62% das ocasiões flagrantes gizadas foram convertidas, fez, ainda, nestes 1627 minutos em que actuou, 0,8 passes para finalização, que resultaram num total de duas assistências para golo, e venceu uma média 45% de duelos aéreos ofensivos por encontro. Um goleador que está numa fase insaciável e que promete não ficar por aqui.