Fede Valverde, o fiel escudeiro de Ancelotti

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Neste segundo reinado de Carlo Ancelotti ao leme do “condado” madrileno, o treinador italiano tem contado com o precioso auxílio de diversos “soldados” nos quatro troféus – Supertaça espanhola, La Liga, Liga dos Campeões e Supertaça europeia – que os “merengues” arrebataram nos últimos meses.

Courtois tem sido (quase) intransponível na baliza, Alaba é um espécie de porto-seguro no centro da defesa, Kroos ressurgiu e voltou a exibir-se em todo o seu esplendor, Modric, qual vinho do Porto croata, continua a encantar, Benzema é o goleador e “maestro” da orquestra e Vinícius Júnior é o espalha brasas que atormenta os defensores adversários. Há, no entanto, uma peça imprescindível, que nem sempre tem o destaque que já merece, mas que é (também) um fiel escudeiro para o experiente técnico transalpino.

Falamos de Federico Valverde, médio todo-o-terreno que tem vindo a ganhar cada vez mais preponderância no plantel dos “merengues”.

Futebol “rock and roll” ao ritmo do Uruguai

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A cumprir a sétima temporada ao serviço do Real Madrid, o internacional “charrúa” tem vindo a ter um percurso ascendente. Na temporada passada foi determinante, esta época tem vindo a consolidar o estatuto no arranque deste ciclo 2022/23, e os números – sempre eles – consubstanciam isso mesmo: a cada 90 minutos regista 2,4 remates, sendo que 1,6 são de bola corrida; atinge os 2,0 passes para finalização, sendo que todos são de bola corrida; e acumula 28,6% no que concerne à contribuição ofensiva (golos + assistências) nos tentos anotados pelos campeões espanhóis e europeus sempre que está no terreno de jogo.

Um “box-to-box” polivalente, intenso, dinâmico, com uma técnica bastante apreciável, um sentido táctico acima do normal, com um pulmão inesgotável que lhe permite andar numa roda-viva ao longo dos 90 minutos, Fede é uma espécie de “pau para toda a obra” na equipa. No habitual 1x4x3x3 delineado por Ancelotti, actua pelo lado direito, cumprindo a dupla missão de fechar por dentro, equilibrando a equipa como o quarto homem do meio-campo e no processo defensivo, e de esticar o jogo pelo flanco quando a missão passa por atacar a baliza do antagonista… Faltava finalizar com outra eficácia, algo que o jogador parece ter treinado durante as férias.

[ Acções com bola (à esquerda), remates e passes para finalização de Valverde na La Liga 22/23 ]

“Parecia-me estranho o facto de no ano passado ter apenas marcado um golo. Disse-lhe ‘se não marcares pelo menos dez golos numa temporada, vou rasgar o meu cartão de treinador’.  Até marcou com o pé esquerdo, o que significa que está a ganhar confiança. Melhor do mundo? Teremos de esperar um pouco”, afirmou o timoneiro do Real após o “seu fiel escudeiro” ter inaugurado o “placard” no triunfo por 2-0 ante o Leipzig, a contar para a segunda jornada do Grupo F da Liga dos Campeões.

O repto lançado pelo italiano foi aceite e, em apenas seis partidas oficiais, Valverde já leva três remates certeiros, batendo o magro golo que apontou nos 46 encontros que registou na pretérita temporada.

“No Real Madrid tenho um papel importante, mas por vezes o jogo nem sempre gira em torno de mim. Sinto-me importante com Ancelotti, mas o nosso futebol também passa por outros colegas. Posso ajudar em inúmeras fases do jogo e tecnicamente sinto-me capacitado para isso. Em contrapartida, na selecção do Uruguai ocupo uma posição diferente, tenho mais liberdade, estou mais solto e isso, talvez, faz com que tenha outra responsabilidade que ainda não tenho tanto no clube”, afirmou recentemente o jogador em entrevista ao diário Marca.

Resgatado em 2016 ao Peñarol, Fede, que deverá estar na lista do Uruguai, um dos adversários de Portugal no próximo Mundial, no Grupo H, esteve na mira do Liverpool que, segundo a Imprensa especializada, terá chegado a acenar com €100M para assegurar o passe do atleta, mas a proposta foi recusada e o futuro deverá continuar a ser “blanco” pelo menos até 2027, altura em que cessa o vínculo que prorrogou há poucos meses.

Leonel Gomes
Leonel Gomes
Amante das letras, já escreveu nos jornais A Bola, Público e o O Jogo, dedicando-se também ao Social Media Management desde 2014. Tornou-se GoalPointer na "janela de mercado" do verão de 2019.