No Brasil, o fenómeno em torno do Flamengo e de Jorge Jesus não pára de crescer, em paralelo com aquela que é a grande figura da formação do Rio de Janeiro, Gabriel Barbosa, mais conhecido por Gabigol. A qualidade que o avançado empresta à equipa é por demais evidente, mas será, talvez, mais extraordinária essa constatação junto dos europeus.
O jogador já passou pela Europa, contratado pelo Inter de Milão ao Santos no início de 2016/17 e emprestado durante alguns meses ao Benfica. Na época e meia que esteve nos palcos europeus, Gabriel mostrou apenas alguns fogachos daquilo que patenteia praticamente todas as semanas no Brasil, com exibições de grande nível pintadas a golos e assistências.
A explosão de Gabigol pode ser, em parte, assacada a Jorge Jesus, pois o jogador apresenta números de desempenho cada vez melhores, mas a verdade é que sempre mostrou uma qualidade superior, desde que jogando na sua terra natal, inclusive no Santos, emblema que representou de 2013 a 2016, com um registo de 206 jogos disputados e 83 golos apontados em todas as competições.
No Mengão, emprestado pelo Inter, soma impressionantes 30 golos em 40 partidas, com 16 tentos e três assistências em 15 desafios do Brasileirão 2019, números em crescendo – a que não será alheio o facto de actuar de forma mais livre na frente de ataque, na estratégia do treinador português, e não tanto a extremo puro como no “Peixe”. Olhando para as estatísticas recentes, os quase quatro remates que faz a cada 90 minutos e os 68% de conversão de ocasiões flagrantes dizem muito do sucesso do avançado no Flamengo.
Os 16 golo de Gabriel tornam-no no artilheiro maior deste Brasileirão, registando mais seis tentos que o segundo colocado, o avançado Gilberto, do Bahia. Aliás, Gabigol soma, neste final de primeira volta do campeonato brasileiro, 19 acções para golo, ou seja, teve uma participação directa em 45% dos 42 tentos do Flamengo, a uma cadência de uma acção para golo a cada 67 minutos (ou 1,3 a cada 90) na prova. Em comparação com a época passada, o avançado está a somente uma acção para golo do total que alcançou no Santos, em menos de metade dos minutos jogados.
Vamos lá, Nação! Pelas lentes do estagiário, o GOLAÇO do artilheiro do @Brasileirao. Senhoras e senhoras, GABIGOL! #FLAxSAN #CRF pic.twitter.com/8MInZ8A9VY
— Flamengo (@Flamengo) September 14, 2019
No Inter não fez mais do que dez jogos no total, com um só golo apontado (num dos nove desafios na Serie A transalpina), enquanto pelos “encarnados” fez um golo em cinco desafios (num jogo da Taça de Portugal contra o Olhanense). Poderemos não estar perante um “ressuscitar” de Gabigol, pois no Brasil esteve sempre em evidência, mas certamente mostrou uma certa “alergia” ao futebol europeu, ao mesmo tempo que volta a despertar a atenção do mundo do futebol.
Fica, assim, a questão: por que motivo Gabigol não apresentou semelhantes prestações na Europa, quer em Itália, quer em Portugal?