Gonçalo Ramos, o Emir dos Ratings do Qatar 👑

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Chegou, marcou três vezes e assistiu. Gonçalo Ramos descansou e resolveu a eliminatória lusa frente à Suíça e colocou o mundo a falar do avançado que, no Verão, o Benfica ponderou vender (afirmam os jornais). Não há muito mais a dizer sobre o feito do “pistoleiro”, que respondeu com recordes à “batata quente” que foi a responsabilidade de substituir Cristiano Ronaldo na titularidade… Ou há?

Pelos vistos há. É que até Gonçalo Ramos fechar a sua assombrosa exibição, o melhor GoalPoint Rating obtido no Mundial 2022 pertencia ao eliminado Luis Chávez, o médio (associado ao interesse do FC Porto) que assinou um inglório, mas impressionante golo de livre directo frente à Arábia Saudita, na despedida mexicana do Qatar. A par de Chávez surge o jogo fantástico de Mbappé frente à Polónia, com ambos os jogadores separados por centésimas no topo das exibições estatisticamente relevantes, até surgir… a terça-feira de Ramos. Atrás deles aparecem outros nomes, todos com ratings elevados (entre 8.0 e 8.6), de Messi (vs. Austrália) a Arrascaeta (na despedida uruguaia frente ao Gana), passando por Kovacic ou Gavi, todos autores de exibições individuais superlativas. Só que o melhor estava para vir…

[ As duas melhores exibições do Mundial… até aparecer um “pistoleiro” ]

Ora Gonçalo Ramos somou-lhe mais um ponto inteiro, ficando a apenas duas décimas do primeiro rating perfeito de sempre num Mundial coberto pela GoalPoint, que podia muito bem ter chegado caso o português tivesse permanecido mais minutos em campo ou não tivesse desperdiçado uma ocasião flagrante de golo, travada pelas mãos de Sommer ainda no primeiro tempo.

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A exibição de Gonçalo Ramos foi cirurgicamente magistral. O termo não é escolhido ao acaso, pois o avançado somou as quatro acções para golo em apenas 27 acções com bola, nos 71 minutos que esteve em campo. Dessas, oito resultaram em perdas de posse, mas tudo o resto ficou bem perto da perfeição: cinco remates enquadrados em quatro tentados, três duelos aéreos ganhos em cinco disputados, três passes falhados em dez tentados e a tal “maldita” ocasião flagrante perdida que acabou por impedir um “poker” ainda mais histórico.

A maldita ocasião flagrante falhada (curiosamente o lance com maior probabilidade de golo da partida) foi a única “nódoa” na tapeçaria de enorme qualidade que Ramos teceu.

[ Os remates de Gonçalo Ramos, a amarelo os golos, a azul os enquadrados ]

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Este foi o primeiro “hat-trick” do Mundial 2022. Ramos tornou-se apenas no quarto jogador português a marcar três golos numa fase final de um Campeonato do Mundo, depois de Eusébio em 1966, contra a Coreia do Norte, Pauleta em 2022, ante a Polónia, e Cristiano Ronaldo em 2018, frente à Espanha, e é o mais jovem luso a marcar em eliminatórias da prova, ultrapassando Eusébio. Mais, é o mais jovem a marcar três golos num Mundial, depois de… Pelé.

Para o conseguir, o ponta-de-lança do Benfica enquadrou cinco dos seus seis remates na partida. Ninguém mais do que Gonçalo enquadrou tantos disparos neste certame, sendo que há outros seis jogadores com um total de quatro, e está no lote dos futebolistas com cinco remates dentro da área, terceiro valor mais alto.

[ Os Expected Goals (à esquerda) e a direcção dos disparos de Ramos frente à Suíça, cinco (em seis) enquadrados ]

No mapa de cima à esquerda pode-se constatar os Expected Goals (xG) dos remates de Gonçalo Ramos, sendo que quanto maiores os círculos, maior o xG. A grande bola azul é o lance em que o português desperdiçou a sua ocasião flagrante, numa grande defesa de Yann Sommer, um remate com cerca de 0,5 xG. Contudo, tal não impediu Gonçalo de ter sido um dos jogadores com melhor saldo entre xG e golos marcados num só jogo, com três tentos em 1,3, uma diferença de mais 1,7 tentos (Bukayo Saka, nos dois golos que marcou ao Irão com apenas 0,2 xG, apresenta o melhor saldo positivo, com 1,8).

Portugal, o reino da eficácia

[ Os locais de onde foram feitos os remates de Portugal, com a dimensão do círculo a representar a probabilidade/expectativa de golo ]

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Olhando para o lado colectivo, a goleada de Portugal à Suíça também fixou um registo máximo num só jogo, na hora de medir a maior eficácia goleadora neste Mundial. Os lusos criaram 2,1 Golos Esperados (xG, Expected Goals) e fizeram seis golos, ou seja, suplantaram em cerca de quatro golos o que seria exigível face às situações de remate de que dispuseram. O segundo registo é também o do Inglaterra-Irão da primeira jornada, com os britânicos a fazerem mais 3,9 tentos do que era esperado nos seus (bom, umas centésimas abaixo do conseguido por Portugal).

A turma lusa conseguiu um total de nove remates enquadrados, quarto registo mais alto num jogo deste Mundial, fez 11 disparos de fora da área, também quarto valor, mas também fez 19 faltas, quinto mais alto, sinal que pode também ser visto como de compromisso e intensidade.

Se esta é a Selecção Nacional que vamos ter a partir de agora, só há razões para sorrir e acreditar numa campanha histórica, que pode chegar longe, muito longe. Sonhar não paga impostos.

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