O uruguaio Darwin Núñez é, pela segunda vez esta época, o Jogador do Mês GoalPoint, desta feita referente a Fevereiro. Após a distinção de Dezembro, o atacante deu seguimento à boa temporada que vai rubricando, fugindo à mediania e irregularidade que tem caracterizado a temporada do Benfica. Como veremos mais à frente, Darwin soube potenciar algumas das suas principais características, realçando umas, mas de certa forma sacrificando outras, algo que acabou por beneficiar algo muito importante num avançado: a concretização.

Para a contabilidade de Fevereiro incluem-se quatro jornadas, da 21ª à 24ª, período no qual o benfiquista foi o melhor de entre todos os jogadores que disputaram mais de 240 minutos na Liga Bwin. Darwin foi MVP em duas das jornadas em que participou, esteve perto disso noutra e apenas esteve apagado numa delas, terminando este período com números que mais do que sustentam a nomeação e o GoalPoint Rating acumulado final.

A infografia acima mostra os dados primordiais de Darwin em Fevereiro, mês durante o qual foi o melhor marcador da Liga, com cinco golos, mais dois que os mais directos perseguidores, Ricardo Horta, Simon Banza e Petar Musa. Em duas dessas partidas, precisamente nas que foi o melhor em campo, bisou e ampliou a sua conta pessoal no campeonato para 20 golos, sendo, nesta altura o melhor marcador destacado da prova. Destaque também para a facilidade de remate (11 no total) e a grande presença nas grandes áreas contrárias, onde acumulou 25 acções.

MVP com açorianos e minhotos

O jogo do Benfica na casa do Boavista, no qual os lisboetas estiveram a ganhar por 2-0 e acabaram por empatar 2-2, foi a excepção num mês profícuo e o único desafio em que Darwin ficou em branco. O seu rating nessa partida contrasta com os restantes três. Na jornada 21, com o Tondela, Darwin não foi o melhor em campo, mas terminou com um excelente 7.5, com um golo marcado, dois remates enquadrados em três, um ao ferro e nove passes aproximativos recebidos. Na jornada 22, no Estádio da Luz, bisou no triunfo benfiquista sobre o Santa Clara, de novo enquadrando dois remates em três, e voltou a ser muito solicitado em passes aproximativos.

A ronda 23 foi a tal em que esteve muito apagado frente ao Boavista, mas logo a seguir, na recepção ao Vitória de Guimarães, brilhou intensamente, com um excelente GoalPoint Rating de 8.2, fruto de dois golos (o primeiro deles extraordinário e que pode ver mais abaixo nesta peça), e novamente muitos passes aproximativos recebidos, sendo claramente um alvo preferencial do futebol construído pelos seus colegas. Foram 302 minutos jogados em Fevereiro, poucos desperdiçados.

Uma fase de grande eficácia

O mapa abaixo mostra todos os 11 remates realizados por Darwin nas quatro jornadas que disputou em Fevereiro e reflecte uma competência assinalável neste “pormaior”.

[ Os 11 remates de Darwin nas três jornadas disputadas em Janeiro – a amarelo os golos, a azul os enquadrados ]

Desses 11 disparos, seis deles foram enquadrados. O extraordinário é mesmo o facto de cinco desses seis remates à baliza terem dado golo. Darwin terminou o mês com uma taxa de conversão de remates de 45,5%, máximo entre jogadores que, no mês passado, realizaram mais do que quatro “tiros”. No que toca a remates de bola corrida (10), a taxa de conversão foi, claro está, de 50%, um número que sublinha a principal qualidade do uruguaio nesta fase, a eficácia.

Uma grande mobilidade

As características de Darwin são bem conhecidas. Veloz, imprevisível, bom no drible, com grande capacidade para jogar no limite do fora de jogo e mudar de velocidade, o avançado cai muito para o flanco esquerdo, mas nesta fase, como se pode ver no mapa abaixo, esteve um pouco por todo o lado.

[ As acções com bola de Darwin em Fevereiro na Liga 21/22 ]

O facto de ser utilizado umas vezes na esquerda, outras no eixo central, contribuiu muito para esse facto, mas nota-se que o jogador tem diversificado as suas zonas de acção, recuando muito no terreno para receber jogo e acorrendo aos tais passes aproximativos que costuma receber com grande regularidade.

[ Acções com bola na área, proveniência dos remates (centro) e Expected Goals de Darwin em Fevereiro ]

Porém, a sua “praia” é mesmo a grande área. Em Fevereiro, Darwin somou 25 acções com bola nas áreas contrárias (mapa de cima à esquerda), sendo o terceiro valor absoluto, segundo quando olhamos para médias (7,5 por 90 minutos) – sempre atrás dos números de Mehdi Taremi, de 30 absolutos, 9,0 em média.

No remate (mapa do centro), além dos golos e dos enquadrados que já falámos em cima, Darwin registou uma média de 3,3 por 90 minutos, tendo 1,8 sido de bola corrida. Quanto a passes para finalização, o benfiquista foi o terceiro ponta-de-lança nesta variável, com uma média de 1,8, ocupando o mesmo lugar no pódio no que toca a ocasiões flagrantes criadas (0,6), mas uma das principais estatísticas de Darwin neste período foi mesmo o passe aproximativo – aproximação à baliza de pelo menos 25% e no mínimo de oito metros – recebido, tendo sido o quinto jogador nesta variável, com 11,1 em média.

Darwin foi, em Fevereiro, o jogador que acumulou mais Expected Goals (xG), que podem ser conferidos no mapa em cima à direita, nada menos que 3,3. Sendo assim, o atacante conseguiu mais 1,7 golos, ou seja quase mais dois tentos, do que aqueles que eram expectáveis.

[ O extraordinário golo de Darwin de cabeça ao Vitória SC ]

Mais acções para golo que jogos

Este é o statscard de Darwin Núñez esta temporada na Liga Bwin, com um GoalPoint Rating acumulado muito acima da média.

Ao momento, o uruguaio regista o segundo melhor rating da temporada, apenas atrás de Luis Díaz, que foi o melhor do mês de Janeiro, mas já deixou o FC Porto, rumo ao Liverpool. De destacar o facto de, em 20 jogos, o jogador “encarnado” somar 22 acções para golo, correspondentes a 20 tentos e duas assistências, correspondendo a 45,8% de peso directo nos golos marcados pelo Benfica consigo em campo.

Após 24 jornadas, é o segundo em média de acções com bola na área contrária por 90 minutos (8,9), o quarto em remates (3,6), o terceiro em disparos de bola corrida (2,9) e o líder em remates convertidos em golo (36,4%). Um jogador que mudou muito o seu jogo desde a época passada, menos interventivo a assistir os companheiros, no drible, mais focado a aproveitar as características dos adversários para potenciar ao máximo a sua veia goleadora. E tem-no conseguido.

Parabéns Darwin!

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Notas metodológicas:

1. O GoalPoint Rating mensal é atribuído com base no desempenho consolidado de cada jogador no somatório dos minutos disputados ao longo do período em análise e não sobre a média de cada rating que lhe é atribuído em cada jogo.
2. Os dados estatísticos de cada partida são auditados, até 48 horas após o término do jogo, pela Opta, o nosso provedor e parceiro estatístico. Tal revisão, que visa garantir a qualidade e fiabilidade para fins profissionais (vide mais informação em GoalPoint Pro), tem impacto nos dados de desempenho agregados dos jogadores e, consequentemente, o seu GoalPoint Rating acumulado.