Pela primeira vez desde Fevereiro de 2021 temos um Jogador do Mês GoalPoint Ratings que não pertence ao FC Porto. Otávio Monteiro (duas vezes), Mehdi Taremi e Sérgio Oliveira levaram as últimas quatro distinções, mas em Setembro as cores são outras. Rafa Silva bateu a concorrência, com três exibições de grande nível pelo Benfica, o líder da Liga Bwin. Tudo isto antes de brilhar com um golo seguido de uma “Naruto run“, frente ao Barcelona. Os feitos europeus não conta mas fecharam-lhe da melhor forma um mês de gala.
A voar para a vitória! #slblive pic.twitter.com/fVnQcaE6d5
— Benfica Stuff (@Benficastuff) September 29, 2021
Talvez não seja difícil explicar o porquê desta distinção. Rafa Silva tem sido um dos expoentes máximos do bom arranque de temporada do Benfica em 2021/22 – a nível interno e europeu -, adaptando-se às mil maravilhas ao papel de “vagabundo” no tridente ofensivo do 3-4-3 das “águias”, que se transforma numa espécie de 3-4-1-2 quando o veloz atacante flecte para o meio para servir os homens da frente. O que se segue são golos, assistências ou lances de desequilíbrio que ajudaram a formação da Luz a chegar a Outubro sem qualquer derrota esta temporada.
Vertigem, passe e golo

Este facto permitiu-lhe terminar com um extraordinário GoalPoint Rating acumulado de 7.51, bem à frente da concorrência – ou seja, jogadores que, nas três jornadas em análise, entre a 5ª e a 7ª, disputaram mais de 180 minutos no campeonato português. Nesta fase a consistência exibicional e o impacto que teve no futebol benfiquista foi claro, mesmo quando saiu do banco, como foi o caso da partida com o Santa Clara, da quinta jornada. Em todos eles a influência ofensiva foi grande, e isso nota-se nos números.
[ Os statscards de Rafa nas três jornadas de Setembro ]
Nessa partida nos Açores, o Benfica ganhava por apenas 1-0 ao intervalo e a sofrer pressão dos homens da casa. Após o descanso, Rafa foi lançado no jogo e, coincidência ou não (acreditamos que não), a formação lisboeta fez quatro golos. Rafa fez um deles, conseguindo ainda completar quatro de cinco tentativas de drible e receber sete passes aproximativos, o que, para o curto tempo que esteve em campo, mostra a forma regular com que foi solicitado pelos colegas de equipa.
[ O grande golo de Rafa ao Santa Clara ]
Na ronda seguinte, em casa com o Boavista, Rafa fez uma assistência para golo em dois passes para finalização, registou um passe de ruptura, recebeu dez aproximativos e foi um autêntico quebra-cabeças para a defensiva “axadrezada”, completando cinco de nove tentativas de drible. Não satisfeito, na ronda 7 foi o melhor em campo na importante vitória benfiquista por 3-1 na visita ao Vitória de Guimarães. Voltou a não marcar, mas fez mais uma assistência, criando duas ocasiões flagrantes em cinco passes para finalização. Frente a uma equipa que também atacou, Rafa teve espaço para explanar o seu futebol, completando mais quatro de cinco dribles.
[ À esquerda os 7 passes para finalização, à direita os 13 passes ofensivos valiosos ]
No período em análise, Rafa não se destacou apenas pelas acções para golo. No passe também esteve muito activo, criando perigo, como se pode constatar pelos mapas acima. Ao todo, Rafa fez sete passes para finalização em Setembro (cinco ante o Vitória de Guimarães) o terceiro valor mais alto neste período, dois dos quais terminaram em assistências para golo (só Fábio Vieira, do Porto, e Neto Borges, do Tondela, com três, fizeram mais).
Estes foram resultado de 13 passes ofensivos valiosos – entregas eficazes para os últimos 25 metros do terreno -, o terceiro registo mais elevado, ainda assim longe dos 22 de Marcus Edwards, do Vitória, e dos 19 de Ricardo Horta, do Braga, sendo que o avançado criou três ocasiões flagrantes (as três setas do meio nos dois mapas) nestas três rondas, apenas atrás das cinco de Álex Grimaldo.
[ À esquerda os 19 dribles tentados (azuis os completos), ao centro o heatmap, à direita as conduções aproximativas ]
Esta temporada, ao contrário de outras, Rafa não está tão colado às faixas, como se pode conferir pelo heatmap deste período. Não raras vezes surge no meio, nas costas dos dois pontas-de-lança, criando desequilíbrios entrelinhas antes de servir os homens da frente… ou de arrancar para correrias dificilmente travadas pelos adversários. Isto sem dar muito nas vistas, quase invisível, qual “ilusionista” do ataque benfiquista. No fundo, Rafa tem sido quase um “trequartista”, espécie em vias de extinção no futebol actual, ou mesmo um segundo avançado, posição que muitos consideram ser a mais indicada para Rafa.
Ai gostam de estatísticas com kilómetros? Cá vai
Rafa 🇵🇹 já correu 1,271 km com bola em relação às balizas adversárias, esta temporada
Só 4 jogadores em toda a Europa fizeram mais:
1⃣ Vinícius Jr. 🇧🇷 1,696 km
2⃣ Mbappé 🇫🇷 1,612 km
3⃣ Grealish 🏴 1,494 km
4⃣ Adama T. 🇪🇸 1,297 km pic.twitter.com/04obyk0otu— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) September 29, 2021
Se imaginarmos lances do benfiquista, facilmente nos recordamos das arrancadas a grande velocidade, muitas vezes desde o seu próprio meio-campo (já correu, 1,271 quilómetros com a bola nos pés esta temporada), desenhando cinco conduções aproximativas – redução de distância para a baliza em pelo menos 25% e pelo menos dez metros – nestas três jornadas (mapa da direita). Esteja onde estiver, Rafa é um homem de drible. Nestas três jornadas tentou driblar adversários em 19 ocasiões, mais do que qualquer outro jogador, e teve sucesso em 13, também o registo mais elevado (o segundo, Edwards, somou 15 tentados e 12 completos, ou seja, 80% de êxito), correspondendo a um acerto de 68%. Quem trava o irrequieto jogador benfiquista?
Desequilibrador nato

Rafa é, sem dúvida, um dos mais velozes jogadores do campeonato português e um dos mais pródigos no drible, e olhando para os dados médios deste arranque de Liga, vemos que o benfiquista é mesmo o jogador que mais tenta este gesto. São 8,9 por cada 90 minutos, sendo 5,7 completos, também o valor mais alto até ao momento. Passes para finalização de bola corrida são 2,0, quarto valor mais elevado, mas ganha nos passes verticais para remate (1,1), bem como nos passes ofensivos valiosos (8,9).
Em seis jogos conta com dois golos e outras tantas assistências e se estes dois últimos números não permitem dizer que Rafa Silva está a caminho da melhor época de águia ao perto, todos os outros não deixam de provar que está, pelo menos, a ser uma das mais influentes.
Parabéns Rafa!
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Notas metodológicas:
- O GoalPoint Rating mensal é atribuído com base no desempenho consolidado de cada jogador no somatório dos minutos disputados ao longo do período em análise e não sobre a média de cada rating que lhe é atribuído em cada jogo.
- Os dados estatísticos de cada partida são auditados, até 48 horas após o término do jogo, pela Opta, o nosso provedor e parceiro estatístico. Tal revisão, que visa garantir a qualidade e fiabilidade para fins profissionais (vide mais informação em GoalPoint Pro), tem impacto nos dados de desempenho agregados dos jogadores e, consequentemente, o seu GoalPoint Rating acumulado.