Em noite de dilúvio, o Benfica goleou o Marítimo por cinco bolas a zero, e Jonas foi protagonista de mais um “hat-trick”, ainda na primeira parte. Um dos golos nasceu de uma grande penalidade (a sexta no campeonato), mas os outros dois, sobretudo o segundo, foram daquelas obras “à Jonas” que pouco se vêem por cá, ou mesmo lá por fora.
O brasileiro atingiu assim os 30 golos no campeonato e já leva seis de vantagem sobre Cavani, Salah e Kane, se considerarmos apenas goleadores dos cinco principais campeonatos europeus. Inquestionavelmente, será mais fácil marcar golos na Liga portuguesa do que em qualquer uma das outras. O fosso entre os “três grandes” e as outras 15 equipas (o Braga será a excepção) está cada vez maior e o nível médio dos adversários é incomparavelmente inferior em Portugal. Por outro lado, também se pode dizer que há menos jogos no campeonato português, e que grande parte dos golos de Jonas estão longe de ser fáceis.
Daí surgiu a ideia de um novo conceito. O de “golo improvável“. O objectivo é encontrar aqueles golos de maior grau de dificuldade, que não resultem de situações de bola parada ou de lances em que os avançados se encontrem apenas com a baliza ou o guarda-redes pela frente. Partimos assim os golos em três categorias: bolas paradas, ocasiões flagrantes, e outros. Os outros são aquilo a que chamámos de golos improváveis.
Golos nas Ligas Top-5 + Liga NOS em 17/18 (Fonte: GoalPoint/Opta)
Goleadores há muitos e todos diferentes. É certo que aparecer em posição de concretizar ocasiões flagrantes também terá os seus méritos, mas estes terão provavelmente que ser mais repartidos entre o finalizador e o autor da assistência. Nesse aspecto, destaque para Cavani, Kane e Marega, que tiram muitas vezes vantagem do seu poder físico para se colocarem em situações de finalização e já marcaram 16 golos desse modo. No caso de Jonas as contas estão mais equilibradas: 12 dos seus 23 golos de bola corrida foram por intermédio de ocasiões flagrantes, os restantes 11 tiveram o brasileiro como “inventor-mor”.
Confirma-se assim o que jogos como o de sábado deixam a entender. Jonas é dos melhores da Europa a inventar golos improváveis.

O egípcio Mohamed Salah, com nove golos improváveis, é o seu mais directo perseguidor nesta tabela, que contém ainda os craques Dybala e Hazard no encalço.
Leo Messi, com 18 golos improváveis, foi o rei da Europa na temporada passada. Na altura, Diego Costa (13), Arjen Robben (11) e Harry Kane (11) foram os mais directos concorrentes, sendo que Jonas já tem tantos golos improváveis em 2017/18 como os terceiros classificados da época passada.
Goste-se ou não do estilo do brasileiro, jogos como o de sábado e estatísticas como esta têm que o colocar obrigatoriamente entre os melhores que passaram recentemente pelo nosso campeonato. Até quando vai durar esta forma de Jonas não sabemos mas, com um Campeonato do Mundo à porta, seria uma pena ver um jogador destes terminar a carreira sem nunca ter pisado o maior palco possível ao nível das selecções.