Aqui está o primeiro “onze” do mês GoalPoint Ratings da Liga NOS 2020/21. Em tempos de pandemia, com os calendários sobrecarregados com competições de clubes e de selecções, acumulámos as cinco jornadas do campeonato luso disputadas em Setembro e Outubro e olhámos para o universo de jogadores que completaram mais de 300 minutos de utilização.
Esta é a equipa com os melhores desempenhos tendo como base esse critério. Uma formação em 4-3-3 com algumas surpresas, outras nem por isso, e dez jogadores que na época passada já actuaram na Liga portuguesa. Apenas um reforço que veio de outras paragens, e um outro que foi recrutado a outro emblema português integram esta selecção, com a estabilidade a recompensar os desempenhos daqueles que estiveram imunes ao mercado de transferências.
Os “três grandes” são representados por cinco jogadores, três deles pertencentes ao Benfica, que surge nesta altura como a equipa que lidera a tabela, só com vitórias, com mais dois pontos que o Sporting, segundo classificado, e mais cinco que o FC Porto. Mas o MVP destas cinco rondas não é de nenhum deles. Vamos aos detalhes.

- Amir Abedzadeh (Marítimo) 6.66 – Este é daqueles destaques que oferecem pouca resistência… ao rating, porque ao golo oferece e não é pouca. A exibição no Dragão, na vitória do Marítimo sobre o campeão Porto por 3-2, deu a Amir um rating de 8.2 e só essa prestação colocaria o iraniano na luta pela baliza desde “onze”. Mas o guardião insular não se deu por satisfeito e, na última jornada, na derrota com o Moreirense, voltou a registar a mesma nota. Neste período foi o jogador que fez mais defesas fez (4,6 por 90 minutos), e defendeu o único penálti que enfrentou. No Dragão estabeleceu o máximo de defesas num jogo até ao momento (8).
- Tiago Esgaio (Belenenses SAD) 6.04 – O ala dos “azuis” começou a época em excelente plano, sendo logo MVP no jogo de estreia, que o Belenenses SAD venceu em casa do Vitória de Guimarães, por 1-0. Terceiro lateral com média mais elevada de desarmes (2,6 por 90 minutos), Tiago tem-se mostrado bastante certeiro nos cruzamentos, registando apreciáveis 27% de eficácia nos 2,4 de bola corrida que fez até ao momento. E nos lances pelo ar é o quarto lateral com melhor eficácia nos duelos defensivos, com 67% ganhos em quase dois por jogo.
- Zainadine Júnior (Marítimo) 6.12 – Um dos centrais mais sólidos nas últimas épocas na Liga portuguesa, o moçambicano voltou a entrar em grande, ao ponto de ter integrado os primeiros dois “onzes” da jornada. Já com um golo marcado, nestas cinco rondas voltou a mostrar-se forte pelo ar, com impressionantes 79% de duelos aéreos defensivos ganhos em 2,9 por 90 minutos. Foi ainda o quinto central com mais alívios (5,7), o terceiro em bloqueios de remate (1,3) e registou 84% de acerto nos passes no meio-campo adversário.
- Aderllan Santos (Rio Ave) 6.34 – Tal como Zainadine, Aderllan é um dos “veteranos” da Liga que vai demonstrando solidez e regularidade. O ex-Braga e Valência está na segunda época no Rio Ave e está forte “como o aço”, em especial pelo ar, onde ganhou 71% dos duelos aéreos defensivos, dos 4,9 em que participou a cada 90 minutos (o número mais alto entre centrais). Dos 0,9 que disputou na sua grande área, ganhou todos. Além disso, só o sportinguista Neto (3,0) e o famalicense Riccieli (também 3,0) somaram mais intercepções nesta fase que Aderllan (2,9), que nos 315 minutos em campo fez já um golo.
- Álex Grimaldo (Benfica) 6.52 – A lesão num tornozelo sofrida pelo espanhol do Benfica colocou um travão na época que parecia encaminhar-se para muito positiva. Nos cinco jogos disputados até ao momento, Grimaldo somou um golo (de livre directo) e duas assistências, tendo um peso directo em 21% dos tentos do Benfica enquanto esteve em campo. Um número elevado para um lateral – se ignorarmos os feitos de um tal de Alex Telles, já saído para a Premier League. O esquerdino das “águias” chegou a esta altura da época com impressionantes 64% de eficácia de cruzamentos, de longe o valor mais alto entre laterais – algo que ganha maior relevância tendo em conta que o espanhol fez 2,4 por 90 minutos. Defensivamente é, por vezes, acusado de ter debilidades, mas os 2,4 desarmes em média (5º entre laterais) dão-lhe algum crédito.
- Gabriel (Benfica) 6.78 – O segundo benfiquista no “onze”. O brasileiro parecia não ser opção principal para Jesus, no arranque, mas promete pegar de estaca, ainda que não a “8” mas sim a “6” e o seu sucesso sai fundamentado pelo seu desempenho estatístico. São 7,9 as recuperações de posse por 90 minutos, quinto valor mais alto (o líder é Pizzi, com 9,0), 2,6 desarmes e 3,8 intercepções, sendo líder neste parâmetro em toda a Liga NOS. E não deixou de atacar, somando já um golo e 1,8 remates (nenhum médio-defensivo dispara mais que o brasileiro e só Sérgio Oliveira, entre os médios-centro, o faz mais). As suas características podem obrigar Jesus a alterar um pouco a forma da equipa jogar, na relação de Gabriel com os centrais, por enquanto o treinador parece ver vantagens nisso.
- Otávio (Porto) 7.20 – Omnipresente. O brasileiro é invariavelmente um dos melhores elementos da equipa portista nos nossos “sensores”, já o era em épocas anteriores e continua a sê-lo. As duas presenças nos “onzes” da jornada em quatro disputadas são demonstrativo disso mesmo. O criativo soma um golo e uma assistência, é o nono da Liga em passes para finalização (2,2), entre os jogadores com mais de duas tentativas de drible por 90 minutos (neste caso 2,5) é o que tem uma mais elevada percentagem de sucesso, incríveis 89%, e é neste momento o quarto jogador mais travado em falta (4,1), para além de ser o quarto extremo com mais desarmes (2,2).
- Pedro Gonçalves (Sporting) 7.30 – Um caso de adaptação rápida a uma nova equipa e superiores exigências. “Pote” já havia pegado de estaca na época de estreia no Famalicão, e agora no Sporting a História repete-se. Foi, aliás, o segundo melhor jogador da Liga neste período em análise, com algumas exibições portentosas, com destaque para o 9.6 que arrancou na vitória do Sporting nos Açores (onde bisou). São já três golos em quatro jornadas, consequência de 2,2 remates por 90 minutos. Passes para finalização são 2,8, quarto valor mais alto da Liga, e passes valiosos (eficazes a menos de 25 metros das balizas contrárias) são 3,3. Entre alas apenas Paulinho (3,0), do Boavista, e Silvestre Varela (3,1), do Belenenses SAD, têm mais desarmes que Pedro Gonçalves (2,3), o mesmo se aplica a recuperações de posse – soma 7,0, atrás de Everton “Cebolinha” (7,2), do Benfica, e de Wenderson Galeno (7,6), do Braga.
- Rúben Lameiras (Famalicão) 6.65 – O extremo famalicense volta a brilhar neste arranque, repetindo o feito de 19/20, no mesmo período. Lameiras tornou-se na grande figura da equipa, aproveitando a saída de muitas das suas estrelas, nomeadamente Pedro Gonçalves e Uroš Račić, para assumir o protagonismo. Utilizado em quatro jornadas, conta já com quatro golos e uma assistência, correspondendo a 56% dos golos da equipa enquanto está em campo. Entre os extremos é o quarto que mais remata (2,5), e no global da Liga é o quinto jogador com mais tentativas de drible (6,3), o décimo com mais eficazes (2,9).
- Wenderson Galeno (Braga) 7.73 – O extremo “arsenalista” foi o Jogador do Mês no período em análise, merecendo artigo de análise aprofundado num espaço dedicado, neste link.
- Luca Waldschmidt (Benfica) 7.10 – O único reforço de importação neste primeiro “onze”. O alemão chegou a Portugal rotulado de jogador de qualidade, mas envolto em incógnita em relação à capacidade de se adaptar a uma nova realidade futebolística e cultural. Mas pelos vistos, nada disso foi um problema. Rapidamente assumiu a “posição de João Félix”, que parecia andar órfã desde a saída do português para o Atlético, e começou a oferecer golos e assistências, numa parceria de qualidade com Darwin Núñez. Cinco jogos, quatro tentos e um passe para golo é o pecúlio na Liga. É o quarto jogador que mais remata neste momento (3,4), com uma extraordinária taxa de conversão de 33%. Aliás, ninguém enquadra mais remates na grande área que Waldschmidt (64%), entre jogadores com mais de 1,5 disparos a cada 90 minutos.
Menções honrosas
Entre os melhores neste período, mas que, por uma ou outra razão, não couberam neste “onze”, estão estes craques:
- Everton “Cebolinha” (Benfica) 7.06 – Chegou, viu e venceu, sendo MVP nos três primeiros jogos dos “encarnados” (dois primeiros da Liga). Só o extraordinário arranque de Galeno impede o internacional brasileiro de ocupar a extrema-esquerda do “onze”. EM cinco jogos soma um golo e três assistências e é o “rei” do drible (8,5 tentados, máximo, e 3,4 completos)
- Cláudio Falcão (Farense) 6.90 – O Farense ainda não ganhou, é certo, mas o ex-Aves tem estado em grande plano, só não ocupando a vaga de Gabriel Pires por registar menos 43 minutos de jogo do que o limite de 300 no nosso critério. Os 5,6 desarmes a cada 90 minutos são um número pouco visto em qualquer campeonato.
- Bruno Varela (Vitória SC) 6.55 – Um regresso em cheio para Varela, que por pouco não ocupa o lugar na baliza. Culpa de Amir. Varela foi o segundo jogador com mais defesas (4,4) e, de longe, com melhor percentagem de remates enquadrados travados (92%).
- Darwin Núnez (Benfica) 6.54 – Demorou a marcar, mas até o conseguir (frente ao Belenenses SAD), já havia conseguido impressionantes quatro assistências. Enquanto esteve em campo teve “mão” em 36% dos golos das “águias”. Fica de fora porque a concorrência era apertada.
- Thiago Santana (Santa Clara) 6.32 – Fica de fora pelos mesmos motivos de Darwin, mas ninguém lhe tira o facto de se ter tornado no melhor marcador de sempre do Santa Clara e de ter marcado todos os golos da equipa na Liga até ao momento.
- Rodrigo Pinho (Marítimo) 5.95 – Mais um ponta-de-lança que merece uma menção. São cinco golos noutros tantos jogos (o Marítimo tem sete). Sempre que esteve em campo marcou todos os golos insulares nesses minutos. É obra
Parabéns aos eleitos!
Descobre os anteriores “onzes” do mês GoalPoint neste link.
Nota metodológica: O “onze” foi elaborado de acordo com o GoalPoint Rating médio dos jogadores que cumpriram mais de 240 minutos na Liga NOS, no período em questão.