Liverpool 🆚 Real Madrid | Incrível Courtois dá “la 14” aos merengues

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Final jogada, final ganha. Esta é a sina do Real Madrid, que pode chegar aos trambolhões às grandes decisões, mas a “mística” do clube e da equipa nesta prova acaba por prevalecer. Na final da Liga dos Campeões disputada em Paris, os “merengues” precisaram apenas de um golo, marcado por Vinícius Jr. num dos velozes contra-ataques que realizaram, para tornar inútil o maior domínio territorial e pendor ofensivo do Liverpool. Os “reds” bem tentaram, mas esbarraram num autêntico monstro na baliza espanhola, o belga Thibaut Courtois, que defendeu tudo e mais alguma coisa, numa das melhores exibições de um guardião de que há memória nestas partidas. O Real Madrid conquistou assim o seu 14º título europeu, Carlo Ancelotti chegou ao quarto troféu, um recorde.

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Uma “montanha” belga que não dava para escalar

Arranque com o Liverpool a fazer o que prevíramos na antevisão à partida: aos poucos os “reds” foram assumindo as despesas de jogo, com mais bola e, quando não a tinham, tentavam lançar contra-ataques em grande velocidade, com loucas correrias e em bloco. O Real Madrid não se importou de recuar um pouco, a fechar espaços e a partir rápido para a frente, na tentativa de lançar Vinícius Jr.. Por esse motivo, o primeiro remate aconteceu apenas aos 16 minutos, por Mohamed Salah, já em queda, para defesa difícil de Thibaut Courtois. E aos 21, Thiago descobriu Sadio Mané, que inventou espaços e rematou forte, para defesa de Courtois para o poste. Sorte para os “merengues”.

O recuo do Real – e a marcação cerrada a Mané, por Militão, e Luis Díaz, por Carvajal – acabava por esvaziar um pouco o 4-3-3 do Liverpool, pressionante, mas sem homens da área, e os espanhóis criavam sempre perigo com as investidas de Vinícius e Benzema. Aos 43 minutos, num lance muito confuso, o francês marcou mesmo, mas foi anulado por fora-de-jogo. Estava dado o aviso. Até ao intervalo não houve golos, muito por culpa de Courtois. O guarda-redes belga era já o melhor em campo, com um GoalPoint Rating de 7.4, mercês de cinco defesas, algumas de grande qualidade, quatro delas a remates na sua grande área. 

A já habitual frieza e “cinismo” do Real veio ao de cima aos 59 minutos. O Liverpool estava a pressionar e a criar lances de perigo, mas numa transição rápida, Valverde cruzou e Vinícius – que até estava a ter um jogo menos conseguido – surgiu ao segundo poste para encostar para o 1-0. Isto numa altura em que os ingleses tinham já 14 remates, cinco enquadrados, e 20 acções com bola na área contrária. O Real, ao terceiro disparo, segundo à baliza e apenas oito acções na área dos “reds”, fez funcionar o marcador.

O Liverpool partiu para cima dos “blancos”, estes continuavam a explorar o grande adiantamento de Trent Alexander-Arnold, através da velocidade de Vinícius, e os golos poderiam aparecer em qualquer baliza. Na do Real estava mais difícil, pois Courtois ia acumulando defesa atrás de defesa, um “gigante” que ia fazendo defesas impossíveis. E assim continuou até final.

[ O Liverpool esteve quase sempre no meio-campo do Real…. que ganhou ]

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O MVP GoalPoint👑

Um guarda-redes tirar uma nota máxima já é raro. Fazê-lo numa final da Liga dos Campeões é só mesmo para predestinados. O Real Madrid ganhou “la 14” e pode agradecer esse feito a Thibaut Courtois. O “gigante” belga realizou uma exibição perfeita, pelo que é o óbvio MVP desta partida, com um GoalPoint Rating de 10.0, graças a incríveis nove defesas, sete a remates na sua grande área. Na diferença entre defesas e Expected Saves (xSaves), Courtois evitou nada menos que 2,6 tentos do Liverpool. Fenomenal.

Outros  Ratings 🔺🔻

Destaques do Liverpool

Mohamed Salah 7.9 – O egípcio vai ter pesadelos com Courtois. Salah foi o melhor do Liverpool, com o segundo melhor rating do jogo, foi o mais rematador, com nove disparos, seis deles enquadrados, mas foi sempre negado pelo guardião do Real. O extremo criou ainda uma ocasião flagrante, recebeu 16 passes aproximativos, somou 11 acções com bola na área adversária (máximo) e registou cinco conduções aproximativas. Não foi suficiente.

Thiago Alcântara 7.5 – O médio esteve em dúvida até quase ao dia do jogo, mas acabou por recuperar e fez um grande jogo de construção. Além de dois passes para finalização completou 95% dos passes que fez (69 de 73), realizou oito passes aproximativos e defensivamente esteve muito bem, com sete acções defensivas no meio-campo contrário (máximo), quatro intercepções e seis bloqueios de passe.

Ibrahima Konaté 6.7 – O central francês esteve praticamente intransponível, impondo o seu físico na maioria dos duelos. A seis recuperações de posse juntou três desarmes e um corte decisivo.

Andrew Robertson 6.7 – Um dos jogadores mais enérgicos e focados da partida. Muito atento no posicionamento defensivo, aproveitou o recuo do Real para subir no terreno e realizar três passes para finalização e seis passes ofensivos valiosos.

Sadio Mané 6.7 – A sua mobilidade é difícil de controlar, mas eram tantos os elementos do Real na área que o senegalês não conseguiu explorar convenientemente a sua explosão, nem fugir à marcação cerrada que Éder Militão lhe impos. Ainda assim somou o máximo de passes para finalização (4), passes ofensivos valiosos (11) e passes aproximativos recebidos (20), além de dez acções com bola na área contrária.

Luis Díaz 5.7 – O ex-“dragão” tornou-se no primeiro colombiano titular numa final da Champions. Tentou abrilhantar o momento, empregando uma energia contagiante a todas as acções, ajudando a defender, atacando e contra-atacando com grande intensidade, sem acusar o momento. Mas em cima teve Carvajal, lateral “merengue” que lhe caiu sempre em cima (por vezes com ajuda de colegas de defesa) com agressividade, e com isso, Díaz nunca soube lidar. Tentou seis vezes o drible (segundo valor mais alto) e teve sucesso em três.

Destaques do Real Madrid

David Alaba 6.7 – O central austríaco terminou em lágrimas, e pudera, pois teve um jogo com muito trabalho, concentração constante e muito sacrifício. Terminou a partida com excelentes 12 acções defensivas, com destaque para quatro desarmes, três intercepções e três bloqueios de remate, e ainda fez um passe de ruptura.

Casemiro 6.6 – grande jogo do brasileiro, que varreu toda a zona frontal à sua área. Somou 14 acções defensivas, com destaque para quatro desarmes e três intercepções, fez seis recuperações de posse e ganhou os cinco duelos aéreos em que participou.

Éder Militão 6.3 – Não largou Mané e ainda deu uma ajuda a Carvajal para anular Luis Díaz. O central brasileiro fez três intercepções, dois bloqueios de remate e ganhou os três duelos aéreos em que participou.

Karim Benzema 6.1 – Desta vez não marcou – tirando o anulado -, mas a química com Vinícius fez a cabeça em água à defesa do Liverpool, nas muitas transições que conseguiram construir. O francês criou uma ocasião flagrante e fez um passes de ruptura.

Toni Kroos 5.9 – O “relógio” do costume, menos exuberante devido ao grande recuo do Real, mas sempre fiável. Dos 76 passes que fez completou 70 (92%), somou o máximo de acções com bola (92) e somou três desarmes.

Dani Carvajal 5.7 – Uma autêntica “carraça”. Ofensivamente esteve ausente, mas defensivamente foi uma dor de cabeça para Luis Díaz, com uma marcação impiedosa e agressiva. Destaque para quatro desarmes e dois bloqueios de remate.

Vinícius Jr. 4.9 – Foi o homem que decidiu a partida, com o seu golo, mas tirando isso, o brasileiro fez um jogo pobre. O atacante agarrou-se muito à bola, ao ponto de ter sido o jogador com mais tentativas de drible, oito… mas só teve sucesso numa. E ainda foi desarmado quatro vezes (máximo). Mas o que fica para a história é o tento determinante. 

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.