O nome prenunciava o que viria a suceder: evolução. Após uma primeira época abaixo das elevadas expectativas nele colocadas, Darwin Nuñez explodiu na Liga Bwin 21/22, de tal maneira que provavelmente já não repetirá a façanha nestas paragens. O Benfica viveu uma época medíocre e conturbada (pelo menos a nível interno), mas o uruguaio não quis saber disso, terminando como máximo goleador (26) e segundo jogador com mais acções para golo (30), a duas do portista Taremi, mas batendo o iraniano e tantos outros na frequência com que as somou: uma a cada 65 minutos.
Não admira assim que tenha conquistado o prémio de melhor GoalPoint Rating acumulado da Liga (único jogador a atingir a barreira dos 7.0) e que só não o habilita a Jogador do Ano GoalPoint por não atingir o número mínimo de minutos jogados definido pelos nossos critérios (mais de 2040 minutos jogados).
Darwin e mais dez
Os méritos de Darwin são fáceis de destacar, tendo em conta o principal objectivo de um jogo de Futebol. O avançado correspondeu com golos, muitos, tantos que terminou a época como autor de 45,6% dos tentos marcados pelo Benfica na Liga durante os minutos em que esteve em campo, um peso batido apenas por Oscar Estupiñan (Vitória) e Ricardo Horta (Braga) e por margem muito curta (47% e 46% respectivamente), entre jogadores com pelo menos dez golos na Liga.
[ Darwin terminou com mais sete golos marcados do que lhe seria exigível, face aos Expected Goals de que dispôs ]
No entanto, se tivermos em conta as suas assistências, essa influência directa sobre para os 52,6%, o quarto registo mais elevado da prova, num ranking liderado pelo imparável Ricardo Horta (58,5%), curiosamente falado como alvo benfiquista neste mercado. Importa referir que Darwin apresenta estas percentagens sendo o único com menos de dois mil minutos jogados na prova, entre os integrantes destes tops, o que só sublinha ainda mais a sua brutal influência. Dizer que o Benfica se resumiu a Darwin “e mais dez” talvez seja abusivo, tendo em conta que Rafa Silva terminou também ele na liderança das assistências (15), mas ainda assim o resumo da época andou muito perto disso.
Evolução mas com arestas a polir
Analisámos em Abril os feitos e fraquezas de Darwin, comparando os seus analytics com 24 avançados com 15 ou mais golos nas principais seis Ligas Europeias, isto pouco antes de o homem-golo amealhar mais um prémio de MVP mensal. O uruguaio viria a marcar apenas mais um golo até final da prova, o que permite recuperar a análise e sublinhar tudo o que distingue em alta, mas também o que o afasta do estatuto de “obra acabada”. E a verdade é que nem tem de o ser: Darwin tem apenas 22 anos, o que torna justo concluir que apresenta ainda uma grande margem de progressão, sobretudo se lhe for oferecida estabilidade e a companhia de técnicos que o ajudem a consolidar as qualidades e eliminar as lacunas.
[ As forças e oportunidades de Melhoria de Darwin há cerca de um mês, uma análise que podes ler neste link ]
Sendo certo que os seus números comprovam que pode crescer em detalhes como a qualidade de passe ou disputa de lances aéreos (ler mais), a capacidade de finalização de Darwin, aliada à propensão para aproveitar a condução com bola e capacidade física para desequilibrar, fizeram dele uma ameaça invulgar no futebol português, cujos louros (sete eleições MVP e outras tantas presenças no nosso “onze” semanal) foram entregues com toda a justiça, mesmo se não olhássemos aos dados na hora de o reconhecer. Darwin foi um dínamo ofensivo constante no meio de um contexto difícil e isso foi uma prova de evolução invulgar, tendo em conta a sua idade, mesmo para quem carrega um nome prometedor.