Mythbusters da bola: o Sporting desperdiça muitas ocasiões?

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A derrota do Sporting em Arouca foi a primeira de sempre do “leão” ante este adversário. O jogo não correu de feição à equipa de Rúben Amorim, que atacou mais, rematou em maior número e, no final, apresentou Expected Goals (xG) mais do que suficientes para sair da partida com a vitória no bolso, mesmo contando com o golo que os homens da casa fizeram por merecer. Um encontro no qual a formação lisboeta só se pode queixar de si própria, pelo desperdício ofensivo.

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Esse desperdício ficou expresso num número elevado de ocasiões flagrantes falhadas – aquelas em que há remate sem outros adversários entre o atacante e o guarda-redes adversário (ou mesmo sem este). O Sporting desperdiçou cinco destas situações em Arouca, um facto que deu que falar ao ponto de passar rapidamente a causa dos problemas leoninos na temporada em curso mas… será mesmo assim?

[ Falhanço de Pedro Porro ante o Arouca ]

Afinal quanto falha o leão?

[ As 5 flagrantes falhadas pelo Sporting em Arouca ]

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Olhando para os registos desta temporada, essas cinco flagrantes falhadas nem são o máximo registado num só jogo. Esse pertence ao Benfica, nada menos que sete na recepção ao Rio Ave, seguindo-se seis das “águias” ante o Marítimo e depois diversos encontros com cinco, incluindo o Sporting em Arouca. Estes dados mostram que o problema nem é quantas se falham, mas sim na relação com o número de criadas – o Benfica, por exemplo, ganhou estes dois jogos e marcou nove golos.

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A verdade é que o Sporting falhou ocasiões em Arouca, mas na Liga tem um registo de aproveitamento destas situações bem positivo. Até à 11ª jornada, os “leões” converteram 50% das ocasiões flagrantes de que dispuseram, uma percentagem que apenas é batida pelos 91% conseguidos pelo Rio Ave e os 73% do Boavista, sendo que os homens de Alvalade ganham à concorrência do chamado G4 – Sporting, Porto, Benfica e Braga.

E quantas ocasiões cria o Sporting?

Como referimos acima, importa ver sim se o sintoma principal é a percentagem de ocasiões desperdiçadas ou se o volume de situações criadas é saudável, para um suposto candidato aos lugares cimeiros. E é aqui que descobrimos o fio à meada do real problema (ofensivo) dos leões. A percentagem de aproveitamento até já o indiciadas.

[ O top de ocasiões flagrantes das equipas VS. o top daquelas que criaram através de passes para finalização ]

[ As ocasiões flagrantes criadas pelo Sporting na Liga bwin 22/23 ]GoalPoint-Sporting-Flagrantes-Criadas-J11-Ligabwin-202223

Olhando para os totais da Liga por esta altura (e tendo em atenção que falta completar um jogo da jornada 11, esta segunda-feira), vemos que o Sporting tem sentido problemas em somar ocasiões flagrantes. O “leão” é, entre as equipas do G4, aquele que soma menos situações flagrantes, apenas 26 – sendo que somente 21 foram criadas de forma colectiva, ou seja, tiveram origem num passe de um jogador leonino -, menos 20 que o líder nesta variável, o Benfica, menos 11 que o Porto e menos nove que o Braga. A verdade é que o jogo de Arouca até atenuou um cenário mais miserabilista ou não representasse esse jogo quase 20% das situações flagrantes somadas pelos “verde-e-brancos” ao fim de 11 jornadas.

Aliás, os números do “leão” estão mais próximos de equipas do meio da tabela, com o Gil Vicente, por exemplo, a somar 25 flagrantes esta temporada, seguido de perto pelo Estoril (24) e pelo Portimonense (22).

O que nos dizem os golos esperados (Expected Goals)?

Um dos indicadores mais importantes para aquilatarmos se o Sporting está ou não a aproveitar bem as suas ocasiões são os Golos Esperados (xG). E até aqui a conclusão é que o problema não está no aproveitamento, mas sim na criação/volume.

[ Os remates e Expected Goals (xG) do Sporting na Liga bwin 22/23 ]

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O “leão” regista, até ao momento, cerca de 20 xG e tem 21 golos marcados, o que, na prática, nos diz que soma mais um golo do que a qualidade das suas oportunidades apontariam. O problema passa pelo total do que é criado, em especial se compararmos com os principais rivais da formação de Alvalade, Benfica, Porto e Braga.

As “águias” apresentam 28 xG nesta fase e somam 29 golos, pelo que têm saldo positivo de um tento. O Porto surge aqui “no vermelho” com 23 golos marcados apenas em 26 esperados, enquanto o Braga soma mais sete facturados do que os 20 xG que apresenta, registo semelhante ao do “leão”. Para lutar pelo primeiro posto, ajuda criar situações de golo, pelo menos de quantidade aproximada aos principais rivais, e isso não sucede.

Uma conclusão para Amorim analisar

O que pensar destes números? O Sporting é uma equipa perdulária? Os seus jogadores falham muitos golos? É um “problema de altura dos jogadores”, como Rúben Amorim referiu na conferência de imprensa desta segunda-feira de antevisão do jogo da Liga dos Campeões ante o Eintracht Frankfurt? Poderá ser, quando o tema é futebol pelo ar, mas o problema leonino é mais amplo: não se trata propriamente de converter as ocasiões que cria ou usufruiu, mas sim de criação dos mesmos lances e de situações de remate, como se vê pelo total de flagrantes criadas e de golos esperados a favor. 

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