O Barómetro da Liga Bwin à 8ª jornada 🔴🟢

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[ artigo originalmente publicado a 10 de Outubro de 2021 ]

Quem está melhor ou pior na Liga até agora, face ao desempenho médio apresentado o ano passado? Que equipas estão em sobreprodução (e subaproveitamento) ofensivo até ao momento? A procissão ainda vai no adro, mas, com a Liga a regressar apenas a 22 de Outubro, o calendário convida a um ponto de situação. Avançamos então, com alguns números e conversa q.b., rumo aos dados essenciais.

Não nos faltam analytics que podiam alimentar uma análise deste tipo, mas focamo-nos em “meia-dúzia” de indicadores fundamentais, escolhendo precisamente aqueles que acabam por dizer muito e dar sentido a uma leitura rápida das tendências das equipas, com particular foco nos Expected Goals, aos quais recorremos recentemente para sublinhar alguns destaques individuais da Liga Bwin 21/22. Se não apanhaste essa análise e/ou ainda encaras o termo Expected Goals como apenas um “palavrão” recomendamos clicar neste link e conferir a explicação, antes mesmo de prosseguires a leitura deste barómetro.

Feito convite/advertência avançamos então a todo o gás, com “bonecos” e conclusões rápidas sobre os três “grandes”, seguidos de destaques sobre as restantes equipas. A abordagem proposta é transversal: daremos conta do médio por jogo das equipas nas oito jornadas já disputadas, comparando-o com a “performance” de referência escolhida: a média por partida com que concluíram a Liga anterior.

Porque não comparar as oito jornadas disputadas com as primeiras oito da época passada? Esse exercício acaba sempre por ter menos relevância e significado: os adversários são diferentes, os contextos distintos e o desempenho que os emblemas apresentaram nas primeiras oito rondas acaba por dizer muito pouco do que valeram ao longo de toda a época, essa sim uma referência com substrato e aquela cujas consequências (classificação e troféus) fica nos livros.

Benfica: Melhoria em (quase) toda a linha

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O Benfica chegou à 8ª jornada só com vitórias e melhorias mensuráveis em todos os capítulos até que… apareceu o Portimonense. A derrota caseira que fechou este ciclo coloca o líder da prova como a única equipa do G3 com derrotas e tem impacto em pelo menos um dos indicadores seguintes:

O Benfica não só remata mais (+2 remates por jogo) como o faz com maior perigo, com um incremento de +0,6 golos esperados a cada 90 minutos
Os “encarnados” somam cerca de +4 acções com bola na área contrária este ano, o que reforça a noção de que levam mais bola e criam mais perigo junto da baliza contrária
✅ Defensivamente a melhoria também é significativa. A “águia” iguala neste momento a média de Expected Goals contra que fez do Sporting campeão (0,7) e reduziu de nove para sete o número de remates que permite à sua baliza

🔻 Apesar da maior produção ofensiva, os “encarnados” levam menos três golos marcados (19) do que aqueles que deviam ter concretizado (22), à luz dos Expected Goals que beneficiaram. Está bom de ver que jogo carregou esta tendência não está?

Porto: o “dragão” não sente falta de Marega e Marchesín, até ver

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Os “dragões” mantêm ou melhoram todos os indicadores face à época passada, na qual foram os únicos a oferecer luta na corrida ao título, ganha pelo Sporting. Este cenário ganha maior valor se tivermos em conta não só as saídas de alguns elementos que foram sempre opção para Sérgio Conceição (ex. Marega) como também as ausências (Marchesín) e até “desaparecimentos” (Corona, Sérgio Oliveira). Eis as principais conclusões do barómetro “azul-e-branco”, aparentemente invulnerável aos contextos referidos:

O Porto faz cerca de +2 remates por jogo, ainda que tal desempenho não tenha grande impacto nos Expected Goals criados por jogo.
O “dragão” soma também +2 acções na área contrária por partida, face ao que fez em 2021, sendo que há que ter em conta que esta média inclui já uma deslocação a Alvalade.
✅ Pese a “perturbação” nas laterais e a lesão de Pepe, o FCP permite até menos um remate à sua baliza por jogo. Embora o impacto nos Expected Goals contra seja reduzido, Diogo Costa vai salvaguardando um desempenho positivo na contabilidade entre os golos sofridos e aqueles que as probabilidades dizem que os portistas deviam sofrer

Sporting: Campeão em quebra na frente, mas com Adán a segurar

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O barómetro do campeão Sporting surpreenderá muito pouco os goalpointers que já leram a análise individual de Expected Goals da Liga, que publicámos recentemente. Eis as principais conclusões, que confirmam a ideia de menor ineficácia concretizadora dos “verde-e-brancos”. Eis as principais conclusões:

O Sporting até está a rematar mais, com uma média de +1 disparo a cada dois jogos na Liga. Essa melhoria reflecte-se também no ligeiro incremento nos Expected Goals a favor (2,1 por jogo, na época em curso)
Os “leões” estão a somar cerca de +2 acções com bola dentro da área adversária a cada partida, o que não surpreende face ao indicador anterior
Lá atrás o grande destaque é Adán, o guardião com a maior diferença de golos evitados da Liga (nuance entre os golos sofridos e as Expected Saves realizadas), sendo ele o grande responsável pela melhoria que o SCP apresenta na diferença entre os golos que devia ter sofrido e os que realmente sofreu (um golo “certo” evitado a cada dois jogos)

🔻 O Sporting está a desperdiçar 0,5 Expected Goals a cada jogo, o que equivale a um golo em cada partida. Paulinho é o grande protagonista deste desperdício, mas não está sozinho
🔻 Defensivamente os “leões” permitem mais um remate por jogo, com consequências também nos Expected Goals contra. Felizmente para Rúben Amorim e Cia o guardião Adán vai mitigando essa maior permissividade

Vizela lidera os menos bafejados pela sorte (e/ou engenho na cara do golo)

Já falámos de como o Sporting vai desperdiçando os golos que as probabilidades lhe atribuem, mas, apesar de integrarem o top, os “leões” não lideram entre as cinco equipas que criaram mais golos do que os que efectivamente concretizaram. Esse top é comandado pelo surpreendente Vizela, cujo regresso à Liga já impressionou pela positiva, mas que poderia ser ainda mais brilhante, caso os minhotos tivessem concretizado os cinco golos esperados que têm em dívida.

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A presença no top de equipas às quais se reconhece a prática de um bom futebol nem sempre consumado em golo não surpreende. São os casos do Santa Clara, Vitória SC e Famalicão, emblemas que, por diversas vezes, ficaram aquém dos golos que criaram, mas que têm, por isso, razões para esperar melhorias em breve.

Tondela e Boavista, reis do “rapa-tacho”

No plano oposto surgem os emblemas que, nem sempre criando muitas ocasiões, vão aproveitando, com eficácia acima da média, quase tudo que lhes passa pelos pés/cabeça. No entanto, neste top há que distinguir os casos do Tondela e Boavista dos demais, como máximos-expoentes deste invulgar sobre aproveitamento ofensivo, sendo estes seguidos por equipas cujos diferenciais são mais próximos da normalidade.

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O Estoril-Praia, equipa sensação do arranque da prova, marca presença, mas acaba por destoar dos demais pela saudável quantidade de Expected Goals a favor que já criou (10,9), o nono mais elevado da prova.

Fechamos esta análise com a tabela de Expected Goals a favor de todas as equipas da Liga Bwin 21/22, à 8ª jornada. Venham as próximas!

ClubeGoalPoint
Rating
Golos
a favor
(xG)
Exp. Goals
Diferença
(G – xG)
Benfica6.111921.55-2.55 🟡
Porto6.081817.17+0.83
Sporting5.971316.86-3.86 🔴
Braga5.911211.37+0.63
Portimonense5.8187.12+0.88
Famalicão5.63811.75-3.75 🔴
G. Vicente5.63109.06+0.94
Vizela5.62711.9-4.91 🔴
Estoril5.611210.91+1.08
Tondela5.60128.09+3.91 🟢
Boavista5.59117.70+3.30 🟢
Vitória SC5.55912.95-3.95 🔴
P. Ferreira5.5389.60-1.60
Arouca5.4988.55-0.55
BSAD5.4556.34-1.34
Sta. Clara5.43610.75-4.75 🔴
Marítimo5.4365.14+0.86
Moreirense5.341013.07-3.07 🟡
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