Nem todos se lembram, mas a 13ª jornada da Liga Bwin 21/22 será a terceira vez em que Jorge Jesus defronta Rúben Amorim apostando no mesmo sistema que o treinador leonino preconiza desde que assumiu o comando técnico do Sporting… de Braga. A terceira vez será também o tira-teimas, caso não termine em empate. A primeira venceu o Sporting (1-0) em casa, em Fevereiro deste ano, e na segunda triunfou o Benfica, na Luz, num dérbi espectacular (4-3), já com o “leão” campeão, naquela que foi a única derrota dos comandados de Rúben na prova.
Sistemas que só são iguais… no guardanapo do restaurante
Mas se de uma forma simplista podemos identificar o 3x4x3 como denominador comum actual entre os dois treinadores, a verdade é que quando a bola começa a rolar a coisa fica mais complexa. As ideias são diferentes, os artistas são outros e os resultados e características naturalmente diferenciam-se.
[ Os mapas de posicionamento médio dos dois confrontos entre Jesus e Amorim na “sombra” do 3x4x3 ]
Sabendo que os números não dizem tudo, a verdade é que os números acabam por confirmar isso mesmo e é por isso que reunimos alguns dados comparativos do desempenho de ambas as equipas nas primeiras 12 jornadas, que nos ajudam a identificar e compreender essas diferenças, bem como pontos fortes e fracos de cada um dos emblemas. Ora vejamos então o que o Antunes preparou para nós.
[ O desempenho comparado de Benfica e Sporting até ao dérbi ]

Benfica ofensivamente mais generoso, “leão” perdulário
A tendência já havia sido sinalizada em análises anteriores: o Benfica leva mais bola até ao interior da área adversária que o Sporting, embora as equipas se equilibrem na quantidade de remates que ensaiam. Essa maior presença no último terço atacante leva o Benfica para um patamar ligeiramente superior ao do Sporting no que toca a Expected Goals criados por jogo (2,38 contra 2,03 do SCP). Mas enquanto os “encarnados” excedem até em cerca de um tento (+0,9) a expectativa goleadora que criaram até à 11ª jornada, o Sporting mostra-se preocupantemente ineficaz, “devendo” cerca de cinco golos ao total de tentos obtidos na prova. Essa dívida está quase toda concentrada nos pés e cabeça de Paulinho, que continua a ser o jogador da Liga com o maior diferencial negativo entre golos marcados e Expected Goals: -4.57. Será que o avançado vai começar a abater a dívida na Luz?
Mesmo sistema, caminhos diferentes
Os dados que o Antunes recolheu e nos apresenta naqueles “donuts” a meio do grafismo ajudam a perceber rapidamente algumas tendências de diferenciam a forma de jogar com bola das duas equipas. Sendo certo que ambas procuram o passe vertical com a mesma apetência (cerca de 30% dos passes que tentam), nota-se uma maior tendência leonina pelo passe longo e aéreo, por oposição a um Benfica que procura jogar mais rente ao solo e curto. As diferenças são poucas, mas identificáveis, sendo que as mais notórias prendem-se mais uma vez com o Sporting, que aposta claramente mais nas variações de flanco e também nos cruzamentos de bola corrida para a área adversária, pelo ar.
Leão defensivamente mais sólido (mas com muito a agradecer a Adán)
A defender, o ponto de partida é semelhante ao plano ofensivo: mais uma vez ambas as equipas permitem um número semelhante de remates, mas as diferenças começam a notar-se (e personificar-se) a partir daí. Curiosamente o Sporting até apresenta um registo de Expected Goals Against (Golos Esperados Contra) superior ao Benfica (0,76 vs 0,69 das “águias”), mas consegue ser a melhor defesa, ao sofrer menos cerca de cinco golos do que os que seria esperado sofrer. Como é que isto é possível? A resposta chama-se Adán.
[ Adán tem consolidado a liderança que já detinha à 8ª jornada, entre os guardiões que travam mais golos esperados ]

Se lá na frente Paulinho é o protagonista do maior desperdício de golos estatisticamente esperados da Liga, entre os postes é Adán o guardião da Liga que já evitou mais golos esperados, cerca de cinco (exactamente o mesmo número de tentos que Paulinho “deve” ao Sporting, à luz da estatística). E esta hein?