Artigo originalmente publicado a 6 de Setembro de 2022
O Benfica recebe esta quarta-feira o PSG, na terceira jornada do Grupo H da Liga dos Campeões, após vencer nas duas primeiras jornadas, a mais sensacional em casa da Juventus. Um agrupamento de reencontros com ex-jogadores (Renato Sanches e Di María) e ex-rivais (Vitinha e Nuno Mendes) e que não é nada simples para as “águias”, pois pela frente terá o milionário emblema gaulês e as suas estrelas “galácticas”, além da Juve e dos israelitas do Maccabi Haifa, os quais os “encarnados” bateram na estreia por 2-0.
Em seguida olhamos para os adversários do emblema da Luz, os analytics e as figuras das três formações. Acompanhe-nos.
Paris Saint-Germain, a constelação de estrelas
Não haverá muito a contar sobre o “tubarão” francês que a maioria dos adeptos de futebol conhece muito bem. Crónico campeão gaulês – a não ser quando aparece um Lille um pouco do nada -, o Paris Saint-Germain é uma das mais fortes formações do mundo, com um plantel repleto de estrelas que, na Ligue 1, faz “gato-sapato” de quase todos os adversários, estando num nível muito acima dos demais. E este ano, com Christophe Galtier, promete fazer o mesmo na Champions League.
No campeonato francês é, naturalmente, líder à sexta jornada, com extraordinários 24 golos marcados, ainda que com Expected Goals um pouco abaixo (16,8, máximo na Ligue 1), ainda assim, comparando com os da Juventus, é um cenário muito diferente.
[ Da esquerda para a direita: Remates/xG, flagrantes criadas, dribles e conduções aproximativas ]
O PSG é também a equipa mais rematadora (111), a que criou mais ocasiões flagrantes (25), a segunda em dribles tentados (167) e a primeira em completos (83), com uma enorme diferença no último terço (42 para 27 do segundo, o Angers) – a azul, no mapa, os eficazes – e, comprovado pelo mapa da direita, tem no flanco esquerdo, onde caem muitas vezes Mbappé e Neymar, o corredor predilecto para conduzirem a bola para o ataque. Algo a ter em atenção pelas “águias”.
Craques e mais craques
Só os GoalPoint Ratings deste trio assustam. Lionel Messi já leva três golos e seis assistências em seis jogos, com médias de remates só batidas por Mbappé, excelente nos passes para finalização e verdadeiramente imbatível nos dribles, tentados e eficazes. A seguir surge Neymar, que parece apostado em realizar uma das melhores temporadas desde que está em França, com incríveis sete golos e seis assistências em apenas seis jornadas, e finalmente Mbappé, com sete tentos, menor fulgor no passe e no drible, mas imprevisível.
Juventus, uma “vecchia” incógnita
[ Na última jornada da Serie A, a Juventus empatou em casa da Fiorentina ]
A “vecchia signora” tarda em ressurgir com a força que lhe permitiu vencer várias Ligas italianas seguidas. Esta época reforçou-se bem, mas as lesões de jogadores como Federico Chiesa e, mais recentemente, Paul Pogba, bem como alguns problemas físicos de Di María (vai falhar a estreia com o PSG) tem impedido a formação de Turim de atingir um nível mais elevado, ocupando à quinta jornada o sétimo posto do campeonato italiano, já com três empates, e somente sete golos marcados.
[ Os remates/xG (à esquerda), os dribles e conduções e as acções defensivas da Juve na Serie A 22/23 ]
Não espanta a pouca pontaria, pois a Juve é apenas a terceira equipa da Serie A em Expected Goals (xG) a favor até ao momento, pobres 5,3, sendo que marcou mais dois golos do que seria esperado pela produção ofensiva de situações de qualidade. Sem Chiesa e com Di María apenas a espaços, Vlahovic e companhia têm menos possibilidade de brilhar, não espantando por isso que a Juve esteja bem discreta em termos estatísticos esta temporada, nos principais indicadores.
No ataque, a preocupação maior da equipa transalpina é o uso das faixas laterais, como indicam as conduções aproximativas e até o local dos dribles eficazes no mapa do centro, em cima (tracejados e estrelas), natural numa equipa que esta temporada tem Kostic à esquerda, bem colado à linha, Di María na direita ou mesmo Cuadrado a subir e a causar estragos, tentando depois construir lances para os atacantes. À atenção do Benfica também a filosofia defensiva da equipa. A Juve, à boa maneira italiana, não é uma formação de pressão em zonas adiantadas, nem mesmo intermédias. Pelo mapa da direita dá para perceber o posicionamento mais recuado nas acções defensivas, e não será de espantar que tal aconteça perante os “encarnados”.
Sem Pogba e Chiesa, com Vlahovic e Di “Magia”
Vlahovic, o goleador sérvio, será a principal preocupação para o Benfica, pois as outras estrelas ainda não estão no patamar desejado. Chiesa só agora está a regressar aos treinos, após uma grave lesão num joelho. Pogba será operado ao menisco e só deverá regressar a tempo do Mundial do Qatar, pelo que o ponta-de-lança, que conta com quatro golos nesta Serie A em quatro partidas, deverá ser alvo das maiores atenções por parte de Otamendi e companhia.
Sobra ainda Di María. Alguns problemas físicos limitaram o argentino, ex-Benfica, a apenas 146 minutos no campeonato, suficiente, porém, para um golo e uma assistência. Nota-se ainda falta da capacidade de drible que o caracteriza (ainda não completou nenhum), mas até à próxima semana, o extremo deverá recuperar e, seja qual for a sua condição, poderá decidir um jogo a qualquer momento.
Maccabi Haifa, um perigoso desconhecido
[ O jogo da 2ª mão do play-off contra o Estrela Vermelha, que apurou o Maccabi Haifa ]
O adversário que todos queriam calhou no grupo do Benfica. Os israelitas não são, contudo, favas contadas. Que o diga o Olympiacos, equipa grega, treinada então por Pedro Martins, que era favorita na segunda pré-eliminatória e foi goleada em casa pelo Maccabi Haifa, por 4-0. Um dos líderes do campeonato de Israel, a formação de Haifa assenta o seu jogo numa filosofia atacante, seja num 4-3-3 declarado, em num sistema de 3-5-2 como utilizou ante o Estrela vermelha (infografia acima). Em ambos os casos, por vezes expõe-se em demasia na defesa. É aqui que o Benfica poderá explorar as suas fraquezas, pois é no sector mais recuado que falta mais qualidade ao conjunto.
A pressão ofensiva e a procura do golo são, por isso, prioritárias para o Maccabi, e sabendo da apetência do Benfica por pressionar bem à frente, sufocando os seus adversários, é bem provável que consiga aproveitar a menor solidez israelita para acumular golos, mas também expor-se ao seus perigosos jogadores da frente. Destes destacam-se nomes como Dolev Haziza, Omer Atzili, Tjaronn Chery, Frantzdy Pierrot ou Ali Mohamed, os jogadores que mais contribuem para os golos e as jogadas de ataque, com assinalável qualidade. Atenção à velocidade e às transições do Maccabi Haifa.