Os analytics dos adversários do Benfica na Champions 22/23 🦅

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Artigo originalmente publicado a 6 de Setembro de 2022

O Benfica recebe esta quarta-feira o PSG, na terceira jornada do Grupo H da Liga dos Campeões, após vencer nas duas primeiras jornadas, a mais sensacional em casa da Juventus. Um agrupamento de reencontros com ex-jogadores (Renato Sanches e Di María) e ex-rivais (Vitinha e Nuno Mendes) e que não é nada simples para as “águias”, pois pela frente terá o milionário emblema gaulês e as suas estrelas “galácticas”, além da Juve e dos israelitas do Maccabi Haifa, os quais os “encarnados” bateram na estreia por 2-0.

Em seguida olhamos para os adversários do emblema da Luz, os analytics e as figuras das três formações. Acompanhe-nos.

Paris Saint-Germain, a constelação de estrelas

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Não haverá muito a contar sobre o “tubarão” francês que a maioria dos adeptos de futebol conhece muito bem. Crónico campeão gaulês – a não ser quando aparece um Lille um pouco do nada -, o Paris Saint-Germain é uma das mais fortes formações do mundo, com um plantel repleto de estrelas que, na Ligue 1, faz “gato-sapato” de quase todos os adversários, estando num nível muito acima dos demais. E este ano, com Christophe Galtier, promete fazer o mesmo na Champions League.

No campeonato francês é, naturalmente, líder à sexta jornada, com extraordinários 24 golos marcados, ainda que com Expected Goals um pouco abaixo (16,8, máximo na Ligue 1), ainda assim, comparando com os da Juventus, é um cenário muito diferente.

[ Da esquerda para a direita: Remates/xG, flagrantes criadas, dribles e conduções aproximativas ]

O PSG é também a equipa mais rematadora (111), a que criou mais ocasiões flagrantes (25), a segunda em dribles tentados (167) e a primeira em completos (83), com uma enorme diferença no último terço (42 para 27 do segundo, o Angers) – a azul, no mapa, os eficazes – e, comprovado pelo mapa da direita, tem no flanco esquerdo, onde caem muitas vezes Mbappé e Neymar, o corredor predilecto para conduzirem a bola para o ataque. Algo a ter em atenção pelas “águias”.

Craques e mais craques

Só os GoalPoint Ratings deste trio assustam. Lionel Messi já leva três golos e seis assistências em seis jogos, com médias de remates só batidas por Mbappé, excelente nos passes para finalização e verdadeiramente imbatível nos dribles, tentados e eficazes. A seguir surge Neymar, que parece apostado em realizar uma das melhores temporadas desde que está em França, com incríveis sete golos e seis assistências em apenas seis jornadas, e finalmente Mbappé, com sete tentos, menor fulgor no passe e no drible, mas imprevisível.

Juventus, uma “vecchia” incógnita

[ Na última jornada da Serie A, a Juventus empatou em casa da Fiorentina ]

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A “vecchia signora” tarda em ressurgir com a força que lhe permitiu vencer várias Ligas italianas seguidas. Esta época reforçou-se bem, mas as lesões de jogadores como Federico Chiesa e, mais recentemente, Paul Pogba, bem como alguns problemas físicos de Di María (vai falhar a estreia com o PSG) tem impedido a formação de Turim de atingir um nível mais elevado, ocupando à quinta jornada o sétimo posto do campeonato italiano, já com três empates, e somente sete golos marcados.

[ Os remates/xG (à esquerda), os dribles e conduções e as acções defensivas da Juve na Serie A 22/23 ]

Não espanta a pouca pontaria, pois a Juve é apenas a terceira equipa da Serie A em Expected Goals (xG) a favor até ao momento, pobres 5,3, sendo que marcou mais dois golos do que seria esperado pela produção ofensiva de situações de qualidade. Sem Chiesa e com Di María apenas a espaços, Vlahovic e companhia têm menos possibilidade de brilhar, não espantando por isso que a Juve esteja bem discreta em termos estatísticos esta temporada, nos principais indicadores.

No ataque, a preocupação maior da equipa transalpina é o uso das faixas laterais, como indicam as conduções aproximativas e até o local dos dribles eficazes no mapa do centro, em cima (tracejados e estrelas), natural numa equipa que esta temporada tem Kostic à esquerda, bem colado à linha, Di María na direita ou mesmo Cuadrado a subir e a causar estragos, tentando depois construir lances para os atacantes. À atenção do Benfica também a filosofia defensiva da equipa. A Juve, à boa maneira italiana, não é uma formação de pressão em zonas adiantadas, nem mesmo intermédias. Pelo mapa da direita dá para perceber o posicionamento mais recuado nas acções defensivas, e não será de espantar que tal aconteça perante os “encarnados”.

Sem Pogba e Chiesa, com Vlahovic e Di “Magia”

Vlahovic, o goleador sérvio, será a principal preocupação para o Benfica, pois as outras estrelas ainda não estão no patamar desejado. Chiesa só agora está a regressar aos treinos, após uma grave lesão num joelho. Pogba será operado ao menisco e só deverá regressar a tempo do Mundial do Qatar, pelo que o ponta-de-lança, que conta com quatro golos nesta Serie A em quatro partidas, deverá ser alvo das maiores atenções por parte de Otamendi e companhia.

Sobra ainda Di María. Alguns problemas físicos limitaram o argentino, ex-Benfica, a apenas 146 minutos no campeonato, suficiente, porém, para um golo e uma assistência. Nota-se ainda falta da capacidade de drible que o caracteriza (ainda não completou nenhum), mas até à próxima semana, o extremo deverá recuperar e, seja qual for a sua condição, poderá decidir um jogo a qualquer momento.

Maccabi Haifa, um perigoso desconhecido

[ O jogo da 2ª mão do play-off contra o Estrela Vermelha, que apurou o Maccabi Haifa ]

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O adversário que todos queriam calhou no grupo do Benfica. Os israelitas não são, contudo, favas contadas. Que o diga o Olympiacos, equipa grega, treinada então por Pedro Martins, que era favorita na segunda pré-eliminatória e foi goleada em casa pelo Maccabi Haifa, por 4-0. Um dos líderes do campeonato de Israel, a formação de Haifa assenta o seu jogo numa filosofia atacante, seja num 4-3-3 declarado, em num sistema de 3-5-2 como utilizou ante o Estrela vermelha (infografia acima). Em ambos os casos, por vezes expõe-se em demasia na defesa. É aqui que o Benfica poderá explorar as suas fraquezas, pois é no sector mais recuado que falta mais qualidade ao conjunto.

A pressão ofensiva e a procura do golo são, por isso, prioritárias para o Maccabi, e sabendo da apetência do Benfica por pressionar bem à frente, sufocando os seus adversários, é bem provável que consiga aproveitar a menor solidez israelita para acumular golos, mas também expor-se ao seus perigosos jogadores da frente. Destes destacam-se nomes como Dolev Haziza, Omer Atzili, Tjaronn Chery, Frantzdy Pierrot ou Ali Mohamed, os jogadores que mais contribuem para os golos e as jogadas de ataque, com assinalável qualidade. Atenção à velocidade e às transições do Maccabi Haifa.

Possibilidades de o Benfica passar à fase seguinte. Tem-nas, claro está, mais que não seja porque a Juventus não está propriamente a viver momentos de brilhantisto e o Maccabi Haifa é um adversário totalmente ao alcance dos “encarnados”. O Benfica terá de começar bem, a vencer, e se quer sonhar com o apuramento terá de levar de vencida os israelitas nos dois jogos.

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.