Paulinho tarda em oferecer aquilo que os adeptos do Sporting esperam dele – golos -, exigência claramente exacerbada pelo custo atípico que a sua aquisição representou para os cofres leoninos. Não admira assim que sobre ele se atirem “culpas” que, como verificámos recentemente, extravasam o seu desempenho objectivo e até o seu impacto num Sporting que já vinha revelando tendência para uma cada vez menor eficácia, ofensiva e defensiva.
Com menos de 24 horas decorridas de uma jornada marcada por novo “tropeção” leonino (e nova “folha em branco” de Paulinho), a vox populi sportinguista, acompanhada de alguns comentadores, realça o momento actual de Andraz Sporar, o avançado que o Sporting cedeu ao Braga como “moeda de troca” na aquisição de Paulinho e que voltou a ser decisivo numa vitória arsenalista. Estará Sporar a fazer melhor campeonato do que Paulinho? Estará o esloveno a brilhar com maior intensidade desde a troca? Vamos descobrir.
Quem está a fazer melhor campeonato?
Tendo em conta o nível das duas equipas que já representaram, nenhum dos avançados está a fazer uma época particularmente brilhante, mas a eventual desilusão é mais compreensível no caso de Paulinho, que se evidenciou de forma bem mais generosa em Ligas anteriores. Ainda assim, o português apresenta ligeira vantagem sobre Sporar, não só no GoalPoint Rating como também no número de acções para golo e até nos minutos que o(s) treinador(es) lhe concedem, isto apesar de ter menos jogos disputados do que o esloveno.

O perfil de cada um dos avançados resulta mais claro deste comparativo, com Sporar a mostrar-se mais rematador e solicitado sobretudo através do passe vertical, enquanto Paulinho se revela avançado mais associativo e capaz de colocar colegas em situação de remate.
[ Todos os remates de Paulinho e Sporar, na Liga 20/21. A dourado os que resultaram em golo ]
E quem está mais produtivo desde a transferência?
É aqui que surgem os dados mais interessantes. Sporar confirma o melhor momento, ainda que a diferença de acções para golo não corresponda provavelmente à diferença que muitos percepcionam (3-2), sobretudo os mais desiludidos com Paulinho. O esloveno melhorou quase tudo ao serviço de Carlos Carvalhal, inclusive a vertente associativa (1,2 passes para finalização), aumentando ainda mais a sua tendência para tentar o remate, sempre que pode.

Ainda assim não deixa de ser curioso perceber que, em 11 chamadas à equipa, Andraz apenas por uma vez mereceu da parte de Carvalhal os 90 minutos de jogo e apenas em duas (incluindo essa) jogou mais do que cerca de 30 minutos. É caso para dizer que o esloveno é, sobretudo, uma “arma secreta”, mais do que uma primeira opção, aos olhos do treinador dos “guerreiros”.
Já o jogo de Paulinho não mudou de forma substancial desde que chegou a Alvalade, embora confirme o porquê de o seu desempenho não coincidir com as expectativas dos adeptos leoninos: remata pouco. Será essa uma opção ou consequência do que lhe pede Rúben Amorim? Deverá o português aplicar-se numa fase de maior “egoísmo”, de modo a materializar em golos o “faro” que demonstrou em épocas anteriores na Pedreira, mesmo que em prejuízo da sua tendência para oferecer situações de golo aos colegas?
Os próximos jogos ajudarão a clarificar estas tendências, nomeadamente o próximo, um duelo directo de Sportings na Pedreira, no qual Sporar não poderá confrontar-se com o ex-“guerreiro”, fruto dos regulamentos da Liga relativamente a emprestados.
[ Os mapas de passes para finalização na Liga NOS mostram um Paulinho bem mais orientado para a oferta, do que imaginavam os adeptos leoninos, que esperam sim remates e golos ]