OGil Vicente ocupa um sensacional quinto lugar na Liga Bwin e um dos artificies da excelente época dos minhotos mora no meio-campo. Aos 29 anos, todo o talento de Pedro Filipe Barbosa Moreira, Pedrinho no mundo do futebol, tem estado a florescer na plenitude. No 1x4x3x3 habitualmente apresentado pelos gilistas, Pedrinho é a peça-chave que faz com todos os sectores se interliguem quase na perfeição. O algodão da magia que tem patenteado nos relvados nacionais não deixa dúvidas, como defende Luís Freitas Lobo, prestigiado comentador que nos acompanha na análise ao jogador gilista.

“Não me surpreende. Escrevi sobre isso há poucos meses: ninguém repara? É o tipo de jogador que viveu sempre na dita ‘classe média’ do futebol e depois começou a ganhar quase que um estigma. Este Pedrinho que está a aparecer no Gil é o mesmo que via a jogar no Paços de Ferreira. Ele tem uma qualidade no meio-campo que é o mais importante: sabe sempre onde é que a bola vai cair, tem essa percepção, não quer fazer coisas que não sabe fazer, joga fácil, a um ou dois toques, tem visão de jogo. Tem outra característica de que gosto, desmistifica aquela ideia do jogador alto e forte para ser intenso, é relativamente baixo – 1,70m e 68kg. A intensidade de que gosto é a da inteligência. É um jogador ‘rodas baixas’, mas tem uma rotatividade enorme, com inteligência no jogo. É um médio completo, tanto pode ser ‘6’, como ‘8’ ou ’10’. Tem remate, é um bom recuperador de bola”, começa por destacar Luís Freitas Lobo e os mapas confirmam isso mesmo.
[ As 10 assistências (esq.), as acções com bola (ctr.) e as recuperações de posse (dta.) de Pedrinho na Liga Bwin 21/22 ]
Os números do médio “todo-o-terreno” impressionam, sendo o terceiro jogador da Liga no capítulo das assistências, com nada menos que dez, as mesmas de Otávio Monteiro, menos uma do que Fábio Vieira e menos cinco que Rafa Silva. Entre jogadores com mais de 1080 minutos disputados, é o sexto em recuperações de posse (7,4 por 90 m). Pedrinho apresenta ainda uma notável média de desarmes (2,1), uma boa eficácia de passe (81,9%) e de passe longo, com excelentes 77,4% completos, numa média de 7,7 realizados a cada 90 minutos – segunda mais alta entre médios.
“Cada vez mais refinado”
O fabuloso destino do médio conheceu vários capítulos, primeiro nos escalões de formação do Cristelo, o clube da terra, depois no Freamunde – com uma curta passagem pelo Vila Meã –, Paços de Ferreira e Riga, da Letónia. “Saiu do Paços de Ferreira e foi para a Lituânia. Isso não cabe na cabeça de ninguém. Não houve nenhum clube português que visse isso?”, recorda o comentador da Sport TV, em declarações ao GoalPoint.
“Tem uma capacidade inegável, mas depois é visto como se servisse apenas determinadas equipas. Não sei se é pelo perfil morfológico, se pela forma mais aguerrida como joga em conjuntos que também têm essas características. Não sei o motivo, apenas que em Portugal criam-se rótulos muito facilmente em determinados atletas: ‘é um bom jogador, mas não é jogador para um grande’. Quantas vezes ouvimos isto? Mas pergunto-me, o que é um jogador para um grande? É um jogador que custa muito dinheiro, que se deita cedo, tarde, tem muitas namoradas? Os valores são tão desvirtuados que não consigo entender. Pedrinho é o mesmo do Paços de Ferreira, mas cada vez mais refinado”, atira Freitas Lobo.
A cumprir a segunda temporada nos “galos”, o criativo está em final de contrato. Será que permanecerá em Barcelos ou optará por mudar de ares? E caso opte pela segunda possibilidade, em que conjunto poderá encaixar?
“Sem dúvida que caberia num plantel do SC Braga ou Vitória SC, por exemplo. Vejo o problema que o SC Braga tem tido na posição ‘8’, têm passado por lá o André Horta, Castro. Pedrinho não poderia actuar nessa vaga? No Vitória seria titular de caras”, remata, sem pestanejar o conhecido analista.