No início do mês de Outubro, o ponta-de-lança angolano Fábio Abreu deixou o Moreirense, para rumar ao Al Batin, da Arábia Saudita. A perda do seu goleador – marcou 13 golos em 33 jogos da Liga 2019/20 e dois em três partidas no arranque da presente época – obrigou o treinador Ricardo Soares a descobrir soluções para o ataque. E a que encontrou está a dar frutos, num jogador que é tudo menos um desconhecido.
Pedro Nuno, jogador que pode actuar a extremo/médio-esquerdo, ou mesmo direito, ou a médio-ofensivo – actuou nas alas nas primeiras três jornadas da presente Liga -, foi deslocado para a posição mais adiantada do terreno de jogo nas duas últimas jornadas, uma espécie de falso “9” muito móvel, mas com olho para a baliza e faro pelo golo. O primeiro encontro do jogador português de 25 anos, com passagens pela formação da Naval 1º de Maio, Benfica e Académica, e com experiência de Liga pelos “estudantes” e pelo Tondela – não correu bem. Mas a adaptação acabou por dar-se e, no último embate dos cónegos, Pedro Nuno arrasou o Marítimo.
Até poderá ser cedo vaticinarmos que o jogador encontrou uma nova posição, na qual fará carreira, mas os primeiros indicadores são animadores. Ante os insulares, Pedro Nuno fez um golo, uma assistência, mostrou qualidade no remate e fez uso da sua mobilidade, visão de jogo e qualidade nas entregas para realizar sete passes para finalização, estabelecendo, à quinta jornada, um novo máximo de passes para golo esta temporada no campeonato luso. E esta temporada, os seus números têm tudo para melhorar os de 2019/20.
[ O golo de Pedro Nuno ao Marítimo ]
Um valor seguro na Liga
O percurso de Pedro Nuno na Liga tem sido seguro e, desde a sua estreia pela Académica, em 2014/15 (fez apenas 74 minutos na Liga, distribuídos por dois jogos, e marcou um golo), tem evoluído para se tornar num dos futebolistas mais fiáveis e de maior talento de fora do Top 4, colocando até a questão do porquê não ter dado ainda o salto para outras paragens, com outros objectivos.
Em praticamente todas as épocas tem mostrado argumentos para ser um dos indiscutíveis nas duas equipas, quer a médio-ofensivo, como a extremo ou médio-ala. Mais experiente, tem refinado as suas decisões e a qualidade nos momentos de construção e finalização. A temporada de 2016/17, ao serviço do Tondela, foi a melhor em termos de GoalPoint Ratings, mas mesmo nas restantes, a influência nas equipas onde jogou foi sempre elevada.
Falando em golos, 2015/16, na Académica, e 2018/19, já em Moreira de Cónegos, foram as épocas mais produtivas e, agora na terceira temporada no Moreirense, o jogador natural da Figueira da foz já fez dois golos em cinco partidas, tantos quanto em 28 encontros da época finda. Já na temporada transacta mostrava uma capacidade assinalável no remate (80% de enquadrados na grande área) e na finalização (67% de ocasiões flagrantes convertidas), e agora, pode explorar essas suas qualidades bem perto das balizas contrárias. Será para continuar nestas funções?
