Porto desperdiça “golos feitos” como nunca ⚠️

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O FC Porto empatou esta segunda-feira em casa do Moreirense, naquela que foi a quarta igualdade dos “dragões” em Moreira de Cónegos nas últimas seis visitas, com uma única vitória durante esse período (na época passada). O resultado pode colocar em causa o objectivo primordial, a luta pelo título, uma vez que os portistas estão agora a seis pontos do líder Sporting, e o próprio Benfica reduziu para quatro a distância.

Na retina fica a grande pressão portista no segundo tempo, período durante o qual os “azuis-e-brancos” empurraram o Moreirense para a sua defesa e criaram diversos lances de golo, mas esse só apareceria de grande penalidade. Para a história ficam mais duas ocasiões flagrantes desperdiçadas e um desaproveitamento gritante das boas situações de remate, expressas nos expected goals (xG). Nesta partida, os portistas fizeram o suficiente para, em situação normal, facturar três golos, terminando com xG de 2,8, para um tento apenas marcado, e de penálti.

Este não é um sintoma novo. O Porto já não brilhava no aproveitamento de ocasiões claras de golo mas o desperdício ofensivo “azui-e-branco” agravou-se sobremaneira na segunda volta do campeonato. Em termos globais da época, os “dragões” dispõem de uma média de 2,4 ocasiões flagrantes por jogo, em linha com o que apresentam Sporting (2,4) e Braga (2,5) todos abaixo do Benfica, que chega às quase quatro ocasiões flagrantes por jogo (3,6). O aproveitamento dessas situações pelos comandados de Sérgio Conceição situa-se em 37% ao fim das 29 jornadas decorridas, ligeiramente abaixo de “leões” e “águias” (ambos 40%), acima dos 33% do Braga. O problema portista sobressai quando analisamos estes números entre as primeiras 17 jornadas do campeonato (primeira volta) e as restantes.

Entre a 18ª e a 29ª jornada, o Porto registou uma média de 1,8 ocasiões flagrantes por jogo (em linha com o Sporting), muito abaixo das 4,2 do Benfica, das 2,8 do Braga, e pior, com uma queda importante na conversão das mesmas. O Porto converteu apenas 23% destas situações, abaixo dos 34% do Benfica, dos 32% do Sporting e dos 27% do Braga.

Taremi e Marega em queda livre

Os números colectivos reflectem o que cada jogador faz em campo, e aí convém olhar para os jogadores que mais ocasiões flagrantes dispõem, os que mais convertem e mais falham. E a conclusão não precisa de análises muito aprofundadas. Tanto Moussa Marega como Mehdi Taremi estão em subprodução neste capítulo, no comparativo entre o que fizeram na primeira e na segunda volta.

O maliano e o iraniano dispuseram, até esta altura, do mesmo número de ocasiões flagrantes, nada menos que 21, sendo que Marega converteu sete (33%) e Taremi oito (38%). Olhando para o caso de Moussa em primeiro lugar, este teve nos pés (ou na cabeça) 14 flagrantes na primeira volta, fez golo em seis (43%), mas na segunda volta caiu a pique na eficácia, convertendo apenas uma em sete (duas das últimas 13), com seis “mandadas ao lixo”. Trata-se de uma conversão de somente 14%, mesmo tendo o atacante enquadrado 57% desses lances.

[ Os remates de Marega – amarelo os golos, azul enquadrados, vermelho desenquadrados – quanto maior o círculo maior a probabilidade de Expected Goal do remate (xG) ]

GoalPoint-Moussa-Marega-Porto-ShotsxG-LigaNOS-202021
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Mas Taremi não sai muito melhor da análise. Se na primeira volta o iraniano converteu cinco das oito ocasiões flagrantes de que dispôs (63%) e enquadrou mesmo 100% dos remates nessas situações, a segunda volta está a mostrar o reverso da medalha. O ponta-de-lança já dispôs de 13 flagrantes, bem mais do que em toda a primeira volta, mas só fez abanar as redes em três desses lances (23%), desperdiçando dez.

[ Os remates de Taremi – amarelo os golos, azul enquadrados, vermelho desenquadrados – quanto maior o círculo maior a probabilidade de Expected Goal do remate (xG) ]

GoalPoint-Mehdi-Taremi-Porto-ShotsxG-LigaNOS-202021
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Estes são sintomas para Sérgio Conceição analisar com cuidado, também a nível colectivo, pois se o desperdício grande se centra muito em dois jogadores, este é certamente um problema colectivo, pois entre primeira e segunda voltas assistiu-se também à quebra acentuada do número de ocasiões flagrantes de que a equipa portista dispôs, como já vimos atrás – e que poderá ser um berbicacho por si só, independentemente da taxa de aproveitamento subsequente.

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