Portugal 🆚 Irlanda | Ronaldo bisa para a História 👑

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Eestava a ser mau demais. Frente a uma frágil Irlanda, que havia perdido os dois jogos anteriores, incluindo em casa com o Luxemburgo, Portugal entrou em campo como claro favorito ao triunfo. Fernando Santos quis deixar essa mensagem para a equipa, lançando um “onze” teoricamente muito ofensivo, mas o seleccionador mostrou ter estudado mal a lição e apresentou um sistema táctico perfeitamente desadequado ao adversário em causa, mais adaptado a defrontar uma equipa de ataque que desse espaços na defesa. É certo que Cristiano Ronaldo até falhou um penálti, mas Portugal fez muito pouco e não fosse CR7 – que chegou aos 111 golos e tornou-se o maior marcador internacional de sempre – bisar perto do fim e a derrota seria certa.

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Muita vontade, poucas armas

Primeira parte pobre da equipa das “quinas”. Fernando Santos apresentou uma equipa virada para a frente, com Bruno Fernandes e Bernardo Silva como médios-ofensivos, num 4-3-3 que apresentava Rafa Silva e Diogo Jota nas alas, para dar profundidade… Mas a forma como a Irlanda se apresentou (e era expectável), recuada no terreno, anulou essa profundidade, ao mesmo tempo que Cristiano Ronaldo, o avançado solitário, dava pouca presença na área. Assim os irlandeses apenas por duas vezes vacilaram, uma em que Jeff Hendrick fez penálti sobre Bruno Fernandes (e Ronaldo desperdiçou, aos 15 minutos) e outra em que Diogo Jota atirou ao poste. Perto do fim do primeiro tempo, John Egan fez o tento irlandês.

Segunda parte praticamente de sentido único, com Portugal a carregar no ataque, mas a esbarrar na fechada defesa irlandesa. Mesmo a entrada de André Silva, para dar presença na área, não resolvia o problema, uma vez que a bola não chegava ao homem do Leipzig. Cruzamentos, remates, muita cerimónia à entrada da área irlandesa, até que aos 89 minutos, de cabeça, Cristiano Ronaldo fez o 1-1 e atingiu os 110 golos internacionais, ultrapassando Ali Daei. Se o caro leitou já sentia um certo alívio pelo tento de CR7, imaginamos que tenha saltado da cadeira aos 90’+6′, quando o novo recruta do Manchester United acorreu a um cruzamento de João Mário para fazer, novamente de cabeça, o 2-1 final – que, apesar de tudo, coloca justiça num resultado, como os números sustentam.

[ João Cancelo e Bernardo Silva replicaram na selecção a ligação que têm no City ]

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O MVP GoalPoint👑

Grande exibição do central do Sheffield United, que esta quarta-feira, no Algarve, fez de “homem dos sete instrumentos” (ou pelo menos dois). Além de ter sido uma das torres da fortaleza irlandesa, somando cinco intercepções e oito alívios, subiu ao ataque com grande critério e marcou o golo irlandês, criando também uma ocasião flagrante. O seu GoalPoint Rating de 8.3 só podia dar a distinção de MVP da partida.

Outros  Ratings 🔺🔻

Destaques de Portugal

João Cancelo 7.4 – Regresso à selecção após ter falhado a presença no EURO 2020 por lesão. O lateral foi o melhor da turma das “quinas”, terminando com extraordinários números ofensivos e defensivos: uma ocasião flagrante criada em três passes para finalização, 13 cruzamentos (máximo), cinco deles eficazes, 112 acções com bola (máximo), quatro conduções aproximativas, cinco desarmes (também valor mais alto) e três intercepções.

Gonçalo Guedes 6.8 – Esteve apenas 13 minutos em campo, mas o suficiente para causar muitos problemas à defesa irlandesa e somar cinco passes para finalização, mais do que qualquer outro jogador. Incrível.

João Mário 6.6 – Não podia ter corrido melhor o regresso do médio à selecção. A atravessar um excelente momento de forma, João Mário fez a assistência para o 2-1 e quatro passes para remate. Tudo em cerca de meia-hora.

Pepe 6.5 – O central teve menos trabalho defensivo do que estaria à espera, compensou com momentos de construção. Ao todo fez dois passes para finalização, completou cinco de oito passes longos e somou três super aproximativos.

Cristiano Ronaldo 6.4 – Histórico! Cristiano estava a ter um jogo apagado. Falhou uma grande penalidade na primeira parte e estava a tentar fazer tudo demasiado depressa. Mas, de repente, tirou dois “coelhos” da cartola e bisou, de cabeça, nos últimos minutos, garantindo a reviravolta e o título de melhor marcador de sempre de selecções, com 111 tentos. Foi o mais rematador, com oito disparos, quatro enquadrados.

Bernardo Silva 6.2 – A sua colocação em zonas mais centrais soltou o jogador do City, que surgiu bem diferente da sombra que foi no EURO 2020. Bernardo fez quatro remates, 11 passes ofensivos valiosos (máximo), completou 82 de 86 passes (95%), foi o segundo elemento com mais acções com bola (108) e o que registou mais acções com o esférico na área contrária (10). Falhou uma ocasião flagrante, o que lhe afecta a nota final.

Bruno Fernandes 6.1 – A ideia seria, certamente, colocar as fichas ofensivas todas no “miolo”, mas não houve espaços para Bruno Fernandes fazer a diferença. Ainda assim foi sobre ele que foi cometida a grande penalidade e terminou com três passes para finalização, nove passes longos certos em dez e sete aproximativos (ambos máximos).

João Palhinha 5.7 – Exibição discreta do “leão”, que não teve tanto trabalho defensivo como se poderia prever. Fez três acções defensivas no meio-campo contrário e quatro desarmes.

Diogo Jota 5.5 – Tal como Rafa, perdeu um pouco protagonismo pelo facto de a Irlanda não dar espaço nas suas costas. Ainda assim foi o segundo mais rematador do jogo, com cinco disparos, acertou uma bola no ferro e somou nove acções com bola na área contrária.

Rui Patrício 5.5 – Foi um autêntico espectador, fez apenas uma defesa, mas ainda assim teve de ir buscar uma bola ao fundo da baliza.

Rúben Dias 5.5 – Tal como Pepe, teve pouco trabalho defensivo (três intercepções), mas esteve bem no passe (91% de eficácia).

Destaques da Irlanda

Duffy 6.2 – Outro central que esteve em destaque na Irlanda. O jogador do Celtic foi herói nas alturas, ganhando quatro de cinco duelos aéreos defensivos, e ainda somou o máximo de alívios (10) e fez três bloqueios de remate.

Doherty 5.8 – O lateral-esquerdo esteve sólido na retaguarda, com 16 acções defensivas, com destaque para quatro intercepções e outros tantos bloqueios de cruzamento, ganhou os cinco duelos aéreos em que participou e completou cinco de nove tentativas de drible. Pecou nas perdas de posse no primeiro terço (4) e não evitou dois cruzamentos do seu lado que deram golo.

Gavin Bazunu 5.6 – O guardião do Portsmouth tem apenas 19 anos, mas não tremeu perante a lenda Cristiano Ronaldo e defendeu de forma superior a sua grande penalidade. Terminou com cinco paradas, duas a remates na sua grande área.

Pedro Tudela
Pedro Tudela
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.