A cimeira luso-francesa começa dentro de momentos. FC Porto e SC Braga preparam os oitavos-de-final da Liga Europa, onde irão defrontar Lyon e Mónaco, respectivamente. Conseguirão os dois emblemas lusos carimbar o passaporte rumo aos quartos-de-final? Para perspectivar os próximos passos europeus dos lusos, fomos esmiuçar e ver o que poderemos esperar destes encontros, com a ajuda de Luís Freitas Lobo.
“O Lyon é uma equipa que não é fácil de definir. É muito incaracterística”
(Luís Freitas Lobo)
A bola começará a rolar já nesta quarta-feira no Estádio do Dragão, a partir das 17h45, quando os “azuis-e-brancos” medirem forças com o Lyon, equipa que ocupa a nona posição na Ligue 1, a 21 pontos do líder PSG.
“O Lyon é uma equipa que não é fácil de definir. É muito incaracterística, com alguns jogadores fora das posições. Gosto de ver mais a equipa quando Lucas Paquetá joga mais aberto numa ala, Aouar na zona central e Ekambi próximo das zonas de finalização. Fica mais completa. Faivre é muito bom jogador, inteligente, percebe muito bem quando tem de jogar por dentro, sabe dar largura. É muito bom mesmo. E o Dembélé como ponta-de-lança. Do meio-campo para a frente, tem grandes jogadores, que podem ganhar um jogo. Mas não vejo que a equipa seja muito forte a defender, tem centrais que não dão garantias, se forem bem pressionados, podem errar”, explicou Luís Freitas Lobo ao nosso “site”.
“Os laterais são bons e experientes (Dubois e Emerson). No corredor central, a equipa está um bocado exposta, quer os centrais, quer o médio-defensivo. A atacar, com o Aouar, Lucas Paquetá, Faivre, Dembélé e Ekambi. Mesmo assim, não têm ninguém com a qualidade do Bruno Guimarães, que saiu em Janeiro para o Newcastle. O Ndombélé será que se irá adaptar novamente? Tenho dúvidas acerca dos jogadores que saem e depois regressam. Não sei se vai funcionar, mas a qualidade dele é inegável”, detalhou o comentador.
[ O último jogo do Lyon na Ligue 1 foi assim ]
Olhando para os dois conjuntos, quem poderá partir na “pole position” tendo em vista a próxima etapa da competição?
“Nunca gosto de utilizar a palavra favorito, prefiro tentar explicar como as equipas poderão causar mais problemas ao adversário. O FC Porto tem mais equipa a todos os níveis. Estava a falar do meio-campo do Lyon e o Porto tem neste momento uma aliança nessa zona, Pepe, Uribe, Vitinha, Otávio, Fábio Vieira a vir por dentro e o Taremi a recuar. Estes cinco jogadores, neste momento estão a jogar muito. A equipa pratica um futebol intenso, com velocidade. Olhamos para alguns jogadores que diziam que no início da época não defendiam, não recuperavam. Se tens a bola e o adversário não, acabou, ponto final. A melhor forma de defender é atacar. É uma equipa que tem uma personalidade”, destaca.
Na opinião do comentador da Sport TV, não há dúvidas de que esta versão 21/22 dos da Invicta é a melhor desenvolvida pela equipa técnica liderada por Conceição e há alguns nomes que se destacam dos demais.
“Vitinha é um jogador que joga no campo todo”
“Vitinha só está cá porque o Wolves não o quis, senão o FC Porto não teria hipóteses. O que custou colocar o Fábio Vieira a jogar. É o FC Porto mais inteligente da era Sérgio Conceição. A inteligência é ser criativo, para resolver um problema, encontrar três respostas. O Otávio joga bem aberto, como joga por dentro, a capacidade de Fábio Vieira cruzar a bola quando quer a partir da faixa ou quando joga por dentro e aparece como segundo avançado, o Vitinha é um jogador que joga no campo todo, Taremi na associação do passe, Evanilson parece agora um grande ponta-de-lança. É uma equipa inteligente, os jogadores sabem jogar, estar nos sítios certos. Isso para mim é que é jogar bem. É uma equipa que está muito personalizada. E ainda bem que Sérgio Conceição passou a dar mais importância a este tipo de jogadores porque acho que a equipa melhorou muito, com jogadores com outro nível em relação àqueles que ele tinha nas primeiras épocas. É uma equipa muito melhor a todos os níveis”, defendeu.
Para o quinto confronto oficial entre os dois emblemas – registo de três triunfos lusos e de um empate –, Luís Freitas Lobo destaca alguns elementos: “Otávio vs Lucas Paquetá. Qual das duas equipas tem os laterais mais desequilibradores? O confronto entre João Mário e Emerson também poderá ser engraçado”.
“Falta ao Braga ser uma equipa”
(Luís Freitas Lobo)
Na quinta-feira, o SC Braga vai receber o Mónaco de Gelson Martins, naquele que promete ser um embate equilibrado. Luís Freitas Lobo aponta os pontos fortes e fracos dos dois conjuntos e tenta antever os acontecimentos da eliminatória.
“O SC Braga mudou muito em relação à época passada, mas falta ser uma equipa. E está a mudar muito agora no decorrer desta temporada. Se pensarmos no ‘onze’-base, tirando Matheus, Al-Musrati e Ricardo Horta, todas as outras posições estão sempre a mudar. Os centrais têm sido uma confusão. Carvalhal está sempre a trocar o lateral-direito, no lado esquerdo, a lesão do Sequeira foi terrível, a posição ‘8’ está sempre a mudar no meio-campo após a saída do Fransérgio, o ponta-de-lança a mesma coisa. Começou o Mario González, depois quiseram inventar o Abel Ruiz como ponta-de-lança que ele não é. Agora o Vitinha apareceu, o Galeno foi vendido e faz uma falta enorme. Os objectivos foram reformulados, com uma maior aposta na formação, mas creio que não era essa a ideia inicial. Os miúdos da formação são bons jogadores, mas o SC Braga não quer andar assim a lutar pelo quarto lugar, ameaçado pelo Gil Vicente”, começa por analisar.
“Mónaco tinha de estar a render muito mais”
Do outro lado do campo estará um Mónaco, oitavo colocado na Liga francesa com os mesmos 41 pontos que o Lyon, que para tentar anular o “camaleónico” 1x3x4x3 delineado por Carvalhal deverá apostar naquilo que tem de melhor, a capacidade dos homens do meio-campo.
[ O Mónaco arrancou uma espectacular vitória no último jogo, em casa do Marseille ]
“O Mónaco, com os jogadores que tem no plantel, tinha de estar a render muito mais. Comparando as duas equipas, posição por posição, o Mónaco tem muitos mais argumentos, mas será que os vai colocar em prática? Vejo a equipa a jogar num 1x4x2x3x1, com dois médios, Tchouameni e Fofana, são muito fortes. Embora o jogador que mais goste de ver jogar seja o Jean Lucas, um miúdo que tem uma qualidade enorme, é um duplo-pivot muito forte. No corredor central a equipa é muito forte, mas não penso que seja um conjunto muito fiável a defender a partir dos flancos, não obstante ter uma lateral-esquerdo que é muito bom, Caio Henrique, que poderá actuar facilmente nas melhores equipas europeias. Pela direita, onde jogam habitualmente Sidibé ou Rubén Aguilar, o Braga poderá ter mais hipóteses se explorar os flancos, poderá ultrapassar esta equipa”, diz o analista de futebol.
“A equipa monegasca não defende bem, com o Gelson e o Diop que não recuperam rapidamente nos flancos. Os centrais Maripán, Badiashile e Disasi são fortíssimos, principalmente no jogo aéreo. A zona central é forte, é por aí, mais por fora, que vejo a equipa a poder ultrapassar este Mónaco. Mas lá está, não sei que Braga irá aparecer”, acrescenta.
Olhando para as armas monegascas, Freitas Lobo refere o nome do capitão e goleador que leva esta época em todas as competições 41 jogos, 22 golos e cinco assistências. “Ben Yedder é indiscutível, o tipo de jogador que se deres um metro, ele ganha três a seguir. Tem um poder de finalização notável”.