Oriol Rosell é um dos reforços 2014/15 do Sporting CP já anunciados que maior curiosidade desperta. Se por um lado alia um notável “cartão-de-visita” enquanto atleta de formação (a passagem por La Masia é um selo de garantia prévio sujeito a confirmação), por outro o facto de ter jogado desde 2012 numa Liga emergente mas distante da nossa atenção motiva natural dúvida na hora de definir expectativas.
BILHETE DE IDENTIDADE
Rosell é um jogador ainda jovem, com apenas 22 anos completados a 7 de Junho. Abandonou o Barcelona B com apenas 20 anos para o que, aos olhos de muitos, seria uma arriscada opção de carreira: ingressar na MLS americana. Entre 2012 e 2014 Rosell conquistou o seu lugar, assumindo papel central na conquista da MLS Cup 2013 pelo Sporting Kansas City, liderando o ranking da Liga em passes interceptados (130) e registando ainda um golo e uma assistência. Na época 2014 cumpriu apenas sete dos 15 jogos disputados até à sua saída devido a uma lesão.
COMO ANALISAR ROSELL?
Que jogador é “Uri” Rosell? De modo a melhor enquadrarmos o seu desempenho decidimos comparar o espanhol com o médio-centro / defensivo Osvaldo Alonso, dos Seattle Sounders, um jogador cubano de 28 anos, com seis anos de experiência MLS e eleito quatro vezes most valuable player (jogador mais valioso) pelos colegas de Seattle (equipa de onde chegou ao Sporting CP o avançado Montero em 2013). Osvaldo lidera ao jogo 15 da MLS o ranking de eficácia de passe (90,2%), no qual era seguido precisamente por Rosell.

UM JOGADOR DE PASSE
A análise comparativa permite perceber de imediato que Rosell privilegia a circulação de bola e o passe, fazendo-o com eficácia acima da média (90%, a segunda melhor da Liga, e 73 passes por jogo, o número mais elevado da MLS), um dado que “casa” com a sua formação. A eficácia não se resume ao passe curto, completando também uma média de 10,1 passes longos por jogo. Tal como seria de esperar num “6 clássico”, Rosell não é um jogador de criação de oportunidades de golo, nem mesmo através do seu passe eficaz. Com uma média de 0,4 passes para ocasião de golo por jogo (três ocasiões) e apenas 0,1 no que respeita a passes de ruptura, percebe-se não ser um “box-to-box” com influência na fase ofensiva. Já Osvaldo Alonso, embora l0nge de ser um especialista, regista dez passes para ocasião de golo . Ambos confirmam a leitura, apresentando zero assistências e zero golos e apenas uma média de um remate por jogo.
DURO PELO SOLO, MACIO PELO AR
Do ponto de vista defensivo o catalão apresenta registo pouco coerente com a sua “fama disciplinar” (acumulou na época 2012/13 dez amarelos ganhando fama de jogador “duro”, um registo superior a qualquer um dos obtidos por Alonso nas seis épocas que leva de MLS): “Uri” fez menos tackles, intercepções e faltas em média que Osvaldo Alonso mas regista um cartão vermelho nos sete jogos que realizou, contra quatro amarelos do jogador dos Seattle. Uma área onde Rosell decididamente não aparenta ser determinante é na disputa de bolas pelo ar, com apenas dois lances ganhos em oito, contra 12 em 16 por parte de Osvaldo, apesar de o último ser mais baixo que o espanhol. Estes números resultam numa eficácia combinada na disputa de bola de apenas 30% para o catalão, contra 56% de Alonso.
Eis um vídeo com alguns momentos de jogo de Oriol Rosell na MLS:
CONCLUSÃO
Uma análise de desempenho com estas características apenas pode dar “pistas” acerca do que esperar de um jogador, que complementem uma observação detalhada. Perfil psicológico, sistema de jogo e Liga disputada são apenas algumas das variáveis contextuais que podem confirmar ou refutar o “BI” de um jogador, e razão pela qual o futebol não é, nem nunca será, uma ciência exacta mas sim uma “arte” para a qual a estatística pode dar um contributo importante, mas nunca único. Aguardemos portanto pelo pontapé de saída para percebermos quem é Oriol Rosell na sua versão leonina. O que espera de Oriol Rosell? Que outras necessidades identifica no plantel do Sporting CP? Deixe-nos a sua opinião, obrigado.