Haris Seferovic é tudo menos um avançado consensual no Benfica. O suíço já mostrou o seu melhor (máximo goleador da Liga 18/19 com 23 golos, num total de 28 acções para golo), mas também o pior (não passou das sete acções para golo em 1460 minutos, em 19/20), ao serviço dos “encarnados”. A sua passagem pelas “águias”, onde chegou em 2017, pode ser comparada a uma autêntica “montanha russa”, no que toca ao seu estatuto aos olhos de treinadores, adeptos e analistas do futebol luso.
[ Duas faces bem distintas de Seferovic na Liga, ao serviço do Benfica ]
A época em curso encerra ela própria mais uma “voltinha de montanha russa” para o suíço. De dispensável com pé e meio fora da Luz a primeira opção de ataque para Jorge Jesus, Haris já viveu de tudo. A fase actual de Seferovic não podia ser mais positiva: saiu de Lisboa como goleador maior do Benfica e segundo melhor marcador da Liga (a um golo de “Pote”) e regressa com dois golos marcados pela Selecção nos três jogos disputados na última semana.
🇨🇭 Suíça 🆚 Finlândia 🇫🇮
— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) March 31, 2021
25 minutos bastaram a Haris Seferović 🇨🇭 para marcar no amigável frente à Finlândia
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Apesar do bom momento, o helvético continua associado à “fama” de avançado que desperdiça ocasiões “cantadas”. Se por um lado a fama tem razão de ser (vide os 29% de aproveitamento na Liga 19/20, no primeiro statscard deste artigo), a verdade é que, neste momento, Seferovic não só apresenta uma taxa de aproveitamento de ocasiões flagrantes de golo acima da média, como uma das melhores da Europa, lado a lado com grandes nomes do futebol europeu. O facto será para muitos ainda mais surpreendente ao avançarmos que apenas Erling Haaland bate os 54,5% de aproveitamento de Haris, entre os jogadores com pelo menos 20 ocasiões flagrantes de bola corrida nos pés (ou cabeça), nas seis principais Ligas europeias (Top 5 + Liga NOS). E esta hein?
Recorrendo ao novo grafismo que o nosso Antunes automatizou nos últimos dias conseguimos perceber como foram aproveitadas estas ocasiões, uma novidade que nos ajudará a visualizar com maior eficácia o acerto (ou falta dele) dos homens de quem se espera o que de mais importante há no futebol: o golo.
[ Haris Seferovic na Liga NOS: 12/22 flagrantes de bola corrida convertidas (54,5%), a amarelo os golos ]
Apenas Kylian Mbappé (PSG) iguala o aproveitamento de Seferovic (dispôs igualmente de 12 flagrantes de bola corrida convertidas em 22), ambos atrás do mais letal “terminator” do futebol europeu do momento: Erling Haaland, que facturou 16 das 25 flagrantes que lhe passaram à frente (64%, ninguém aproveitou melhor). De salientar que tanto o norueguês como o francês desfrutaram de ocasiões flagrantes de bola parada (penáltis), um lance de que o Benfica ainda não dispôs e para o qual Seferovic não é opção. Essas finalizações de grande penalidade surgem mapeadas, mas não contam para as taxas de aproveitamento referidas, que se centram em ocasiões de bola corrida. Ainda assim, fica curiosidade: Haaland concretizou um dos dois penáltis que cobrou, enquanto Mbappé finalizou com sucesso as cinco grandes penalidades que encarou.
[ Haaland e Mbappé acompanham Seferovic no pódio dos avançados que melhor aproveitam as ocasiões flagrantes em 20/21 ]
O suíço também não se sai nada mal na hora de contabilizar a taxa de finalizações flagrantes enquadradas, com cerca de 73% a serem rematadas na direcção da área de golo, um registo próximo de nomes como Cristiano Ronaldo (76%) e até superior ao goleador europeu do momento: Robert Lewandowski enquadrou “apenas” 63% das 38 flagrantes de bola corrida de que dispôs (com os ferros a reclamarem boa parte da culpa, estragaram-lhe cinco ocasiões). “Aliens” neste capítulo? Haaland, mais uma vez, com 84% de flagrantes enquadradas e o jovem sueco Alexander Isak (R. Sociedad), que chega aos 85% em 20 flagrantes.
