Fernando Santos parece ter escolhido Pepe e Ricardo Carvalho como a sua dupla de centrais de confiança nos primeiros jogos ao leme. Não se pode dizer que o tenham deixado ficar mal, mas o jogador do Mónaco terá 38 anos no próximo Europeu, e encontrar um sucessor à altura começa a ser tarefa urgente.
Se perguntarem em Inglaterra, poucos terão dúvidas. José Fonte foi há bem pouco tempo escolhido para o “onze” ideal da primeira volta da Premier League, e é tido como um dos esteios das magníficas campanhas do Southampton recentemente.
Analisámos os números de José Fonte e comparámo-los com os dos restantes centrais convocados de modo a perceber se está pronto a assumir a titularidade e o que oferece face aos concorrentes pela vaga.
FORTE PELO SOLO, AVESSO ÀS ALTURAS
Para entender melhor o tipo de central que Fernando Santos gosta e também a complementaridade que procura numa dupla, fomos perceber a acção defensiva típica de cada um dos convocados.

Por aqui fica logo claro o que o seleccionador pretende. Um jogador forte no jogo aéreo e outro rápido na antecipação. Se Pepe e Bruno Alves cabem no primeiro grupo, José Fonte, tal como Ricardo Carvalho, é mais do segundo tipo. Apesar do seu 1,87m, o jogador do Southampton foge um pouco ao confronto aéreo e tem mais características de boa leitura de jogo em antecipação, precisamente aquilo a que Ricardo Carvalho nos habituou ao longo dos anos. Fica logo desde aí claro quem é o seu concorrente mais óbvio.
Mas se relativamente ao estilo estamos conversados, que tal na comparação quantitativa? Analisemos o seguinte quadro:
QUADRO 1: ACÇÕES DEFENSIVAS (EFICAZES)
Desempenho comparado dos centrais nos jogos disputados nas respectivas Ligas (dados: OPTA/Squawka)
Pelo chão, pelo ar e em antecipação, se nos cingirmos ao confronto directo com Ricardo Carvalho, José Fonte não perde em nenhum dos parâmetros defensivos analisados, sendo apenas um pouco mais faltoso que o ex-jogador de Porto, Chelsea e Real Madrid. Ainda assim faz menos de metade das faltas de Bruno Alves.
As diferenças não são óbvias mas o “saint” tem outro trunfo ainda, o de ser bem mais poderoso na grande área adversária. José Fonte conta com 0,6 remates por jogo, contra os irrisórios 0,1 de Ricardo Carvalho.
FONTE MERECE OPORTUNIDADE
A experiência é um posto, mas José Fonte, aos 31 anos, também já não é um jovem e convive semanalmente com grandes avançados no seu campeonato. Pelo menos em campo está capaz de oferecer tudo aquilo que Ricardo Carvalho nos habituou, e até em maior quantidade, portanto começa a impor-se, no mínimo, uma oportunidade para se mostrar.