Sporting: os Ratings dos Campeões

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O Sporting é o campeão nacional 2020/21, um feito alcançado muitos anos após o último título e que, por isso, foi acolhido com desmedido entusiasmo. Os debates centram-se no encontrar dos responsáveis máximos por esta conquista, com grande parte dos elogios a recaírem sobre o treinador Rúben Amorim. Contudo, quem joga deve ter um destaque maior, pois são os jogadores, lá dentro, a cada jogo, a cada lance e a cada duelo disputado, que em última instância alcançam os resultados.

Esta peça é dedicada a eles, aos jogadores campeões nacionais – outros ainda se poderão juntar nas duas rondas que faltam – e aos seus desempenhos acumulados nas 32 jornadas invictas que garantiram o título ao “leão”. Confira os principais statscards dos craques leoninos.

António Adán 🇪🇸

Garantia de segurança

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O currículo do guardião espanhol é extenso, com passagens por gigantes europeus, títulos, muitos títulos, embora raramente se tenha afirmado como primeira escolha indiscutível. Experiente, Antonio Adán chegou a Alvalade com cartel e demonstrou-o com grande categoria. Foram épicas algumas das suas exibições, transmitindo uma segurança à defesa leonina expressa nos 78% de remates enquadrados defendidos e 19 “clean sheets”.

Luís Neto 🇵🇹 – Sebastián Coates 🇺🇾 – Zouhair Feddal 🇲🇦

Três “torres de vigia”

O “triunvirato” de defesas centrais com mais minutos, mesmo não tendo sido Luís Neto uma opção inicial clara, muitas vezes relegado para o banco por Gonçalo Inácio. O internacional português, contudo, apresenta excelentes números, no passe, mas em especial nas intercepções (2,6 por 90 minutos). Do lado “canhoto”, Feddal. O marroquino foi contratado ao Betis, os adeptos desconfiaram, chegou com fama de faltoso, mas brilhou no passe, no domínio no futebol pelo ar (79% de duelos aéreos defensivos ganhos) e ainda contribuiu com golos e assistências.

Mas o “patrão” da defesa, a voz de comando e, para muitos, a grande figura do campeão, é Sebastián Coates. Além da extrema segurança defensiva, das exibições portentosas, no domínio nos duelos aéreos defensivos (também 79% ganhos), é nesta altura o defesa com mais golos no campeonato, cinco, alguns deles a valerem pontos decisivos. Que época do uruguaio!

Pedro Porro 🇪🇸 – Nuno Mendes 🇵🇹

“Ala moços” que é para atacar

O espanhol Pedro Porro chegou emprestado de um clube sonante, mas após uma época para esquecer no Valladolid, não eram muitas as expectativas. Meses depois é uma das figuras do “leão”, ao ponto de ter sido já convocado para a selecção de Espanha. Duro a defender, no desarme, é um jogador de características ofensivas, forte no drible, capaz de fazer assistências e marcar golos decisivos. Do lado esquerdo, Nuno Mendes. O jovem lateral viveu situação semelhante, garantindo o lugar no “onze” e estreia na Selecção Nacional portuguesa. Exímio nas intercepções, integra-se no ataque como poucos.

João Palhinha 🇵🇹 – João Mário 🇵🇹

Força e requinte na terra dos “Joões”

Se há sector fundamental em qualquer equipa, esse é o meio-campo. O Sporting pode agradecer à sua zona intermédia e a dois autênticos “monstros”, com características diferentes. João Palhinha foi o “polvo” que tudo alcançou e “varreu”, intratável pelo ar e na pressão em zonas adiantadas (3,7 acções defensivas no terço intermédio). João Mário é daquele jogador que parece passar ao lado de um jogo, mas todo o futebol passa por ele. De “pantufas”, é de uma inteligência táctica a toda a prova, com capacidade de drible, empenho defensivo e passe requintado.

Pedro Gonçalves 🇵🇹 – Nuno Santos 🇵🇹

Golos, desequilíbrios… e mais golos

Um é mais fundamental que outro. Pedro Gonçalves é, a esta altura, o melhor marcador do campeonato, a par de Haris Seferovic, com 18 golos. Transformado de médio-centro em médio-ofensivo móvel, surge nas alas ou na área, para finalização, com uma eficácia aterradora, quase sem se dar por ele. Um jogador com um crescimento extraordinário. Nuno Santos, por seu turno, foi mais preponderante na primeira metade da época, com velocidade, intensidade, drible, mas também golos e assistências e uma extraordinária entrega ao jogo.

Paulinho 🇵🇹

A escolha de Rúben

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Um dos debates do momento. Os €17M que o Sporting pagou ao Braga pelo “jogador-fetiche” de Rúben Amorim acrescem à exigência e pressão. Nem tudo correu sempre bem a Paulinho, mas nem tudo correu tão mal como pintam. A inteligência nas movimentações, a forma como se liga aos colegas de equipa e faz girar o centro nevrálgico do jogo, tornam-no num elemento preponderante. Nos 902 minutos de leão ao peito fez três golos e uma assistência.

Gonçalo Inácio 🇵🇹 – Matheus Reis 🇧🇷 – Antunes 🇵🇹

Juventude e experiência

Gonçalo Inácio foi, na prática, primeira escolha de Rúben Amorim para central do lado direito, quase sempre que ele e Luís Neto estavam aptos. Mas o jovem acabou com menos minutos que o experiente internacional luso, por isso surge aqui entre as alternativas. Porém, a verdade é que mostrou, ao longo da época, uma grande solidez, impecável sentido posicional, que lhe permitiu realizar muitas intercepções, e esteve sempre muito bem no passe.

Vitorino Antunes foi a alternativa a Nuno Mendes no arranque da época, cumpriu sempre, mas foi perdendo espaço e terminou com poucos minutos, menos ainda que Matheus Reis, mais versátil, ao fazer o flanco canhoto, mas também dando opção a central do lado esquerdo.

Matheus Nunes 🇧🇷 – Daniel Bragança 🇵🇹

Futuro garantido

Dois jovens talentos, certamente o futuro do Sporting para o meio-campo. Matheus Nunes foi alternativa fiável e regular a João Mário, realizando exibições de grande nível, muito bem no drible e marcando mesmo golos fundamentais, como aquele ao cair do pano do dérbi com o Benfica, em Alvalade, ou o que derrotou o Braga na Pedreira, após um jogo inteiro de Sporting reduzido a dez elementos. Daniel Bragança é o exemplo do futebol refinado, técnico, da visão de jogo e cabeça sempre levantada. Os 88% de passes certos para o último terço são verdadeiramente extraordinários, variando entre acções ofensivas de qualidade e grande entrega defensiva.

Jovane Cabral 🇨🇻 – Bruno Tabata 🇧🇷

Capacidade de explosão

A Jovane Cabral falta apenas consistência e regularidade, algo a que as lesões não ajudam. Quando esteve bem foi fundamental, graças à sua velocidade, intensidade e capacidade para esticar o jogo e desequilibrar. Fez cinco golos, alguns bem importantes, e duas assistências, destacando-se com 68% de eficácia nos 5,1 dribles tentados a cada 90 minutos. Bruno Tabata foi importante em alguns jogos, tendo registado duas assistências em apenas 470 minutos. Acabou a época mais cedo, devido a lesão.

Tiago Tomás 🇵🇹 – Andraz Sporar 🇸🇮

Uma grande mobilidade 

Tiago Tomás foi, até à chegada de Paulinho, a principal opção de Rúben Amorim para o ataque, alternando também alguns jogos na posição de extremo ou no apoio ao ponta-de-lança, sempre com grande mobilidade. Teve uma evolução considerável, possui grande talento, mas ainda lhe falta golo (fez três somente), convertendo apenas 22% das ocasiões flagrantes de que dispôs. Andraz Sporar é um caso diferente. Alternou excelentes jogos com outros de apagamento total, o seu desperdício (18% de flagrantes convertidas) e características não caíram no goto de Amorim, pelo que acabou emprestado ao Braga.

Os outros campeões

Além dos supracitados, há outros jogadores campeões, que foram bem menos utilizados. Gonzalo Plata começou a época nas opções (186 minutos), mas terminou relegado para a equipa B, enquanto Eduardo Quaresma, opção na época passada, passou ao lado desta temporada, sendo uma das últimas opções para central. Ainda assim tem direito a medalha, tal como Luís Maximiano, titular na baliza na época passada, mas que este ano ficou na sombra de Adán. João Pereira regressou a Portugal para ser opção a Porro do lado direito. A sua garra foi pouco vista, pelos poucos minutos (160), mas volta a ser campeão, após o ter sido em 2005 de águia ao peito. E não nos podemos esquecer do “menino” Dário Essugo, que se estreou aos 16 anos e seis dias.

Já não estão no Sporting (tal como Sporar), mas também foram campeões: Cristián Borja (Braga), Luciano Vietto (Al-Hilal) e Marcus Wendel (Zenit).

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