
Se no que diz respeito aos mais produtivos jogadores o diálogo Cristiano Ronaldo – Messi parece não continuar a permitir intromissões, já a discussão dos melhores treinadores do ano oferece sempre um maior interesse, ainda que menor espectacularidade.
Num momento em que (para alguns) já se cumpriram 10 jornadas de competição nas respectivas Ligas colocámos os treinadores que, competindo na Europa, melhor produtividade demonstram e surpresa, ou talvez não, nos critérios mais objectivos disponíveis (pontos amealhados por jogo e diferença de golos) não é nem José Mourinho nem Guardiola que encontramos no topo. De fora ficam à partida grandes nomes que, no entanto, não viram as suas equipas iniciar a nova temporada com o fulgor esperado, como Jurgen Klopp e Louis van Gaal entre outros.
Defender na perfeição é (até agora) possível
Em boa verdade José Mourinho não lidera apenas devido a uma particularidade impressionante do novo Barcelona de Luis Enrique: ao fim de oito jornadas da Liga BBVA o Barça não sofreu um único golo, quando se prepara para defrontar o grande rival na próxima jornada. Ambos os treinadores atingiram em oito jogos a marca de 2,75 pontos por jogo sendo que os “blues” de Mourinho registam até um maior número de golos marcados por partida (2,9) mas no capítulo defensivo os “blaugrana” seguem intratáveis com zero golos sofridos contra um golo sofrido por jogo dos líderes da Premier.
No terceiro lugar surge o discípulo distanciado de José Mourinho, André Villas-Boas que fruto do excelente arranque do seu Zenit acumula 2,6 pontos por jogo. O português apresenta também o segundo terceiro registo defensivo do comparativo (0,8 golos sofridos por jogo), ex-áqueo com o surpreendente Marselha de Marcelo Bielsa, embora ambos acumulem já 10 partidas disputadas, contra as apenas oito dos restantes treinadores comparados.
O espanhol Pep Guardiola surge na quarta posição, com 2,5 pontos por jogo, o mesmo registo de Bielsa mas concedendo apenas 0,3 golos por partida, desempenho batido apenas por Luis Enrique como já referimos. No final da tabela surgem Carlo Ancelotti (Real Madrid) e Diego Simeone (Atlético Madrid). Os finalistas da última edição da Liga dos Campeões conquistaram ambos mais do que dois pontos por jogo até ao momento mas incluem o lote de três (juntamente com Bielsa) que já perdeu partidas, no caso do italiano duas, ainda sem defrontar o Barcelona.
Quadro: Sete treinadores, sete homens em destaque
Treinador | Equipa | Sistema | JG | V | E | D | PT | GM | GS | GA | MGM | MGS | PPJ |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Luis Enrique | Barcelona | 4-3-3 | 8 | 7 | 1 | 0 | 22 | 22 | 0 | 22 | 2.8 | 0.0 | 2.8 |
José Mourinho | Chelsea | 4-2-3-1 | 8 | 7 | 1 | 0 | 22 | 23 | 8 | 15 | 2.9 | 1.0 | 2.8 |
André Villas-Boas | Zenit | 4-2-3-1 | 10 | 8 | 2 | 0 | 26 | 26 | 8 | 18 | 2.6 | 0.8 | 2.6 |
Pep Guardiola | Bayern | 4-3-3 | 8 | 6 | 2 | 0 | 20 | 21 | 2 | 19 | 2.6 | 0.3 | 2.5 |
Marcelo Bielsa | Marselha | 4-2-3-1 | 10 | 8 | 1 | 1 | 25 | 25 | 8 | 17 | 2.5 | 0.8 | 2.5 |
Carlo Ancelotti | R. Madrid | 4-3-3 | 8 | 6 | 0 | 2 | 18 | 30 | 9 | 21 | 3.8 | 1.1 | 2.3 |
Diego Simeone | At. Madrid | 4-4-2 | 8 | 5 | 2 | 1 | 17 | 14 | 7 | 7 | 1.8 | 0.9 | 2.1 |
Legenda: JG - jogos disputados; V - vitórias; E - empates; D - Derrotas; PT - pontos; GM - golos marcados; GS - golos sofridos; GA - goal average; MGM - média de golos marcados; MGS - média de golos sofridos; PPJ - pontos por jogo |
Prometedor duelo de sistemas
Neste comparativo olhámos também com atenção os sistemas usados preferencialmente pelos treinadores comparados. Apesar de alguns treinadores terem já testado diferentes soluções, com particular destaque para Pep Guardiola que apresenta uma maior variância do que os demais, a predominância do 4-3-3 e do 4-2-3-1 é evidente, inclusive no confronto de desempenho existente no topo da lista: Luis Enrique assume o sistema de 3 avançados enquanto que José Mourinho assume há já algum tempo o 4-2-3-1 como a sua base de trabalho. Ambos conquistaram até agora os mesmos pontos (22).
A época ainda atravessa a sua fase introdutória mas os dados prometem uma competição acesa entre mestres do banco, com destaque especial para o eterno Marcelo Bielsa, cujo trabalho de renovação no histórico Marselha ameaça alimentar o seu vasto e interessante curriculum.