Warm-up para o Jamor? Check-up a Porto e Sporting antes do clássico

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Porto e Sporting, que também são finalistas da Taça de Portugal, vão defrontar-se este domingo no Dragão, no derradeiro “clássico” da Primeira Liga 2023/24 entre os chamados três “grandes”. O “dragão” já nem matematicamente pode chegar ao título, enquanto o Sporting, em grande forma, em especial no ataque, surge neste embate com a possibilidade de ficar a uma só vitória de garantir o “caneco”. Há muitos dados a observar nas duas equipas, que têm vivido temporadas díspares, mas há algumas, que explicamos abaixo, que podem ter um peso grande no desfecho do jogo.

Quem remata mais?

Ao olharmos para a tabela e para os números marcados pelas duas equipas (55-87), a ideia imediata é que o Sporting deve rematar mais, muito mais… mas não. Os dois emblemas têm registos mais ou menos aproximados no que toca a disparos, com ligeira vantagem para o Porto, que regista uma média de 17 por jogo, contra 16,3 dos “leões”. Essa ligeira diferença inverte-se quando o tema é remates de bola corrida, com os de Alvalade a fazerem 12,3 por partida, contra 11,6 dos portistas. O que faz pender a balança para o lado lisboeta é outro dado, que veremos em seguida.

Veredicto: FC Porto (com ligeira vantagem)

Quem é mais eficaz no plano ofensivo?

Aqui é que tudo começa a ser diferente e com ampla vantagem para o líder do campeonato. O Porto surge aqui numa posição que deferia fazer pensar os seus responsáveis, pois quando a questão é a taxa de conversão de remates em golo, os “dragões” são somente a nona melhor equipa da Liga, com apenas 10,7% de disparos que acabam no fundo das redes. O Sporting lidera destacado, com 17,1%, mais 4% que o perseguidor mais perto, o Benfica. Porém, há outro número esclarecedor.

O “leão” tem mais 22,1 golos marcados do que era esperado. Leu bem. Os Expected Goals (xG) dizem que a equipa de Rúben Amorim deveria ter 65 golos apontados (64,9), mas já soma 87, o que faz dos de Alvalade a formação das Ligas Top 5 da Europa, mais Primeira Liga, com um mais elevado saldo positivo. Ao invés, o Porto deveria ter 57 golos marcados (57,3), pelos xG, mas regista 55, apresentando um saldo negativo de 2,3, o quarto pior da Liga. Se estes números voltarem a ter expressão no jogo, então o Sporting entra com vantagem clara.

Veredicto: Sporting (de forma clara)

Quem leva a bola à área adversária com mais frequência?

Mais um número contrastante. Pelo exposto acima, a lógica diz-nos que deveria ser o Sporting a levar mais vezes a bola à área adversária, onde é mais decisivo, mas não. O Porto é o conjunto do campeonato que o faz com mais frequência (37,2) por jogo, acima do que fazem os “verdes-e-brancos”, que são segundos neste detalhe, com 35 acções com bola na área contrária por desafio. A questão é depois a eficácia e o que se faz com a bola nesta zona do terreno.

Veredicto: Porto (embora sem grande relevância)

Quem permite menos perigo junto da sua baliza?

Ao longo da época, o especialista em evitar remates dos adversários tem sido o Sporting e os lisboetas chegam a esta partida ainda na liderança deste indicador. São apenas 7,9 remates dos oponentes que o Sporting permite por jogo, sendo que na sua grande área o cenário de solidez repete-se, com apenas 4,3 remates concedidos.

O “dragão”, que sempre gostou da solidez defensiva como base do seu jogo, é o segundo melhor da prova em ambos os indicadores, com 8,7 disparos permitidos aos adversários, sendo que na sua área são 5,6. Não espanta que os portistas sejam, a par do Benfica, a melhor defesa do campeonato, com 24 tentos sofridos.

Para estes números, no que se refere ao Sporting, ajuda o facto de os de Alvalade serem a equipa da Liga que menos dribles permite aos opositores, somente 6,8 por partida, sendo que o Porto aparece em quarto com um pouco mais (7,3). Talvez por isso, os da Invicta permitam mais acções na sua área (14,6) do que o seu rival (11,7) do “clássico”.

Veredicto: Sporting (com pequena margem)

E qual evita a bola no fundo das suas redes com mais eficácia?

Novamente, um dado contraditório. Se o Sporting é a formação que menos remates permite, incluindo na sua área, deveria ter valores diferentes quando a questão é evitar golos, mas não. O “leão” surge neste jogo com saldo negativo entre os Golos Esperados (xG) que permite (23,4) e os tentos realmente sofridos (27). São mais quatro golos (3,6) do que os expectáveis, sendo o Sporting a oitava equipa com pior saldo. O facto de Antonio Adán registar – 3,1 golos evitados no seu pecúlio no momento da lesão explica muita coisa. 

Para este jogo, o Porto terá na baliza Cláudio Ramos, devido à lesão de Diogo Costa, pelo que o “frente-a-frente” entre os dois titulares (Franco Israel também é o segundo guardião, mas vai a jogo) não faria muito sentido. Porém, importa olhar para o saldo portista e aí os da casa levam vantagem, pois sofreram 24 golos, quando deveriam ter encaixado 27, uma diferença de três tentos (2,7) e que deve agradar a Sérgio Conceição.

Veredicto: Porto (com clareza)

Duelos que podem marcar a diferença

Eles são os líderes do balneário e nas quatro linhas, ambos no sector recuado. O valor de Pepe é inquestionável aos 41 anos, mas esta época, Coates volta a mostrar porque é um dos indiscutíveis nos “leões”. Entre centrais, o uruguaio é o jogador com melhor taxa de duelos aéreos defensivos ganhos, nada menos que 84% (Pepe ganhou 61%), e se o “clássico” começar a tender para o futebol pelo ar, o Sporting terá aqui uma sólida barreira aos intentos portistas.

Dois dos principais desequilibradores, ambos a realizarem épocas de enorme nível, sendo que Francisco Trincão já igualou a melhor época da carreira (a última em Braga), no que toda a acções para golo (14). Contudo, os olhos estarão também em Francisco Conceição, que tenta o drible sete vezes por 90 minutos, com sucesso em 3,2, à frente do melhor entre os “leões”, o sueco Gyökeres (2,3 eficazes em 5,4 tentados).

Evanilson: o talento sempre esteve lá, mas faltava qualquer coisa que as lesões foram adiando. Esta temporada, o avançado “canarinho” assumiu as rédeas do ataque e tem sido uma das unidades mais constantes da equipa de Sérgio Conceição, neste turbilhão de emoções que tem sido 2023/24. O antigo jogador do Fluminense tem, em 23 jornadas, participação directa em 15 golos na Liga – 11 tiros certeiros e quatro assistências. Em todas as provas, regista 37 encontros, 22 tentos e cinco assistências. O problema está na diferença entre xG e golos marcados, com 11,5 esperados e saldo negativo de 0,5.

O contraste com Gyökeres é grande. O sueco tem 24 golos, quando era expectável ter 18 (18,3), sendo o jogador da Liga com maior diferença positiva, quase seis golos a mais (5,7). Potência, drible, técnica, velocidade, visão de jogo e uma grande mobilidade – que lhe permite ser o jogador, de longe, com mais passes progressivos recebidos (479) – são as suas principais características. O sueco é um predador voraz e letal. Marcou presença em 29 das 30 jornadas e tem na folha de serviços números impressionantes: 24 tiros certeiros e nove assistências, ou seja, 33 dos 87 golos leoninos da Liga tiveram contribuição directa ou indirecta do “panzer” nórdico. O senhor €100M já foi utilizado por Rúben Amorim em 45 partidas, apontou 38 golos e gizou 14 assistências! No mínimo, impressionante…

Quem vai ganhar o clássico?

Esta é a pergunta que todos querem respondida e é a mais difícil de dar. Os números acima, que são dos principais indicadores de uma espécie de barómetro, dão favoritismo ao Porto se o factor de desequilíbrio for a forma como consegue fechar as portas da sua baliza, registando menos tentos sofridos do que aquilo que as equipas adversárias criam, mas a história do campeonato tem tido outro factor determinante.

A forma como o Sporting converte, com facilidade, os lances de perigo que consegue construir é um verdadeiro “case study” europeu. São muitos os golos a mais do que seria de esperar tendo em contas os Expected Goals, um evento que não é raro, mas que geralmente surge em períodos específicos da época e tem a tendência para corrigir. Ora o “leão” não está para correcções e mostra uma força ofensiva tremenda, que poderá decidir o jogo do Dragão a seu favor.

Terminamos com o Statscard GoalPoint que resume muito do que aqui partilhamos. Venha o clássico!

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