Estendal da Memória : O golaço de Ronaldinho Gaúcho que castigou um ambicioso Braga europeu

A temporada europeia de estreia na minha permanência no Sporting Clube de Braga traz-me gratas memórias. Pela conquista da Taça Intertoto, prova oficial já extinta, e por uma epopeia que culminou com uma eliminação dolorosa frente ao PSG e passou por um irritante golaço de Ronaldinho Gaúcho.

Sivasspor e Zrijinski ofereceram o passaporte para a Fase de Grupos da Taça UEFA e os bracarenses integram um pote onde constavam Milan AC, Wolfsburg, Portsmouth e Heerenveen. Da história rossonera não vale a pena discorrer, Wolfsburg acolhia uma dupla ofensiva composta por Edin Dzeko e Grafite, o Portsmouth, então liderado por Harry Redknapp, tinha nomes como David James, Sol Campbell, Glenn Johnson, Lassana Diarra, Peter Crouch, Nwankwo Kanu e Jermaine Defoe, só o Heerenveen, com Danijel Pranjic e Gerald Sibon como pontos fortes, parecia abordável.

Se a derrota por 2-3 ante os germânicos foi cruel, a vitória fora por 2-1, ante os holandeses, equilibrou as contas. Uma exibição portentosa em Braga, frente ao Portsmouth, originou um triunfo por 3-0. Uma lição táctica de Jorge Jesus a Redknapp, a catapultá-lo para um plano de notoriedade onde se mantém até hoje.

Marcante a derrota, por 0-1, contra o Milan. Wason Rentería falhou três golos de baliza escancarada, os minhotos subjugaram os ‘rossoneri’ com um futebol de alto quilate durante 90 minutos, mas o génio de Ronaldinho Gaúcho, no último suspiro da partida, conduziu a um desfecho injusto. Terá sido a única vez que vi os olhos de Salvador e Jesus marejados de água, tamanha a decepção.

O Standard de Liège também foi ultrapassado (3-0, 1-1) e só o Paris Saint-Germain travou a marcha minhota. Um empate na capital francesa trouxe a eliminatória para Braga, jogo amarrado com poucas oportunidades, e uma cabeçada de Hoarou, aos 81’, foi decisiva. Uma equipa com uma matriz ofensiva, atraente, que partia de uma sólida base defensiva para libertar a criatividade dos homens das linhas adiantadas, esse era o Braga 2008/2009.

O “Estendal da Memória” é uma rubrica de histórias e memórias futebolísticas, da autoria de Carlos Freitas, que pode acompanhar também no instagram, com novas histórias todas as terças e sextas.