Estendal da Memória : Salas, o “agente” que colocou Ronaldo em Manchester

Aproximava-se o final da temporada de 2002/03 e o nome de Cristiano Ronaldo figurava em todas as ‘short lists’ dos maiores potentados. Apesar da temporada europeia ter sido negativa, os 17 anos e o talento imenso do génio português não passaram despercebidos a ninguém. Recentemente, em entrevista a Piers Morgan, Ronaldo aludiu à reunião que manteve com Arsene Wenger. Antes, porém, já David Dein se deslocara a Lisboa para manifestar o interesse do Arsenal. A exemplo dos londrinos, Valência, Atlético Madrid, Parma foram formais na aproximação ao Sporting. Debalde, as propostas não satisfaziam.

Antes da realização da transferência para o Manchester United, foi a Juventus quem esteve perto de a lograr. Negociações diretas em Turim, Antonio Giraudo, Roberto Bettega e Luciano Moggi pelos ‘bianconeri’, Miguel Ribeiro Telles, José Eduardo Bettencourt e eu pelo Sporting. Montantes acordados, prazos de pagamento estabelecidos. E, além disso, o internacional chileno Marcelo Salas viria em definitivo para o Sporting.

Era a última peça do puzzle e aquela que não encaixou. Salas não queria experimentar outro país europeu e, obviamente, o Sporting não abdicou desta premissa para efectivar a operação. A Juventus ficou a assistir à eclosão de um fenómeno mundial, primeiro no Manchester United, depois no Real Madrid. Salas, esse, rumou ao River Plate, gigante argentino que o revelou antes de rumar ao Velho Continente e à Lazio.

Cristiano Ronaldo viria a ter oportunidade de escrever a sua história com a Juventus entre 2018 e 2021, com títulos e golos, enquanto a recusa de Salas abriu portas a Liedson. Poderia ter sido outra dupla, mas isso fica para um próximo post.

O “Estendal da Memória” é uma rubrica de histórias e memórias futebolísticas, da autoria de Carlos Freitas, que pode acompanhar também no instagram, com novas histórias todas as terças e sextas.