A resistência do Benfica durou 67 minutos. Primeiro, as “águias” conseguiram evitar remates do Bayern até à primeira meia-hora, depois foi aguentar ao máximo, com o golo de Musiala, o único da partida a acontecer quando já se sentia como quase uma inevitabilidade. A formação “encarnada” tentou reagir, mas de forma tímida e nunca teve arte nem engenho para desmontar a máquina bávara.
Gestão de danos
O Benfica revolucionou o seu “onze”, com muitas alterações e um sistema de 5-3-2, para anular o ataque alemão e apostar no contragolpe. Porém, com, Renato, Aursnes e Kökçü no “miolo”, os bávaros conseguiam empurrar as “águias” para a sua área, sem que estas conseguissem pressionar em zonas mais seguras. As saídas também não funcionavam, pois eram realizadas com passes curtos que a pressão contrária em zona frontal anulava facilmente e os passes longos acabavam sem efeito, pois Amdouni e Aktürkoğlu eram facilmente abafados pelos “armários” da defesa da casa.
Defensivamente tudo correu bem aos lusos até à meia-hora, pois apenas em cima do minuto 30 surgiu o primeiro remate do encontro. Acontece que, a partir daqui e até ao descanso, o Bayern rematou dez vezes, cinco enquadradas. Iam valendo os acertos de Trubin e Tomás Araújo.
As entradas de Di María, Beste e Pavlidis ao intervalo deram ao Benfica mais capacidade de pressão e de chegada à frente, mas o Bayern continuava a ser a equipa mais perigosa. As “águias” iam aguentando, mas conseguiram-no até aos 67 minutos, altura em que Kane amorteceu e Musiala marcou de cabeça, em plena pequena área. O que parecia inevitável aconteceu mesmo e, desta feita, Trubin nada pôde fazer. O Benfica demorou a reagir, conseguiu-o apenas a espaços, terminando com Arthur Cabral e Pavlidis na frente, mas a formação da Luz nunca pareceu capaz de incomodar verdadeiramente Manuel Neuer.
[ O mapa mostra bem o cariz do jogo ]
O Jogo em 5 Factos
1. Meia-hora sem remates
A estratégia defensiva do Benfica resultou em pleno nos primeiros 30 minutos. Nessa fase não houve qualquer remate, nem do Bayern, apesar do amplo domínio, e foi só precisamente à meia-hora que os bávaros realizaram o primeiro disparo, por Konrad Laimer.
2. Enorme diferença ofensiva
Ao longo da partida foi-se percebendo que só num lance fortuito o Benfica poderia chegar ao golo. De facto, os números finais mostram isso mesmo. Aos 24 remates (dez enquadrados) do Bayern, os “encarnados” responderam com apenas um disparo, registo que é o mais baixo de qualquer equipa nesta Champions, terminaram sem qualquer enquadrado e com apenas 0,1 Golos Esperados (xG).
3. Alemães quase perfeitos no passe
Os 73% de posse de bola do Bayern foram acompanhados por uma grande qualidade de passe. Das 858 entregas, os alemães completaram 798 (ou 93% de eficácia), número que é o mais elevado de uma equipa nesta Liga dos campeões.
4. Benfica focado em defender
Este facto foi notório mesmo “a olho”, mas os números também o demonstram. Não só os jogadores do Bayern foram desarmados 14 vezes (máximo da equipa, quando a média era de cerca de oito por jogo), como os homens da Luz acumularam 101 acções defensivas, o terceiro valor mais alto da prova.
[ Os 14 desarmes sofridos pelos jogadores do Bayern ]
5. A máquina Kimmich
As dificuldades do Benfica vieram de vários jogadores, mas um deles foi um pêndulo que complicou toda a estratégia benfiquista. Joshua Kimmich foi o jogador com mais acções com bola num jogo desta Champions, nada menos que 149, e completou extraordinários 122 de 127 passes (96%).
[ Todas as 149 acções com bola do omnipresente Kimmich ]
MVP GoalPoint: Harry Kane
O avançado inglês está em todo o lado, no meio-campo a defender e a organizar, na área a tentar finalizar, nas alas à procura de espaços. Harry Kane foi o MVP do jogo, tendo sido dele a assistência para o tento de Musiala. O atacante foi o mais rematador, com oito disparos, três enquadrados, fez cinco passes para finalização (máximo), recebeu dez passes progressivos, somou dez acções com bola na área contrária e ganhou dois de quatro duelos aéreos… defensivos.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Bayern
Min-Jae Kim 7.9
Enorme jogo do central coreano, que foi fundamental para anular os contra-ataques e os atacantes “encarnados”. Kim terminou com 100% de passes certos (em 111), entre eles 39 passes verticais (igualou o máximo da prova), somou dez passes progressivos, 125 acções com bola, seis desarmes, quatro acções defensivas no meio-campo contrário e um corte decisivo.
Jamal Musiala 6.7
O extraordinário avançado alemão marcou o único golo do encontro, rematou quatro vezes, duas enquadradas, e foi uma constante ameaça. Recebeu 14 passes pro0gressivos (máximo), somou nove acções na área benfiquista e ainda ajudou com quatro desarmes. De negativo os sete dribles consentidos, novo máximo da competição.
Destaques do Benfica
Anatoliy Trubin 7.3
Se não fosse o guardião ucraniano, o resultado teria outro volume. Trubin fez nove defesas, segundo valor mais alto num jogo desta Champions, e evitou 0,7 golos (defesas – xSaves).
Tomás Araújo 7.2
A exibição do jovem central benfiquista foi digna de deixar em alerta as grandes equipas europeias e apenas foi batido por Kane nas alturas, no lance do golo. Tomás ganhou 11 de 14 duelos individuais, incluindo cinco de seis com Musiala e os três com Coman, ganhou os três duelos aéreos defensivos em que participou, somou oito alívios e oito desarmes, igualando nesta variável o máximo da prova.
Otamendi 7.0
A voz de comando e de sacrifício (mandou Beste regressar ao relvado quando este estava a ser assistido) do costume. Otamendi só falhou um de 20 passes, ganhou dois de três duelos aéreos defensivos e acumulou 16 acções defensivas, com destaque para nove alívios, dois bloqueios de remate e um corte decisivo.
Aursnes 6.2
Tacticamente muito importante, só não conseguiu solidificar a zona imediatamente à frente da defesa benfiquista para permitir aos outros médios pressionarem mais à frente. De resto esteve muito bem, com oito duelos individuais ganhos em nove, três desarmes, três bloqueios de remate e quatro dribles eficazes em cinco.
Renato Sanches 5.1
Os olhos estavam postos em “Bulo” pela titularidade inesperada e pelo regresso a Munique. Não esteve mal Renato em termos globais, com 20 passes certos em 23, três desarmes e o máximo de recuperações de posse (9), mas esteve inexistente em termos ofensivos e de condução de bola, sem explosão, e completou os últimos minutos em campo em claro défice físico.