Benfica 🆚 Moreirense | Águia adormece e apanha susto

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Sofrido. Após um arranque de primeira parte que prometia uma noite descansada para o Benfica, eis que a formação de Bruno Lage voltou a oscilar muito, perdeu o controlo do jogo e “passou pelas brasas” na segunda parte, como consequência de querer adormecer o jogo e chamar o Moreirense para zonas mais adiantadas – ao ponto de ter sofrido um golo perto do fim. Num jogo marcado pelas lesões aparentemente graves de Bah e Manu Silva, Pavlidis brilhou com um bis, mas para a história fica o enorme bocejo do segundo tempo, culpa da estratégia benfiquista.

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Adrenalina seguida de sono

Golos, lesões, bons lances de futebol, jogadas de perigo, um penálti. Teve de tudo um pouco a primeira metade no Estádio da Luz. O Benfica colocou-se cedo na frente, por Pavlidis, de grande penalidade, o grego bisou pouco depois, mas as “águias” relaxaram e perderam o controlo do jogo, permitindo o (excelente) tento de Benny. Isto antes de Bah e Manu se lesionarem de forma aparentemente grave nos joelhos, no espaço de apenas três minutos, entrando António Silva (Tomás Araújo passou para lateral-direito) e Florentino. Otamendi fez, num belo remate de cabeça, o 3-1 com que se chegou ao intervalo. O Moreirense ia colocando muita gente na área benfiquista, enquanto as rápidas combinações dos “encarnados” iam causando estragos.

O Benfica optou, na segunda metade, pelo seu já tradicional jogo de trocas de bola em zona recuada à espera do avanço do Moreirense, para depois explorar as costas da defesa visitante. Só que os cónegos não foram “na cantiga” e o jogo arrastou-se para momentos de algum aborrecimento, com os minhotos a criarem algum perigo em lances esporádicos. Tanto quis o Benfica adormecer o jogo que o próprio adormeceu e, na sequência de mais uma pachorrenta toca de bola, Carreras errou uma entrega e Ivo Rodrigues (85′) reduziu, levando o jogo a uma recta final nervosa. Porém, não houve mais golos. Bruma e Belotti entraram, mas pouco fizeram, já que nessa fase já o Benfica tinha “desistido” do jogo.

[ O Moreirense nunca se escondeu e subiu no terreno ]

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O Jogo em 5 Factos

1. Eficácia benfiquista

Os “encarnados” fizeram três golos, mas criaram cerca de “metade” do perigo. A formação de Bruno Lage terminou com apenas 1,6 Golos Esperados (xG).

2. Cónegos perigosos

Não é muito hábito ver um dos três “grandes” muito menos em casa, terminar com menos ocasiões flagrantes criadas que os seus adversários de objectivos mais modestos, mas foi isso que aconteceu. O Moreirense registou quatro ocasiões flagrantes, o Benfica apenas três, isto em bola corrida (teve também a grande penalidade).

3. “Águia” teve mesmo de voar

A luta que o Moreirense deu foi grande, pelo chão, mas também pelo ar, obrigando o Benfica a disputar muitos duelos aéreos. Foram 19 os defensivos disputados pelos “encarnados”, máximo da equipa na Liga, tendo os anfitriões ganho 11.

4. Rematar só pela certa?

Nunca o Benfica tinha rematado tão pouco de fora da área nesta Liga. O mínimo até este jogo era de três, mas ante os cónegos foi apenas um, em 11 disparos.

5. Mais área para o Benfica

Pela estatística acima não espanta, portanto, que o Benfica tenha somado um número interessante de acções com bola na área contrária. Foram 25, contra dez dos cónegos.

MVP GoalPoint: Orkun Kökçü 👑

Mais uma vez o turco esteve uns furos acima dos demais. Kökçü foi o cérebro de todo o futebol do Benfica, fez uma assistência e criou uma ocasião flagrante em quatro passes para finalização, somou sete passes progressivos e dois super progressivos, acumulou 83 acções com bola e ainda fez quatro desarmes e outras tantas acções defensivas no meio-campo contrário. Está cada vez mais integrado em todos os momentos do jogo.

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Benfica

Pavlidis 7.1

O grego parece estar, finalmente, conciliado com os golos e tem marcado em jogos consecutivos. Nesta partida fez dois, um de grande penalidade, e apesar de ter fechado a sua contagem de remates bem cedo (aos 15 minutos), já tinha feito estragos suficientes. Até sair aos 69 minutos, para a estreia de Belotti, ajudou essencialmente a equipa na luta e recuperou quatro vezes a posse de bola.

Tomás Araújo 6.5

O jovem defesa começou a central, mas ainda na primeira parte passou para lateral-direito, devido à lesão de Bah. Araújo ganhou oito de 12 duelos, fez uma assistência, completou cinco de seis passes longos e fez nove progressivos (máximo), três conduções progressivas e outros tantos desarmes.

Aktürkoğlu 6.1

Quem anda divorciado com os golos é o extremo turco, mas Aktürkoğlu teve alguns bons apontamentos, em especial uma ocasião flagrante criada. No drible esteve desinspirado, com nenhum completo em três tentados. 

Otamendi 6.1

O argentino não escapou ao desnorte da equipa em termos de organização, tendo registado apenas cinco acções defensivas e perdido quatro de cinco duelos aéreos defensivos. Salvou a exibição com um belo golo, com o máximo de passes completos (72) e tentados (78) e com oito passes longos certos em 11.

Schjelderup 5.7

O controlo de bola e capacidade de drible curto do norueguês é assinalável, mas nesta partida esteve algo apagado e nem sempre decidiu bem as jogadas. Destaque para três dribles completos em seis tentados e para duas conduções super progressivas.

Manu Silva 5.7

Um dos azarados da noite. Saiu lesionado com aparente gravidade, mas conseguiu registar o segundo valor mais alto de intercepções (4) no jogo. E tudo em apenas 37 minutos.

Carreras 5.3

O espanhol foi outra vítima da opção do Benfica de prescindir de atacar. Carreras somou o máximo de passes (18) e de passes de risco (7) falhados, somou o valor mais alto de perdas de posse (28) e de perdas no primeiro terço (5), incluindo um mau passe que acabou em golo adversário. Porém, também acumulou o número mais elevado de acções com bola (105), de dribles tentados (7) e completos (4) e de intercepções (5).

Destaques do Moreirense

Nlavo Asué 6.5

O atacante entrou e agitou com o jogo do Moreirense, complicando muito a estratégia de trocas de bola do Benfica. Asué fez uma assistência, criou duas ocasiões flagrantes e ganhou três de quatro duelos aéreos ofensivos.

Frimpong 6.1

O lateral neerlandês criou uma ocasião flagrante, recuperou sete vezes a posse de bola e terminou com o máximo de alívios (6).

Pedro Tudela
Pedro Tudelahttps://goalpoint.pt/
Profissional freelancer com mais de duas décadas de carreira no jornalismo desportivo, colaborou, entre outros media nacionais, com A Bola e o UEFA.com.