Quem vai ganhar a Liga? Check-up a Sporting e Benfica, antes do dérbi

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Sporting e Benfica defrontam-se pela quarta vez na época 2023/24, naquele que pode ser um dérbi decisivo na corrida ao título. O Sporting lidera a Liga, ainda que por curta margem, mas entre comentadores e media em geral existe uma noção de que o futebol dos “leões” de Amorim é o mais bem conseguido da temporada. Será mesmo assim no teste dos números? E mesmo que o seja, terá o “leão” alguma debilidade grave e imprevista? E no caso do Benfica, o que terá impedido as “águias” de Schmidt de comandarem a prova com a mesma facilidade que mostraram há um ano? Puxamos dos dados, ponto a ponto, de forma rápida para não lhe gastar muito tempo.

Quem remata mais?

Se Amorim e Schmidt tivessem combinado não conseguiam tamanha sincronia. Sporting e Benfica chegam ao dérbi com exactamente o mesmo número médio de remates tentados por jogo, 17. E não surgem desacompanhados, pois o Braga junta-se no topo com o mesmo registo. No entanto, as semelhanças ficam um pouco por aqui entre “águias” e “leões”, a começar pelo aproveitamento: o Benfica concretizou 13% dos disparos que tentou, enquanto o Sporting chegou aos 17%, o melhor registo da Liga, isto apesar de rematarem em média à mesma distância, 16 metros.

Veredicto: Empate técnico

Quem é mais eficaz no plano ofensivo?

A taxa de concretização já referida serve de pista para esta questão. No entanto, o aproveitamento ofensivo do Sporting não é bom, é excepcional, ao ponto de poder ser visto como um case study europeu. O Sporting marcou 77 golos até ao dérbi em apenas 59 golos  esperados criados (xG), ou seja, os “leões” marcaram mais 18 tentos do que seria expectável, face à probabilidade de golo das situações de remate que criaram.

Este registo é não só um máximo destacado a nível nacional (o adversário mais próximo é o Estoril, com oito golos marcados acima do esperado), como um feito a nível europeu entre as sete principais Ligas, com a Roma como perseguidor mais próximo com “apenas” 13 golos acima do esperado. Já o Benfica apresenta um registo “neutro”, muito distante do “superavit” leonino. As “águias” até lideram nos Golos Esperados criados, com 62, mas chegam ao dérbi com um golo abaixo do expectável, um deficit que até já foi mais pronunciado, mas que coloca o Benfica no lote de oito equipas da Liga com “prejuízo” neste indicador, conjunto onde também se enquadra o FC Porto, com a mesma “dívida” que os “encarnados”, um golo a menos.

Veredicto: Sporting (e de longe)

Quem leva a bola à área adversária com mais frequência?

A quantidade de acções que cada equipa realiza já no interior da área adversária é outro indicador relevante, na hora de avaliar a “saúde” ofensiva dos rivais. O Benfica soma 35 acções por jogo e, curiosamente, já liderou este indicador, mas à medida que a Liga foi avançando, foi alcançado pelos “leões”, que somam agora 36 acções, apesar de tudo uma diferença sem expressão analítica e cuja importância reside apenas na evolução positiva dos “verde-e-brancos” ao longo da temporada. No entanto, nenhum dos “grandes” lisboetas lidera neste momento este indicador, com o FC Porto no topo com 37 acções por jogo, mas nem por isso mais acutilante ou eficaz do que os rivais.

Veredicto: empate técnico (com nota positiva para o Sporting pela evolução)

Quem permite menos perigo junto da sua baliza?

O Sporting agiganta-se novamente na hora de descobrirmos que clubes permitem menos remates à sua baliza e fá-lo desde o início da época, deixando a impressão de que Rúben Amorim terá aprendido lições nas épocas recentes e decidido retomar uma prioridade que tão bons frutos lhe trouxe, em 2020/21. Já nessa altura o Sporting se destacou por permitir menos disparos à sua baliza e assim sucede em 2023/24, com os “leões” a concederem apenas oito disparos por jogo, o melhor registo da Liga. Já o Benfica encaixa 11 remates por jogo, ficando-se pelo quarto melhor desempenho, atrás de FC Porto (9) e Vitória SC (10).

O Benfica soma a este indicador outro ainda mais preocupante e atípico num candidato ao título: os “encarnados” são a equipa que permite mais dribles por jogo, quase 10. E qual é a equipa que permite menos? O Sporting, com sete dribles sofridos por partida. A diferença parece curta, mas por vezes uma acção eficaz é tudo o que é preciso para ganhar ou perder três pontos, o que dá outro peso a estas variações.

Veredicto: Sporting (com folga)

E qual evita a bola no fundo das suas redes com mais eficácia?

O Sporting vai entrar em campo com precisamente um golo sofrido em média por jornada. Se juntarmos este indicador à já referida eficácia leonina em evitar disparos à sua baliza, facilmente percebemos que o Sporting viveu/vive um problema defensivo atípico, preocupante e bem circunscrito, pois reside exactamente… entre os postes. Os “leões” sofreram mais cinco golos do que os Golos Esperados que permitiram. Pior na Liga só encontramos da parte de Vizela, Portimonense, Boavista e Chaves, e olhando a posição na tabela da maioria desses emblemas, percebemos o quão paradoxal é o desempenho leonino, sobretudo para um líder do campeonato. 

Já o Benfica apresenta o cenário precisamente oposto ao Sporting neste capítulo. Apesar de já ter tido as suas falhas, o reforço Trubin veio oferecer ao Benfica alguma capacidade de minimizar o impacto dos seus desequilíbrios defensivos, com os “encarnados” a entrarem em Alvalade com menos seis golos sofridos do que os Expected Goals que permitiram

Veredicto: Benfica (e sem discussão)

Quem vai ganhar (o dérbi, o título, tanto faz) e porquê?

Caso o Sporting vença o campeonato, isso irá dever-se essencialmente à combinação de um aproveitamento ofensivo extraordinário e de uma disciplina defensiva que reduz com competência a capacidade do adversário alvejar a sua baliza. No entanto, se Amorim perder o título, deverá pensar no porquê de não ter priorizado o reforço das suas opções na baliza, tendo em conta que os sinais (quantificáveis) de preocupação não surgiram apenas nesta temporada.

Já no caso do Benfica, caso consiga suplantar o “leão”, será inegável o acerto na contratação de Trubin, bem como a qualidade individual de algumas figuras “operárias” (Aursnes, Neves) extremamente competentes e regulares na hora de contrariar e disfarçar os desequilíbrios (ofensivos e defensivos) da “águia”, potenciados por indefinições que duraram quase toda a temporada, desde a escolha dos homens de área à composição do meio-campo, não esquecendo os corredores laterais defensivos.

Terminamos com o Statscard GoalPoint que resume muito do que aqui partilhamos consigo. Venha o dérbi!

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