Portugal está nos quartos-de-final da Liga das Nações como vencedor do Grupo 1, graças a uma goleada por 5-1 sobre a Polónia e à derrota da Croácia na Escócia. Talvez não as gerações mais jovens, mas as mais antigas lembrar-se-ão certamente da música do Vitinha na televisão, que servia para assinalar a hora de ir dormir. Após uma primeira parte de autêntico sono, Vitinha, o do PSG, entrou ao intervalo para “dar música” da boa e, neste caso, acordar o futebol português e os golos caíram em cascata. Rafael Leão abriu as contas, Cristiano Ronaldo ampliou de penálti, Bruno Fernandes marcou um golão de fora da área, Pedro Neto “fuzilou” para o 4-0 e Ronaldo bisou num pontapé de bicicleta.
Da noite para o dia
Quase adormecemos na primeira parte. Portugal quis ter bola, mas os polacos quebraram o ritmo sempre que podiam, fecharam-se na defesa e construíam alguns contra-ataques perigosos, terminando a primeira metade com o mesmo número de remates e com os únicos três disparos enquadrados do encontro. A turma lusa não tinha ideias, velocidade, intensidade.
Na segunda parte, tudo mudou. Vitinha entrou para o lugar de João Neves, deu mais intensidade à equipa e revolucionou por completo o jogo, com Portugal a criar muitos lances de perigo. Leão abriu o activo, Pedro Neto também marcou, mas o destaque vai mesmo para o golão de Bruno Fernandes do “meio da rua” e para a “bicicleta” de Ronaldo. O máximo que os polacos conseguiram foi reduzir.
[ mapa de passes ]
O Jogo em 5 Factos
1. Muitos foras-de-jogo
Este foi um dos factos que explicam as dificuldades lusas, em especial na primeira parte, com os polacos a conseguirem anular grande parte dos ataques lusos colocando os portugueses em fora-de-jogo. A turma das “quinas” contabilizou cinco “offsides”, segundo valor mais alto em jogos desta Nations League e máximo da equipa (nunca tinha registado mais de dois).
2. Muitas ocasiões de qualidade
Portugal terminou a primeira metade com zero remates enquadrados, apesar dos 0,8 Golos Esperados (xG), mas o segundo tempo luso foi diabólico, permitindo seis disparos com boa direcção e seis ocasiões flagrantes criadas (cinco no segundo tempo), igualando o número que havia alcançado com a… Polónia, no jogo fora. E ficou o seu máximo de xG na competição (3,2).
3. Ronaldo também acordou na segunda parte
O capitão luso beneficiou de 2,1 xG na partida, terceiro valor mais alto de um jogador na prova, e fez exactamente dois tentos, um deles de bicicleta, terminando em linha com a estatística.
4. Recorde no rating colectivo
Se fosse só pela primeira parte, não estaríamos a realçar este número, mas o segundo tempo foi de grande nível, ao ponto de Portugal ter alcançado o seu GoalPoint Ratings colectivo mais alto da prova (6.87), batendo o anterior de 6.31.
5. Noite não de João Neves
O médio do PSG geralmente nem sabe jogar mal, mas esta partida não foi a ideal para Neves, muito apagado no primeiro tempo e sem capacidade para dar ritmo à equipa. João acabou com quatro desarmes sofridos, máximo da partida e em apenas 45 minutos.
MVP GoalPoint: Pedro Neto
O extremo do Chelsea sempre mostrou sem um dos mais inconformados, mesmo tendo feito um jogo discreto na primeira metade, aliás como toda a equipa. Contudo, Portugal mudou por completo no segundo tempo com a entrada de Vitinha e Pedro Neto foi um dos beneficiados. O atacante marcou um grande golo, enquadrou dois de três remates, criou uma ocasião flagrante em três passes para finalização, falhou somente dois de 56 passes e ainda registou três conduções progressivas.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques do Portugal
Bruno Fernandes 8.3
Mais um recital do “patrão” Bruno, tal como todos os outros, apenas a partir da segunda parte. Que grande golo fez o médio, numa “bomba” de fora da área. A isso juntou três passes para finalização, sete passes longos certos em dez, recebeu oito passes progressivos (máximo), somou 83 acções com bola (segundo valor mais alto) e registou três bloqueios de passe. Pena a flagrante desperdiçada.
Rafael Leão 8.0
Quando engrena, Rafael Leão é imparável. O atacante do Milan abriu o activo de cabeça, fez um passe de ruptura e criou uma ocasião flagrante, somou o máximo e acções coim bola na área contrária (7) e registou também os valores mais elevados de conduções progressivas (7) e super progressivas (2).
Vitinha 7.6
Ora aí está o dono do “despertador”. Vitinha não adormeceu ninguém, pelo contrário, dando à selecção intensidade e velocidade no seu jogo a partir do intervalo. O médio terminou com duas assistências em quatro passes para finalização (máximo), errou apenas um de 71 passes, completou duas de três tentativas de drible e ainda registou cinco recuperações de posse e três intercepções.
Cristiano Ronaldo 7.2
Um golo de penálti e outro num acrobático “pontapé de bicicleta”. O capitão nunca parou, procurou sempre o golo e bisou, chegando aos 135 tentos pela Selecção Nacional. Além de uma assistência, enquadrou dois de cinco remates, fez dois passes para finalização, somou seis acções com bola na área contrária e sofreu três faltas, duas em zona de perigo. Pena as duas flagrantes falhadas.
Nuno Mendes 6.7
A ligação em campo com Rafael Leão é conhecida e voltou a aconteceu. Nuno Mendes fez a assistência para o tento do atacante, somou dois passes para finalização, falhou apenas três de 62 passes e realizou um corte decisivo.
Diogo Costa 6.8
O resultado pode indicar uma noite descansada para Diogo Costa, mas não foi assim e o guardião era mesmo o melhor em campo ao intervalo, devido às investidas polacas que aconteciam regularmente. Diogo terminou com cinco defesas.
António Silva 6.7
Suplente no Benfica, mas titular nesta partida da Selecção. António Silva esteve muito bem, com 71 passes certos em 73 (máximos), 84 acções com bola (valor mais alto) e ainda registou um corte decisivo.
Destaques do Polónia
Kamil Piątkowski 6.5
O central foi o melhor dos polacos, tendo terminado com dez acções defensivas, com destaque para seis desarmes, máximo do desafio.