Portugal terminou a fase de grupos da Liga das Nações com um empate em casa da Croácia. O facto de os lusos terem jogado com muitas alterações e habituais segundas linhas em casa de uma selecção da qualidade dos croatas, até poderia indicar um resultado positivo, mas a sensação que fica é outra. A turma das “quinas” fez uma grande primeira metade, marcou, poderia ter feito mais, mas praticamente desapareceu na etapa complementar, sofreu a igualdade e terminou com “o credo na boca”.
Soube a pouco
Roberto Martínez mexeu muito na equipa, trocou quase todas as peças relativamente ao jogo com a Polónia, mas nem isso tirou superioridade a Portugal. A formação lusa, numa espécie de 3-5-2 muito flexível, dominou os acontecimentos, criou as melhores ocasiões e marcou num grande golo de João Félix, que recebeu, com um domínio de bola fantástico, um passe fabuloso de Vitinha, o atacante progrediu e atirou a contar. O melhor que os croatas fizeram foi acertar no porte por Andrej Kramarić, mas a haver mais golos, só poderiam ter sido das “quinas”.
Ao contrário do jogo com a Polónia, Portugal caiu de rendimento no segundo tempo, deixando-se empurrar para o seu terço defensivo e, ao mesmo tempo, deixando muitos croatas fugir nas costas da defesa, pelo que não espantou o empate de Gvardiol. O jogo partiu um pouco, os lusos voltaram a criar perigo, mas os homens dos Balcãs também, valendo algumas grandes intervenções de José Sá… e a sorte de três bolas irem aos ferros.
[ O jogo acabou equilibrado nos posicionamentos médios, mas Portugal esteve mais subido no primeiro tempo ]
O Jogo em 5 Factos
1. Decadência no passe
As diferenças entre a primeira e a segunda parte foram óbvias e isso notou-se também no passe. Portugal terminou o primeiro tempo com 92% de eficácia de passe, mas esse momento do jogo piorou muito após o descanso e os lusos acabaram com 89% de acerto e com novo máximo de passes falhados da equipa nesta fase de grupos, 63, quando a média era de 48,4 por jogo.
2. Pouca correria com bola
Até este jogo, Portugal apresentava uma média de 1160 metros acumulados em progressão com bola. Mesta partida, muito por culpa do figurino que apresentava muitos médios e bem juntos, essas conduções com bola ficaram-se por parcos 719 metros. O mínimo luso anterior era de 923.
3. Muita segurança em posse
Não é muito habitual ver uma equipa terminar com um acumulado de apenas… dois desarmes sofridos, mas foi isso que registou Portugal. Aliás, a média destes lances na formação das “quinas” era de sete por partida e, como comparativo, os croatas terminaram com 14.
4. Boa pontaria
O novo recorde croata de remates enquadrados (9) ajudou a que este fosse um dos jogos com mais disparos com boa direcção nesta fase de grupos, apesar de Portugal se ter ficado pelos cinco. Ao todo foram, portanto, 14 enquadrados e só quatro outras partidas na prova tiveram mais.
5. Recorde de passes “a rasgar”
Portugal, como equipa que costuma dominar e encostar as equipas, recorre geralmente pouco aos passes de ruptura, mas nesta partida registou três certos, igualando o seu máximo na prova. A média era de 1,2.
MVP GoalPoint: João Félix
Se jogasse sempre assim, as escolhas de Roberto Martínez seriam mais difíceis. Félix, solto e em terrenos que gosta, esteve em grande nível, combinou muito bem com o seu parceiro de ataque, Rafael Leão, e marcou um golo de classe, não tanto pelo remate, isolado, mas pela “souplesse” de um controlo de bola perfeito. João foi (por pouco, é verdade) o melhor em campo, com três remates enquadrados em quatro, uma ocasião flagrante criada em três passes para finalização, um passe de ruptura, 11 passes progressivos recebidos (máximo do jogo), oito duelos ganhos em 13, dois dribles eficazes em quatro e trabalho defensivo, com três desarmes e duas intercepções.
Outros Ratings 🔺🔻
Destaques da Croácia
Josip Šutalo 6.6
O central foi o melhor dos croatas, tendo tido muito trabalho, em especial na primeira parte. Šutalo criou uma ocasião flagrante, errou apenas dois de 44 passes e registou máximos de desarmes (4) e intercepções (2).
Luka Modrić 6.5
O “jovem” médio parece estar na flor da idade futebolística e foi um dos melhores do seu país. Além de três passes para finalização, recuperou 11 vezes a posse de bola, máximo do encontro.
Destaques do Portugal
José Sá 8.3
Após uma primeira parte tão dominadora de Portugal, ninguém esperaria que José Sá acabasse por ser determinante na segunda metade. O guardião fez seis defesas, duas a travar ocasiões flagrantes e evitou 1,3 golos (defesas – xSaves).
Vitinha 6.3
Mais uma exibição determinante do médio, o cérebro e o motor de todo o futebol luso. Vitinha fez uma assistência incrível para o golo de Félix, registou um dos máximos de passes para finalização (3), assinou um passe de ruptura, errou somente três de 81 passes e acumulou o valor mais elevado de acções com bola (99).
Tomás Araújo 6.0
O central estreou-se pela selecção e estava a fazer um jogo sólido até ser substituído aos 63 minutos por lesão. Destaque para cinco passes longos certos em seis realizados, seis passes progressivos, sete recuperações de posse e dois bloqueios de remate.
João Neves 5.8
O médio não deslumbrou, mas esteve um pouco melhor do que no jogo contra a Polónia, terminando com 94% de eficácia de passe e um dos máximos de desarmes (4).
Otávio 5.8
Tentou imprimir dinâmica ao jogo, mas nem sempre foi feliz. O destaque vai para um passe de ruptura e três desarmes. Pecou com três dribles consentidos.
Rafael Leão 5.2
A nota modesta vai, sobretudo, pelo pouco acerto na finalização, tendo desperdiçado uma ocasião flagrante. Foi, contudo, o jogador com mais acções com bola na área contrária (9).
João Cancelo 5.1
Algo perdido tacticamente, a fazer de ala-esquerdo, Cancelo nunca se encontrou verdadeiramente. Foi o jogador que mais tentou o drible (7), mas som completou três.