Este domingo é especial. A 11ª jornada da Primeira Liga traz-nos dois “clássicos” do futebol luso, um Braga-Sporting, na Pedreira, e um escaldante Benfica-Porto no Estádio da Luz. O embate entre “águias” e “dragões” vai ajudar a definir o principal perseguidor imediato ao líder isolado Sporting e ambas as equipas, que ainda não convenceram todos os críticos, têm características únicas que poderão ajudar a explicar a temporada que realizaram até ao momento e prever o que pode acontecer na partida.
1. Porto mais perigoso no remate
O Benfica é, das duas equipas, a que tem mais presença nas grandes áreas adversárias. São em média 38,3 acções por jogo, contra 29,1 por parte dos portistas, uma diferença que acaba por ser relevante tendo em conta que se trata de duas formações com forte pendor ofensivo. Acontece que o “dragão” é mais perigoso na aproximação à baliza. Não só tem melhor ataque (27-24), como os seus disparos são mais perigosos, com o Benfica a uma probabilidade de golo de 12% por remate e o Porto 16%.
[ Os remates de Benfica e Porto até à J10 – a amarelo os golos, quanto maiores os pontos, maiores o xG ]
Curioso notar que os lances de maior perigo e golo do Benfica acontecem na pequena área (mapas acima), o que aponta para uma maior preocupação das “águias” em arriscar menos no momento da finalização, o que pode explicar esta maior perigosidade dos “azuis-e-brancos”. Estes têm mais golos e maiores Golos Esperados (xG) na zona da marca de penálti.
2. Expected Goals “contraditórios”
Os dados expostos acima são um retrato do perfil ofensivo dos dois conjuntos, mas a verdade é que, no deve e no haver, o Benfica acaba por ter mais golos marcados do que era expectável, ganhando aqui margem sobre os portistas e contradizendo um pouco aquela informação. Os “encarnados” construíram 18,2 xG e fizeram 24 golos, ou seja, marcaram mais seis do que o esperado, enquanto os da Invicta fizeram 27 tentos em 24,8 xG, ou seja, mais dois golos. Uma coisa é o perigo maior dos remates, outra o que entra mesmo na baliza.
3. Equipa mais “pressionante” da Europa
Um dos dados mais relevantes que podemos constatar neste comparativo é a filosofia das duas equipas no que toca à pressão. O Benfica é a formação das Ligas Top 5 europeias, mais Primeira Liga, que mais acções defensivas no meio-campo adversário realiza por jogo, nada menos que 20,7 (é a única com mais de 20 por partida). O Porto está bem atrás neste detalhe, com 12,9, apenas a terceira formação do nosso campeonato, uma diferença significativa. Uma estatística que pode apontar para uma tendência neste jogo.
[ As acções defensivas no meio-campo adversário dos dois rivais até à jornada 10 ]
4. Solidez, mas não muita
O Benfica permite menos remates na sua grande área (6,9), a segunda melhor equipa da Liga neste capítulo (e terceira a nível europeu), e é a que menos disparos permite na pequena área (3,1, também a melhor nas principais Ligas europeias). Tal aponta para uma grande solidez defensiva, contudo, e apesar de apenas permitir 5,2 xG contra, tem mais um golo sofrido do que o expectável. No Porto o cenário inverte-se, com os “dragões” a registarem menos três tentos sofridos do que os xG permitidos (7,3). Solidez portista? Neste detalhe sim, mas ao invés dos lisboetas, o Porto permite 8,4 disparos na sua área por encontro, terceiro valor mais baixo do campeonato, dos quais 5,9 na sua pequena área. Há aqui dados contraditórios que não nos permitem apontar com toda a certeza qual a formação mais sólida.
5. Os goleadores máximos das equipas
No Benfica e no Porto, os seus melhores marcadores na Liga são os dois habituais extremos-esquerdos, embora o turco da Luz actue muitas vezes nas costas do ponta-de-lança. Kerem Aktürkoğlu chegou, viu e tem feito estragos, contando já com oito acções para golo em apenas seis jogos e 346 minutos em campo, entre tentos (5) e assistências (3).
O benfiquista pode gabar-se de ter menos tempo de jogo que Wenderson Galeno, que também soma oito acções para golo, sendo que em todos os casos foram tentos, e que não marca as grandes penalidades na “águia”, mas a verdade é que o brasileiro também jogou muitas vezes a lateral-esquerdo. Ambos são, por isso, nomes que podem decidiu o encontro se tiverem nos seus melhores dias, pois são velozes, têm drible, remate e capacidade para encontrar espaços, integrando-se muito bem nas grandes áreas adversárias. Os olhos estarão postos nestes dois elementos, mesmo que, ao seu lado, jogadores com Ángel Di María e Samu possam também decidir de um momento para o outro.
Em jeito de conclusão
Prognósticos só no fim do jogo, costuma dizer-se. As duas equipas vêm de derrotas nas provas europeias e querem rapidamente deixar outra imagem aos seus adeptos, em especial o Benfica, após um desempenho sofrível em Munique.