Arsenal 🆚 Porto | Raya e “maldição” inglesa tramam dragões

-

AINDA não foi desta que o FC Porto acabou com a maldição sempre que defronta clubes ingleses. Rezam os números que em 23 deslocações a solo inglês, os “azuis-e-brancos” contabilizam 20 derrotas e apenas três empates. Na noite desta terça-feira, os portistas foram eliminados pelo Arsenal, num duelo em que voltaram a exibir-se de forma personalizada, organizada e corajosa. A equipa não abalou quando Trossard empatou a eliminatória, deixou os líderes da Premier League quase sempre desconfortáveis e com os nervos em franja. A resistência dos comandos de Sérgio Conceição perdurou até aos castigos máximos, altura em que Wendell e Galeno viram Raya agigantar-se e “roubar” o sonho dos quartos-de-final ao conjunto lusitano. O Arsenal não chegava aos quartos-de-final há 14 anos.

GoalPoint-2024-03-12-Arsenal-Porto-Champions-League-202324-Ratings

Suor, organização, coragem e… castigo máximo!

Durante 40 minutos, o FC Porto deu sequência ao que tinha feito no duelo no Dragão, anulou os principais pontos fortes do Arsenal – as combinações entre Ben White e Saka, as incursões de Rice ou os lances de bola parada “made in” laboratório de Arteta -, depois disso, os da Invicta começaram a soltar-se para o ataque, ao minuto 22, Evanilson viu Raya roubar-lhe a glória, pouco depois, o guardião espanhol voltou a estar atento e cortou um centro perigoso de Galeno.

Sem ideias e amarrado às teias lançadas por Sérgio Conceição, o emblema londrino colou-se ao génio de Martin Ødegaard. O médio norueguês descobriu uma linha de passe que desmontou a defensiva contrária e assistiu Trossard para o golo que empatava a eliminatória.

O internacional belga era a peça com maior relevo nesta fase com um GoalPoint Rating de 7.4. Além do golo, orquestrou três passes para remate, contabilizou 21 acções com a bola, dois duelos conquistados, cinco perdidos e três acções defensivas. Nos “azuis-e-brancos”, João Mário era quem tinha a melhor nota, um GoalPoint Rating de 5.5.

A formação portuguesa serenou os ânimos nos balneários e regressou para a segunda etapa com personalidade, subiu o bloco e foi rondado o alvo sem, no entanto, criar lances perigosos.

Paulatinamente, os anfitriões começaram a ter mais a bola e dominaram a fase seguinte, Ødegaard ainda festejou aos 67 minutos, mas o lance foi anulado por falta de Havertz sobre Pepe. Três minutos volvidos, Francisco Conceição conduziu um contra-ataque e obrigou Raya a intervenção apertada. Na recta final, os “gunners” fizeram de tudo para carimbarem o acesso aos quartos-de-final, mas Diogo Costa foi enorme aos 83 e 84 minutos.

Com tudo empatado, a eliminatória ganhou um período extra. Trossard continuava a ser o melhor em campo com um GoalPoint Rating de 7.6. Na turma portista, Wendell exibia-se com um remate, 11 duelos ganhos, sete recuperações de posse e 15 acções defensivas – máximo da noite – e um rating de 6.5.  

A primeira parte do prolongamento passou num ápice. Taremi tirou as medidas à baliza, mas o remate saiu ao lado e a partida voltou a aquecer após um empurrão de Havertz a Sérgio Conceição.

Não obstante o cansaço, o FC Porto demonstrou coesão, organização, coragem e sangue-frio, frieza atestada na forma como Otávio cortou um remate de Saka na área. A eliminatória continuou empatada e tudo ficou por resolver na marca dos 11 metros. Na conversão das grandes penalidades, Ødegaard abriu o “score”, Pepê não tremeu, Havertz bateu a oposição de Diogo Costa, Wendell rematou com força, mas Raya adivinhou o lado defendeu e ainda contou com a ajuda dos ferros. Saka colocou os ingleses na dianteira, Grujić deu vida aos “dragões”, Rice acertou com o alvo e Raya voltou a superiorizar-se, desta feita ao deter a tentativa de Galeno.

O Arsenal festejou a passagem aos “quartos”, ao passo que o FC Porto caiu de pé na capital inglesa. Nesta fase da prova milionária, os portistas nunca venceram um duelo fora de portas, somando dez derrotas e quatro empates.

[ O Porto esperou pelo Arsenal e lançou velozes contra-ataques ]

GoalPoint-2024-03-12-Arsenal-Porto-Champions-League-202324-pass-network

MVP GoalPoint: Leandro Trossard 👑

Durante os mais de 150 minutos que durou esta eliminatória, o belga foi o único elemento a encontrar o antídoto para ultrapassar a muralha portuguesa. O dianteiro destacou-se com um remate, quatro passes para remate, cinco cruzamentos (três eficazes), 33 acções com a bola, três das quais na área contrária, venceu três duelos, perdeu sete, sofreu duas faltas e atingiu as 11 perdas de bola. Por tudo isto, foi o MVP com um GoalPoint Rating de 7.6

Outros Ratings 🔺🔻

Destaques do Arsenal

David Raya 7.6

O espanhol foi o herói da noite para os londrinos com duas grandes penalidades defensivas no desempate. Terminou o jogo com três defesas e 24 passes certos em 30 tentados (eficácia de 80%). 

Saka 7.0

Vai ter pesadelos com a sombra de Wendell. Apesar da feroz marcação do brasileiro, o extremo inglês teve o mérito de nunca ter desistido e concluiu o jogo com quatro remates, uma ocasião flagrante criada, 14 passes progressivos recebidos (máximo da noite), 11 acções com a bola na área (mais um recorde), venceu 11 duelos, perdeu dez, acumulou cinco conduções progressivas, dois dribles eficazes em cinco feitos, 29 perdas de bola, seis desarmes sofridos e quatro faltas sofridas.

Ben White 6.8

Bom jogo do defesa polivalente, autor de um remate, quatro passes progressivos, 108 acções com a bola, cinco recuperações de posse, 15 perdas e dez acções defensivas.

Destaques do Porto

Wendell 6.7

Atravessa um excelente momento de forma, tendo apenas pecado nesta eliminatória no castigo máximo que falhou. Foi o “polícia” de Saka e saiu de cena com um remate, 14 duelos ganhos, oito perdidos, sete recuperações de posse, 17 perdas de bola e espectaculares 19 acções defensivas. 

Alan Varela 5.9

Traído por uma lesão muscular na fase final da segunda parte. O argentino voltou a ser o esteio portista com seis recuperações de posse, quatro perdas, oito acções defensivas e apenas três passes falhados em 29 feitos.

Francisco Conceição 5.9

Nunca se escondeu e foi uma importante válvula de escape, a defender, foi uma boa “muleta” para a linha defensiva. O camisola “10” registou três remates, 100% de eficácia em 11 passes realizados, 26 acções com a bola, cinco das quais na área contrária, três duelos ganhos, sete perdidos, quatro conduções progressivas, três super progressivas, três recuperações de bola e duas perdas.

João Mário 5.8

Responsável por um passe para remate, oito duelos conquistados, três perdidos, três conduções progressivas, cinco recuperações de bola, oito perdas e três desarmes sofridos.

Pepe 5.7

No dia em que se tornou no jogador mais velho, com 41 anos e 26 dias, a marcar presença num jogo dos oitavos-de-final da Champions, esteve num bom plano com seis acções defensivas, uma falta sofrida, sete recuperações de posse, dez perdas e dez passes falhados em 46 realizados – eficácia de 78%.

Galeno 5.6

Um dia após ter sido chamado por Dorival Júnior para os próximos compromissos da selecção brasileira, o “senhor Champions” protagonizou um remate, quatro cruzamentos – apenas um eficaz -, 49 acções com a bola, oito duelos conquistados, nove perdidos, três recuperações de bola e 21 perdas da posse.

Diogo Costa 5.6

Esteve em foco no período de maior ascendente do Arsenal, terminou o encontro com três defesas e 12 passes falhados em 53 realizados (eficácia de 77%). Não conseguiu defender nenhuma das quatro penalidades cobradas pelos jogadores dos “gunners”.

Evanilson 5.2

Muito rematador, com quatro tentativas, pecou no momento da finalização. Venceu sete duelos, perdeu seis, totalizando 34 acções com o esférico.

Otávio Ataide 4.3

Acusou algum nervosismo, mas foi ganhando confiança com a passagem dos minutos. No capítulo do passe, em 58 tentativas, desperdiçou 23 (eficácia de 60%), sendo que oito foram de risco, num total de 29 perdas da posse. Recuperou a bola por seis vezes, sofreu três desarmes e acumulou sete acções defensivas.

Leonel Gomes
Leonel Gomes
Amante das letras, já escreveu nos jornais A Bola, Público e o O Jogo, dedicando-se também ao Social Media Management desde 2014. Tornou-se GoalPointer na "janela de mercado" do verão de 2019.